Ouro em Paris, Bia Souza destaca apoio recebido e revela tranquilidade em decisões: "Parque de diversões"
A primeira medalha de ouro do Brasil nas Olimpíadas de Paris 2024 foi conquistada em um dos esportes mais tradicionais do país nos Jogos. A judoca Beatriz Souza subiu ao ponto mais alto do pódio no último dia 2 de agosto na categoria +78kg e emocionou toda uma nação.
A atleta do Esporte Clube Pinheiros comemorou muito a medalha de ouro, que veio em sua primeira edição de Jogos Olímpicos. A saudade, porém, bateu forte e ela já retornou ao território brasileiro, sendo recebida por torcedores e familiares com muita festa e carinho.
Em coletiva promovida pelo Pinheiros para celebrar as conquistas de seus atletas, Beatriz Souza afirmou que a ficha de ser campeã olímpica ainda não caiu e também comentou que não está acostumada com tamanho reconhecimento, mesmo sabendo de todo seu trabalho.
"Eu particularmente não tinha dimensão do que tinha conquistado ainda, a ficha está caindo aos poucos, mas eu acho incrível essa empatia, esse amor que todos os brasileiros estão transmitindo. É incrível ver o nome do judô em alta por aí, é incrível ser reconhecida realmente por todo o nosso trabalho. Ali no tatame, a gente trabalha diariamente, vivemos todos os sacrifícios para trazer a medalha e é incrível receber todo esse amor e carinho. Agradeço também a torcida de todos, todo mundo que vibrou, chorou, se emocionou ali, torceu. Muito obrigada, é incrível poder passar toda essa emoção ali no dia para todo mundo sentir também", disse.
Bia ainda ganhou mais uma medalha antes de se despedir das Olimpíadas de Paris. A judoca foi fundamental na conquista do bronze por equipes, quando o time brasileiro superou a Itália por 4 a 3 e compôs o pódio ao lado de França (1º) e Japão (2º).
A atleta do Pinheiros exaltou bastante o profissionalismo de todos os envolvidos na grande campanha do judô brasileiro em Paris e deixou claro que a medalha de ouro foi uma conquista não só dela, mas de toda a equipe.
"O judô é o esporte individual mais coletivo que tem. A gente precisa de toda a ajuda. Por muito privilégio e sorte, acho que podemos dizer que temos a melhor equipe multidisciplinar do mundo. Ninguém se dedicaria tanto quanto a galera que nos ajudou. Todo mundo foi muito firme durante todos esses meses e anos nos ajudando. Por mais que seja um sonho individual, ele acaba se tornando coletivo, todos suando muito no treino, sempre procurando ajudar. Essa medalha não é só minha, é nossa. É uma conquista não só pessoal, mas geral. Pude não realizar só um sonho pessoal, mas o sonho de cada um que está ali comigo quando eu subi naquele pódio. Sorri com vocês, chorei com vocês, então nada mais justo que estar com vocês durante a glória também. É uma sentimento de gratidão por todas as pessoas que passaram pela minha vida", apontou.
O caminho 'de ouro' de Bia Souza
Bia Souza estreou nos Jocontra a argentina Izayana Marenco, superando a adversária sul-americana com um ippon em menos de um minuto de combate. Nas quartas de final, ela enfrentou a sul-coreana Hayun Kim - luta decidida apenas no golden score após revisão da arbitragem, que deu decisão à favor da brasileira após um waza-ari de contra-ataque.
Na semifinal, a judoca entrou no tatame para encarar a número 1 do mundo, a francesa Romane Dicko. A atleta do Pinheiros foi melhor que a adversária ao longo da luta e aplicou um ippon na disputa do golden score, avançando assim à decisão.
"Para mim, ali, eu sempre encarava todas as lutas como principais, mas acho que tem a luta da coreana, né? Na minha cabeça, eu tinha certeza que o ponto era meu, eu só queria que os árbitros também tivessem essa certeza junto comigo (risos). Sem dúvida nenhuma, eles viram ali no VAR, viram que realmente estava certo na minha cabeça, e brilhei aí naquela luta. E a luta mais esperada do dia, acho que todo mundo acompanhou a luta contra a francesa, atleta da casa. Muito feliz ter feito exatamente tudo o que a gente trabalhou no treino. Quando a luta acabou, na minha cabeça eu falei: 'Caraca, deu certo todo aquele trabalho, eu consegui fazer'. Eu fiquei muito feliz de realmente ter acertado em todos os detalhes que foram feitos", disse a judoca.
Na grande final, faltando 2min43s para o encerramento da luta, Bia Souza saiu na frente ao aplicar um waza-ari sobre a isralense Raz Hershko. No decorrer do combate, as atletas ainda levaram duas punições, mas a brasileira foi inteligente e segurou o resultado para levar o primeiro ouro nacional em Paris.
Em meio à decisões, sempre aparece aquele friozinho na barriga. A judoca, porém, afirmou não ter problema com isso. Bia contou que geralmente se sente tranquila antes de lutas decisivas, revelou assistir séries entre os combates e destacou a necessidade dos cuidados com a saúde mental.
"Eu me sinto sempre uma pessoa muito tranquila para competir, sempre imagino que a competição é meu parque de diversões. Eu deixo para sofrer nos treinos mesmo. Acho que lutamos todos os dias e fazemos sacrifícios diariamente, então quando chega na competição eu não posso deixar aquilo se tornar um peso. Então eu falo que é meu parque de diversões e tenho que deixar aquilo o mais leve possível. Eu faço sim uma preparação mental, acho essencial. Não só para quem é atleta de alto rendimento, mas é uma questão de saúde para todos. Acho que a gente precisa admitir que a gente precisa ajuda, ninguém é super herói, ninguém precisa lidar com tudo sozinho. Na minha questão, eu aprendi a ser um ser humano melhor, uma atleta melhor, uma filha melhor, uma esposa melhor", comentou.
A atleta ainda concluiu: "Faço um trabalho semanal, sempre falo com meu coach em relação a tudo. Eu procuro sempre pensar mesmo em ser feliz, em curtir o dia de competição, e isso me deixa mais tranquila, tanto que eu assisto série entre as lutas. Fico muito relaxada ali, fico focada. Faço todo o trabalho de tática antes de entrar para lutar, então acho que consigo fazer essa transição muito bem. Tenho isso muito bem equilibrado".
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