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Por trauma, Fla mantém funcionários presentes em incêndio longe do trabalho

do UOL

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

22/03/2019 04h00

Quarenta e dois dias depois do incêndio que vitimou dez meninos das categorias de base do Flamengo e feriu outros três, o clube busca resolver as questões pendentes e tenta seguir o trabalho no CT Ninho do Urubu. As indenizações estão em discussão com as famílias - apenas um acordo foi fechado até o momento -, mas outro ponto também preocupa. Nenhum funcionário que estava no local na madrugada da tragédia retomou o trabalho no Rubro-negro.

Eram pelo menos oito funcionários no Ninho do Urubu naqueles momentos de desespero do dia 8 de fevereiro. Por conta do enorme trauma vivido, principalmente por três deles, o Flamengo decidiu pelo afastamento das funções até segunda ordem. Não há, inclusive, data para o retorno ao trabalho. Cada caso é avaliado separadamente.

O segurança Benedito Ferreira, a Auxiliar de Serviços Gerais Daniele da Silva e a funcionária da Lavanderia Maria Cícera de Barros foram os casos que preocuparam mais o Flamengo desde o início. O trio participou do resgate dos sobreviventes enquanto os contêineres estavam em chamas.

Foram disponibilizadas assistências médica e psicológica para quem solicitasse e também fosse diagnosticado com a necessidade nas avaliações realizadas. O acompanhamento médico está em curso semanalmente enquanto o Flamengo arca com as despesas e mantém o pagamento dos salários - todos os funcionários receberam os vencimentos do mês.

O clube não apressará o retorno deles e também mantém uma espécie de blindagem em quase tudo o que é feito com os funcionários. Embora a data de retorno não esteja acertada, a expectativa interna é a de que todos tenham condições de retomar as funções até o final de junho.

Segurança foi herói e teve ajuda de dupla feminina

Benedito Ferreira estava de plantão na madrugada do dia 8 de fevereiro. Ele foi o responsável por salvar diversos meninos que estavam desesperados enquanto as chamas tomavam os contêineres que serviam de alojamento das categorias de base. Muito abalado, o funcionário foi encaminhado para avaliação médica e tratamento psicológico logo depois da tragédia.

Na madrugada em questão, Ferreira teve ajuda de Daniele da Silva e Maria Cícera. A primeira foi a responsável por correr e chamá-lo tão logo percebeu os primeiros sinais do incêndio. Foram pouco mais de cinco minutos até que o alojamento fosse completamente destruído.

Já Maria Cícera acabava de chegar para trabalhar. Ela, inclusive, aparece nas imagens das câmeras de segurança tentando ajudar para que os meninos saíssem pela única porta disponível. Os gritos eram a alternativa para guiá-los. Desesperada, recebeu alguns e foi retirada do local por estar bastante abalada.

Nos depoimentos e conversas informais, todos os presentes relataram as cenas de desespero que vivenciaram e os pedidos de "socorro". Retomar a rotina será tarefa difícil, e eles terão todo o tempo para isso.

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