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Por que Cavani vive calvário no PSG e tende a estar livre no mercado

Edinson Cavani no banco do Paris Saint-Germain em jogo contra o Brugges pela Liga dos Campeões - Thomas Samson/AFP
Edinson Cavani no banco do Paris Saint-Germain em jogo contra o Brugges pela Liga dos Campeões Imagem: Thomas Samson/AFP
do UOL

João Henrique Marques

Colaboração para o UOL, em Paris (França)

08/11/2019 12h45

Com o contrato próximo do fim no Paris Saint-Germain, Edinson Cavani vai sondar o mercado a partir de dezembro. O uruguaio tinha inicialmente como foco a permanência em Paris, mas a cúpula do PSG não demonstra a intenção de renovar o vínculo com o uruguaio. O centroavante ainda terá conversas para tentar permanecer, mas já sabe que hoje esse cenário não é tão fácil.

Muitos se questionam como o maior artilheiro da história do clube, muito querido pelos torcedores, passou a vivenciar situação de berlinda no local sempre foi idolatrado e tido como exemplo. O calvário de Cavani, se explica por sucessivas lesões, alto salário e críticas de vestiário, mas também pelo sucesso de Mauro Icardi, contratação para concorrer a vaga no ataque. As boas atuações do argentino, somadas ao caro "pacote Cavani" fizeram clube esfriar a relação com o uruguaio na tentativa de renovação.

Cavani tem contrato com o PSG até o fim de junho. Até o momento, ninguém no clube o procurou para discutir a renovação. Como pode assinar pré-contrato a partir de janeiro, o uruguaio já despertou o interesse do Napoli, o ex-clube. Segundo o Blog do Mauro Cesar, o Flamengo também monitora a situação e está disposto a conversar no início do próximo ano sobre uma transferência. Na França, também é especulada uma ida de Cavani ao futebol dos Estados Unidos. Interessados não vão faltar, mas primeiro é necessário esperar a conversa de dezembro entre Cavani e o PSG.

Na postura de Cavani há o silêncio e a expectativa de que o clube francês faça uma oferta contratual. Internamente, o uruguaio já demonstra comportamento irritadiço, como o fato de se negar a finalizar o aquecimento durante a vitória do PSG por 1 a 0 contra o Brugge, na quarta-feira, no Parque dos Príncipes, pela Liga dos Campeões. Veja os pontos que o levaram a entrar no mercado.

Lesões

Cavani chegou ao PSG em 2013 e passou as cinco primeiras temporadas como o "homem de ferro". Estava sempre em campo, e se incomodava até em ser poupado em jogo de baixa importância. No entanto, o cenário mudou recentemente com o uruguaio passando a conviver com lesões.

Na Copa do Mundo de 2018, Cavani foi o protagonista do Uruguai com os dois gols da vitória por 2 a 1 diante de Portugal, nas oitavas de final. Só que no jogo em questão, ele teve lesão na panturrilha esquerda e ficou de fora do torneio. Recuperado, concluiu o primeiro trecho da temporada 2018-2019 pelo PSG, mas uma série de lesões musculares o impediram de jogar em momentos decisivos do clube - ficou de fora do duelo de ida das oitavas de final da Liga dos Campeões, contra o Manchester United, e atuou em apenas 10 minutos no jogo da volta.

Na temporada atual, Cavani teve diagnosticada uma nova lesão no quadril. Por conta disso, o jogador fez apenas 5, dos 16 jogos do time. A condição de reserva é o status atual.

O alto salário

Na folha salarial do PSG, Cavani só aparece abaixo de Neymar. Segundo o jornal francês L´Equipe, o ganho é de cerca de 20 milhões de euros por temporada. O valor é considerado internamente um dos maiores impeditivos para a renovação contratual.

O cenário de Cavani se assemelha com o vivido por Daniel Alves na temporada passada. O lateral direito tinha ordenado exorbitante na visão do novo diretor de futebol do clube, o brasileiro Leonardo, e representava um contra-senso na política de renovação do elenco. Nenhuma oferta de renovação foi apresentada ao jogador.

As críticas internas

Mesmo em boas condições físicas, Cavani passou a ser encarado como reserva pelo treinador Thomas Tuchel. Segundo apurou o UOL Esporte, o clã brasileiro formado no clube na temporada passada, com Daniel Alves, Marquinhos, Thiago Silva e Neymar, também preferia ver o uruguaio como opção no banco. "Não acompanha" é uma típica frase de boleiro e a explicação em comum utilizada por eles para justificar um problema técnico do uruguaio no time.

Na Liga dos Campeões da edição passada, o "não acompanha" ficou evidenciado em alguns números. 25% dos passes de Neymar foram para Mbappé, enquanto apenas 0,5% para Cavani. Já o francês realizou 31% dos passes a Neymar e 5% para Cavani.

O sucesso de Icardi

Para a temporada, a contratação de empréstimo do centroavante argentino Mauro Icardi já veio como um sinal de adeus de Cavani. O reforço tem sucesso inicial, com 8 gols marcados, em 8 jogos como titular.

No acordo com a Inter de Milão, o PSG conseguiu fixar a prioridade de compra em definitivo com o preço de 75 milhões de euros na próxima temporada. O valor já é considerado baixo internamente devido ao bom rendimento do argentino.

"A competição com Icardi foi criada de propósito. Hoje é assim e talvez seja outra coisa em um mês. O PSG é um clube que tem muitos jogadores que querem jogar, o que causará dor de cabeça ao treinador e é essa a ideia. Eu realmente espero que a competição seja sempre muito brilhante entre eles. Cavani é o melhor marcador da história do clube, é uma história que certamente terminará bem", destacou o diretor esportivo do PSG, Leonardo.

A chance de Cavani

Com as queixas de dores musculares de Mauro Icardi, o treinador Thomas Tuchel confirmou a volta de Cavani ao time titular no duelo contra o Brest, neste sábado, pelo Campeonato Francês.

"Ele está triste, pois está acostumado a jogar muito e começar todos os jogos. É uma grande diferença para um atacante que está acostumado a estar em campo com os 11 titulares e agora ficar algumas semanas no banco. Faz diferença na confiança dele", avisou Tuchel.

"Ontem eu trabalhei com o grupo dos jogadores que não atuaram e ele fez muito bem, com bom estado de espírito. Ele está triste, mas rende muito nos treinos e mostra que é super profissional. Agora ele precisa começar a reencontrar ritmo de jogo. Eu não posso deixar todos os jogadores contentes, mas é assim em um clube como o PSG", finalizou o treinador alemão.

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