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Contra 'altitude desumana', Fla fez lobby na ONU, Uefa e Fifa em 2008

02/03/2019 00h00

Na estreia da Copa Libertadores, o Flamengo enfrentará um obstáculo já conhecido: os 3,702 metros acima do nível do mar do Estádio Jesús Bermúdez do San José, em Oruro. As dificuldades em decorrência da condição específica já são esperadas. O tema, por sua vez, é recorrente no clube da Gávea, que, em 2007, ameaçou não "entrar mais em campo em em altitude não recomendada pela medicina", entendendo o limite, do ponto de vista físico, de 2,750 metros.

A posição contundente da diretoria do Flamengo foi após o empate em 2 a 2 com o Real Potosí, no dia 14 de fevereiro de 2007, no Mario Mercado Vaca Guzmán, na Bolívia. O estádio fica a 3.960 metros acima do nível do mar.

Logo após a partida em Potosí, o Flamengo divulgou um nota a respeito do "empate heroico" em condições "anti-desportivas e desumanas". O clube da Gávea afirmou que os profissionais, inclsuive, foram homenageados pela "jornada épica" e por encarnarem o lema rubro-negro - "nossa glória é lutar".

A direção rubro-negra reforçou que a prática esportiva naquela condição, acima de 2,750 metros do nível do mar, não era recomendada pela medicina e de que a mesma não oferece igualdade de condições aos rivais, "ferindo o fair-play".

"O Flamengo, em nome do esporte, denuncia a responsabilidade que as entidades de administração, em especial a FIFA, têm com a preservação da prática esportiva em condições humanas e com a vida dos atletas e não jogará mais em altitude não recomendada pela medicina", encerrava assim a nota.

As reclamações do Flamengo com relação à altitude de Potosí, na Bolívia, não surtiram efeito. No dia seguinte, a Conmebol e a Fifa, ao L!, informaram que não havia pretensão de proibir jogos neste ou em outro local e justificaram: não há regulamentação alguma relacionada à altitude de estádios de futebol.

Em 2008, Márcio Braga fez 'lobby' contra altitude na Europa

As tratativas por parte do Flamengo a fim de evitar jogos em altitude superior a 2.750m continuaram na temporada seguinte ao jogo em Potosí, na Bolívia. Em fevereiro, Márcio Braga, então presidente do clube da Gávea, foi à Europa fazer lobby contra as partidas em altitudes não recomendadas pelos médicos.

Na época, Márcio Braga foi à sede das Organização das Nações Unidas, a ONU, em Genebra, na Suíça. O pretexto era apresentar os projetos sociais do clube, mas a questão da altitude também foi debatida. Na mesma viagem, o dirigente ainda entregou ao Tribunal Arbitral do Esporte, em Lausanne, também na Suíça, a petição assinada por clubes contra a realizadas de jogos na altitude.

Márcio Braga, que até hoje segue ativo na vida política da Gávea, se encontrou com os presidentes da Uefa e da Fifa na época: Michel Platini e Joseph Blatter, respectivamente. Do ex-meio-campista e técnico francês, o representante do Flamengo ouviu que "nenhum jogo sob a jurisdição da Uefa seria realizado em altitudes não recomendadas pelos médicos", publicou o LANCE! na ocasião.

DORES E TUBOS DE OXIGÊNIO EM POTOSÍ

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Se não bastasse os quase quatro mil metros, a chuva contribuiu para baixar ainda mais a temperatura no local, chegando a dois graus. Assim, os jogadores do Flamengo sofreram e sequer tiveram gás para comemorar o resultado.

O zagueiro Moisés foi quem mais sentiu. Além da baixa saturação de oxigênio no sangue, ainda teve um quadro de hipotermia, precisando ir para água quente no intervalo e após o jogo. o meia Renato Augusto e o atacante Obina - substituído com dores - foram outras atletas a sentirem os efeitos da altitude.

Foram usados quatro tubos de oxigênio de 10 mililitros e dois de 50 mililitros. Os atletas se revezaram para utilizá-los antes mesmo de entrarem em campo.

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