Diniz defende trabalho de técnicos no Brasil e critica demissão de Carpini
Fernando Diniz analisou a relação do futebol brasileiro com os treinadores estrangeiros e defendeu os técnicos do país, criticando a demissão de Thiago Carpini no São Paulo, concretizada nesta última semana.
O comandante tricolor foi questionado sobre o assunto após a vitória sobre o Vasco, na tarde de hoje, no Maracanã, pelo Brasileiro.
Diniz citou o papel da imprensa na formação de opinião sobre os técnicos. Ele, primeiramente, falou sobre análises resultadistas, que causam demissões após uma sequência de resultados negativos.
Acho que nesse sentido, vocês [jornalistas], que são formadores de opinião, participam muito. São os que mais batem nos treinadores. Vai vir um monte de treinador estrangeiro? Aqui a moda é a seguinte: vai vir aqui, não vai ganhar e vai ser mandado embora. Quantos treinadores estrangeiros o Botafogo já teve? E o Cruzeiro? É um processo. O cara vem, perde? Acho ridículo o que aconteceu com o Carpini, e o que acontece com os estrangeiros também. Não é que o brasileiro não serve, ninguém serve. Serve só se ganhar Diniz
O treinador do Fluminense citou Abel Ferreira, técnico do Palmeiras. Para ele, o português está no cargo há tanto tempo porque vem conquistando títulos.
"O Abel não está aí há tanto tempo porque é bom. Ele é bom mesmo, senão não ganharia o que está ganhando. Mas ele está aí porque ganhou. E teve momentos de pressão, poderia ter acontecido algo diferente. Quando eu falo que essa é uma análise de resultado. A moda é treinador estrangeiro. Mas vai ganhar um, três ou quatro vão para a Libertadores... Os outros estrangeiros vão ser ruins também e vão ser mandados embora. E vão procurar outros estrangeiros. Tem um monte de treinador brasileiro bom, mas tem menos tempo. A gente tem uma paciência maior para mandar estrangeiro embora", disse.
Diniz apontou alguns treinadores brasileiros que ficaram um tempo no mercado. Ele também lembrou as passagens de Bruno Lage e Jorge Jesus.
"O Roger Machado, em minha opinião, é um excelente treinador e ficou um tempão aí fora do mercado. Zé Ricardo, Barroca, Vagner Mancini? Todos são bons treinadores, mas a gente acha que é bom só quem ganha. O que veio para o Botafogo, Bruno Lage, é um excelente treinador. Se você for lá na Europa perguntar, ele tem mais currículo que que muitos aqui. Mas veio para o Botafogo, entrou em meio a uma confusão, campeonato é difícil. Vai impor ideias, perde, é mandado embora. Qual treinador é bom? Jorge Jesus é bom porque ganhou um monte de coisa aqui? Quando voltou para o Benfica, casa dele, teve resultados ruins, foi mandado embora. Agora, está bem na Arábia. O cara precisa ganhar para mostrar que é bom.
Não avaliamos conteúdo. Existe um automatismo de que quem ganha é bom e quem perde é ruim. Acho que o time jogou bem hoje, assim como contra o Bragantino. Mas o fato de ganhar, praticamente, anula a capacidade de enxergar e aprofundar a discussão sobre futebol. Esse é um dos piores males, uma doença no futebol brasileiro. E agora os treinadores brasileiros são assim Diniz
O comandante tricolor acredita que não exista uma relação justa. O treinador pediu cuidado nas análises feitas.
Se você pegar qualquer desses treinadores e colocar um time com orçamento de 30 milhões na mão, e der tempo para trabalhar, ele vai ter chance de ganhar. Quando vem um treinador estrangeiro, são bem-vindos. Uma comissão técnica, daqui a pouco vem gerente, assessor de imprensa, jornalista. Aí a gente vira país colônia, extrativista total. A gente tem que ter um pouco mais de cuidado, que, infelizmente, temos muito pouco. Não acredito que essa relação seja justa, em relação aos treinadores brasileiros"