Ex-volante Eduardo Costa destaca desejo de ser treinador e vê uso do celular como prejudicial no esporte
Com o passar do tempo, é possível ver que muitos jogadores já experientes não abandonam a vida relacionada ao esporte e passam a trabalhar fora das quatro linhas. A coisa não é diferente com Eduardo Costa, volante com passagens por Bordeaux, Monaco, Vasco, Grêmio, entre outros, que revelou, ao LANCE!, que, desde que abandonou as chuteiras, buscou conhecimento para seguir adiante o sonho de se tornar treinador.
- Parei de jogar em 2015 e, a partir daí, comecei a focar em me preparar para exercer a função de treinador. Depois de ficar afastado e analisando as possibilidades, concluí que a função que mais me identifico é a de treinador, mesmo sendo a mais complexa, difícil e instável. Fiz estágios, que são muitos importantes, fiz as licenças da CBF, assisto muitos jogos, converso com pessoas do meio, tanto na formação quanto no rendimento. Hoje, estou apto a começar a trabalhar, mas esse é o grande problema: segurar a ansiedade e ter o cuidado desse primeiro passo, que é muito importante - afirmou.
Todo treinador possui seu estilo de trabalhar, seja lá como for. Com Eduardo Costa, isso não muda: o ex-atleta comentou que, quando assumir a casamata de alguma equipe, buscará sempre oferecer um futebol ofensivo e que busque o gol adversário. Apesar disso, ele afirma que seu estilo de encarar o futebol jamais pode estar acima do estilo dos jogadores da equipe. Na opinião dele, o técnico deve se adaptar ao que o plantel de um time lhe oferece.
- Eu tenho que, em qualquer partida, meu time não entre para especular, e sim entre para jogar futebol e buscar a vitória. Mas tudo se baseia na característica do elenco que se tem em mãos, eu acho que você não pode fugir da realidade que você vive. Se existem jogadores de qualidade, com perfil ofensivo, você acaba tendo que formar uma equipe mais ofensiva, mas, na maioria das vezes no Brasil, o treinador participa pouco da formação do plantel, encontra o elenco já formado e ele tem que se adaptar àquilo que possui. Às vezes, o técnico brasileiro coloca uma equipe em campo para atuar contra aquilo que ele sonha e queira que sua equipe jogue - confessou.
O currículo do jogador Eduardo Costa possui inúmeros treinadores com sucesso em suas respectivas carreiras. O ex-atleta comenta que sempre buscou observar as ações dos técnicos quando ainda jogava e que isso pode ajudar seu estilo de comandar uma equipe.
- Tive a oportunidade de falar com diversos treinadores, sempre fui um cara que prestou muita atenção em todos os profissionais que compõem a comissão técnica. A gente acaba tirando um pouco de cada um, aprendi muitas coisas com muitos, outros me ensinaram coisas que não se deve fazer e, a partir disso e com a prática, você vai formando o seu selo. Trabalhei com Tite, Parreira, Zagallo, Geninho, Antônio Lopes, entre outros, e sempre aprendemos alguma coisa com cada um - completou.
Do mesmo jeito que Eduardo Costa está entrando na vida de treinador, é possível ver uma geração de bons jogadores entrando no radar da seleção e de grandes clubes do cenário nacional, como, por exemplo, Vinicius Junior. Apesar dos nomes conhecidos, o Brasil coleciona recentes fracassos no futebol de base, algo que o ex-volante faz uma comparação com o país em si, saindo apenas do âmbito futebolístico.
- Nos dias de hoje, não só para a formação do atleta, mas a educação está mais difícil, porque os jovens têm acesso à muitas informações. Então, para perder o foco, o caminho para o essencial está mais difícil. Apontar um ou dois problemas é muito superficial, óbvio que nossos resultados, não só da seleção de base, mas da principal ultimamente não são bons. É o momento de todas as pessoas que querem que o futebol brasileiro volte a ser vitorioso sentar, conversar e achar um caminho - completou.
Eduardo Costa comenta que um dos fatores que dificulta essa evolução no futebol local é, entre outros fatores, a falta de interesse dos próprios jogadores. Com o avanço da tecnologia, não é difícil encontrar atletas que permanecem conectados nas redes sociais praticamente 24 horas por dia. A globalização, por mais ampla que seja, faz, na opinião do ex-atleta, que muitos jovens jogadores percam o total foco no esporte e que isso, consequentemente, atrapalha os respectivos rendimentos.
- Para citar um exemplo, agora, no final da minha carreira, no Avaí tinham meninos da base que, quando acabava o treinamento, saíam correndo para pegar o celular para ver as redes sociais. Eles não estão preocupados em aprimorar as partes técnica e física, ouvir um treinador, um jogador mais velho, então fica difícil. Tenho amigos que trabalham no futebol europeu e eles limitam o uso do celular, para que os meninos consigam manter o foco para a formação. No momento que ele entra em um clube, ele deve estar 100% focado naquilo. É difícil ver alguém se impor, ir contra todo um sistema que está enraizado, e esse é um dos principais problemas - bradou.
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