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Piloto morto em Interlagos escapou de acidente em 2018 e exaltava circuito

Danilo Berto, 35 anos, morreu em um acidente no circuito de Interlagos, no aquecimento de uma prova do SuperBike - Acervo pessoal
Danilo Berto, 35 anos, morreu em um acidente no circuito de Interlagos, no aquecimento de uma prova do SuperBike Imagem: Acervo pessoal
do UOL

Diego Salgado

DO UOL, em São Paulo

27/05/2019 04h00

Dedicado ao extremo, preocupado com a segurança nas pistas e orgulhoso por poder pilotar no circuito de Interlagos. Essas eram as principais características como atleta do piloto Danilo Berto, que morreu ontem durante um aquecimento de uma das provas do SuperBike.

O acidente que vitimou Berto aconteceu justamente em Interlagos, na curva do Pinheirinho, na manhã de ontem, pouco antes da terceira etapa da temporada, às 10h24. O piloto foi levado de helicóptero ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu aos ferimentos e morreu às 16h35.

O autódromo de Interlagos, inclusive, já havia sido palco de um acidente grave envolvendo o piloto de 35 anos, que era casado havia sete anos e não tinha filhos. Em março do ano passado, Berto conseguiu evitar o pior após se desequilibrar na largada da Copa Pirelli, uma das provas do SuperBike.

A moto ficou empinada depois da arrancada na largada, e Berto caiu para trás. Graças a um movimento rápido no chão da pista, ele conseguiu evitar um atropelamento, mas acabou atingido na perna direita por uma outra moto. Ele teve fratura exposta e passou por três cirurgias até voltar às atividades.

Apesar do histórico de acidente em Interlagos, Berto se sentia um privilegiado de correr no circuito paulistano, onde Ayrton Senna, seu ídolo, venceu duas vezes na Fórmula 1 - hoje, sete das dez provas do SuperBike são disputadas lá. Apesar de exaltar a pista, o piloto cobrava pelo aumento da segurança no circuito.

O acidente de ontem foi um dos tantos que Berto sofreu na curta carreira - a primeira temporada completa dele foi em 2017 (nas duas temporadas anteriores, ele havia participado de algumas provas). "Ele era preocupado com segurança na pista, assim como muitos de nós", disse José Carlos de Moraes, o "Pitico", dono da Pitico Race Team (PRT), equipe pela qual Berto corria.

No mês passado, Berto viu um outro acidente no Superbike tirar a vida de um companheiro. Maurício Paludete, o Linguiça, morreu ao escapar na entrada do "S" do Senna. Berto chegou lamentou a tragédia ao postar um vídeo com lances do piloto em uma rede social. "Ele ficou arrasado, porque o Linguiça era muito gente boa também", frisou Pitico.

Bicicleta ajudava na preparação física

Obcecado pelo trabalho, Berto acreditava que o ciclismo o auxiliava a melhorar o desempenho no SuperBike. Por isso, o piloto realizava treinos longos de bicicleta, de até 70 quilômetros.

Em vídeos publicados em uma rede social, ele protagonizava descidas em alta velocidade em estradas de terra. A ideia era simular a posição que ele colocava em prática nas provas do SuperBike.

Além disso, o Berto fazia a preparação física em Valinhos, onde nasceu e vivia com a esposa. A cidade localizada na região de Campinas decretou luto oficial de três dias - o piloto era filho de Dalva Berto, vereadora e presidente da Câmara Municipal de Valinhos.

Em nota, a organização do SuperBike lamentou a segunda morte em pouco mais de um mês e afirmou que tem implantado medidas para elevar a segurança na categoria, como a ampliação das barreiras de ar de proteção e aumento do número de ambulâncias de suporte avançado.

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