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Como relação entre Leila e Landim esquenta rivalidade Palmeiras x Flamengo

Leila Pereira, presidente do Palmeiras, e Rodolfo Landim, presidente do Flamengo - Rafael Ribeiro e Leandro Lopes / CBF
Leila Pereira, presidente do Palmeiras, e Rodolfo Landim, presidente do Flamengo Imagem: Rafael Ribeiro e Leandro Lopes / CBF
do UOL

Do UOL, no Rio de Janeiro

20/04/2024 04h00

O bate e rebate de declarações públicas e em reuniões entre Leila Pereira, presidente do Palmeiras, e Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, dão o tom de uma rivalidade que cresce a cada ano. O motivo mais recente é o gramado sintético. Mas o cenário ajuda a entender a personalidade dos dirigentes dos dois principais clubes do Brasil atualmente.

"Não há embate algum, só dentro de campo", resumiu Landim, ao UOL, após ser indagado se há confronto pessoal entre os dois.

E, de fato, quem os vê nos encontros sociais e estratégicos que o futebol proporciona enxerga que a rivalidade talvez seja o tempero a mais na história recente dos dois clubes.

Semana passada, Leila e Landim conversaram normalmente e até sentaram próximos em um evento que celebrou a assinatura dos clubes da Libra com a Globo.

O acerto, inclusive, é fruto da construção dos dois e mostra o poder de liderança e persuasão quando Leila e Landim remam para o mesmo lado - o São Paulo foi outro clube que liderou o coro para que o bloco negociasse os direitos com a Globo.

O UOL ouviu algumas pessoas que participam dos mesmos ambientes dos dois dirigentes nos últimos anos para entender como se dá o convívio entre eles.

Sem desaforo para casa

Tanto Leila e Landim estão acostumados a liderar, por natureza e por ofício. São profissionais consolidados no mercado, que obtiveram sucesso fora do futebol e que migraram para o universo da bola com a mesma veia de comando.

Dinheiro para eles não é problema. Lideram o futebol brasileiro em receitas.

Landim é visto como um sujeito técnico. Raciocina como engenheiro e como diretor de multinacional. Quando se trata de Flamengo, já foi criticado pela própria Leila por discutir algumas questões com soberba.

Mas ela também tem personalidade forte. Entendeu que precisa se impor e não levar desaforo para casa. Sobretudo em um ambiente - corporativo e do futebol - em que mulheres são minorias e, por vezes, inferiorizadas. Leila tenta ser um contraponto quando alguém se propõe a ser dominante.

Soma-se a isso a busca por espaço que Palmeiras e Flamengo protagonizam nos últimos anos.

Pessoas próximas dizem que Leila e Landim se respeitam muito. Mas não se sentem reticentes em rebater o argumento do outro quando acham pertinente.

Na Libra, o tom ficou mais elevado há cerca de um ano. A discussão envolvia o mínimo garantido que o Flamengo queria manter nos contratos de TV. O rubro-negro também se posicionou contra uma alteração no estatuto do bloco para que houvesse mudanças sem unanimidade. Leila defendia que isso fosse definido por maioria. Aí, a frase mais quente ela mesma revelou em entrevista:

Por que tudo tem que ser do jeito que o Flamengo quer? Vocês não são os reis da cocada preta'. Todos os clubes ficam quietos. Precisa uma mulher bater na mesa. Disse para ele que se não estiver satisfeito, que saia.

Landim não levou para o coração. Tanto que diz atualmente que não há confronto pessoal entre eles.

Quando eles convergem...

Meses depois, veio o acordo para que a assinatura do contrato viesse. Sem a liga e com um bloco comercial formado, o Flamengo não teve o mínimo garantido. Mas bateu o pé até conseguir uma proposta cuja aprovação nos conselhos do clube fosse viável. Landim bateu muito nessa tecla durante as várias reuniões da Libra. No Palmeiras, Leila tem mais autonomia.

A firmeza dos dois dirigentes convergiu quando os clubes da Libra se viram diante de propostas para venda de percentual de 20% dos direitos futuros do bloco. Palmeiras e Flamengo bateram o pé diante da proposta do fundo Mubadala e não quiseram. Aí, o negócio nesse formato não andou.

Mas quando a trocação migra para assuntos dentro de campo, o clima fica mais tenso. É assim com discussões sobre arbitragem, por exemplo. O lado palmeirense acusou o Fla de ser o sistema no ano passado, mas quem acabou campeão foi o próprio Palmeiras.

Capítulo mais recente

A polêmica da vez envolve gramado. Landim falou num evento na Gávea que o Palmeiras intencionalmente levou o jogo deste domingo (21) para o Allianz com objetivo de usar o sintético como vantagem.

Na última sexta (19), Leila rebateu, dizendo que ganhou do Flamengo na Libertadores e na Supercopa no gramado natural. E de quebra, veio uma alfinetada na qualidade do campo do Maracanã.

O presidente rubro-negro preferiu não falar publicamente. Mas a conta no clube é que, desde que o mandato dele começou, houve 15 jogos contra o Palmeiras. O Fla venceu oito e empatou quatro.

Politicamente, Leila tem escalado degraus no âmbito nacional que Landim já frequentou. Em 2019, o presidente do Flamengo foi chefe de delegação durante a Copa América. Em março, foi a vez de Leila ocupar a função durante os amistosos da seleção em Londres e Madri. A participação dela, inclusive pelas declarações sobre Dani Alves, trouxe um chamariz a mais.

Landim será presidente do Flamengo até o fim do ano. Então, esta pode ser a última temporada da rivalidade entre os dois na função em que estão. O jogo deste domingo vai ajudar a contar como essa história terminará.

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