Fla-Flu irá 'separar' irmãos unidos por coincidência no aniversário
Qual a probabilidade de você nascer no mesmo dia do seu irmão? E a chance de nascer na mesma data, mas seis anos depois? E a possibilidade de um ser tricolor, o outro flamenguista? Esta é a história que o LANCE! traz de Levistone e Alex, os irmãos Fla-Flu, que fizeram aniversário no último sábado, quando Flamengo e Fluminense se enfrentariam na semifinal da Taça Guanabara, e agora tiveram o duelo nesta quinta-feira.
Levistone Moutinho de Sousa, o irmão mais velho, é torcedor do Flamengo e nasceu no dia 9 de fevereiro de 1982. Seis anos depois e na mesma data, nasceu Alex Moutinho, o irmão mais novo, que escolheu torcer para o Fluminense. O clássico familiar se encontra neste sábado e, além das coincidências, também traz boas histórias relacionados ao futebol.
A história dos irmãos tem duas ligações importantes. O próprio pai, Levistone Reis, era torcedor tricolor, do tipo que sumia de casa e, quando tinham notícias, era para saber que estava no Maracanã em jogos do Fluminense - o que fez Alex virar torcedor. Já os avós maternos da dupla eram fanáticos - e em grande maioria - rubro-negros, o que influenciou o filho Levistone.
Levistone, que completou 37 anos no sábado, teve o primeiro contato com o futebol através do time coração do pai. Porém, pouco depois - também um pouco por influência dos avós maternos -, acabou se apaixonando pelo modo de atuar do rival e virou a casaca, para o lamento de Seu Levistone.
- Nosso pai sempre nos proporcionou essa paixão pelo futebol. Ele gostava e incentivava que assistíssemos futebol, independentemente do time que estivesse jogando. Mas é aquilo, ele é tricolor e eu saí da maternidade já com a camisa do Fluminense, mas o jeito do Fluminense jogar era mais cadenciado, de toque de bola. O do Flamengo sempre foi mais na vontade, na raça, e isso me chamou a atenção, me encantou - lembra ele, que completa:
- Minha primeira recordação do Flamengo é aquele título da Copa do Brasil de 1990. Depois, teve o Brasileiro de 92.
Depois de o coração bater pelo Rubro-Negro, ele teve a difícil missão de contar ao pai que, quando o assunto fosse futebol, eles não estariam do mesmo lado, como era o desejo:
- Foi meio complicado, meu pai era meio fechadão. Falei: "Pai, não me leve a mal, mas...". No início foi meio complicado, tivemos algumas coisas de pai e filho mesmo. Normal. Eu não podia era sacanear ele, que se não ia complicar para o meu lado (risos). O que aconteceu foi que ele não me levou mais ao estádio e comecei a ir com meu tio Jorge, que é irmão dele e rubro-negro.
Com bom humor, Levistone recorda de um 'atrito' com o pai quando voltava da escola ao lado dele e externou o amor ao Flamengo:
- Certa vez, estava no ensino fundamental. Tinha feito um trabalho para a escola e meu pai foi lá me buscar. Na volta para casa, cantei o hino do Flamengo e aí já viu, né? Não prestou (risos).
Por este motivo, Fla x Flu sempre foi um clássico recheado de expectativa na casa dos Moutinho de Sousa. Afinal, era a oportunidade de ganhar e pode fazer zoar os familiares que torcem para o rival.
- Lá em casa, já amanhecia aquele clima legal. O meu irmão, por ser mais novo, queria zoar mais, mas tudo bem (risos) . Ainda mais que ele pegou uma fase que o Fluminense estava melhor nos clássicos, como em 1995, com aquele gol de barriga. Mas são sempre momentos saudáveis - garante.
Já Alex Moutinho, de 30 anos, é o irmão mais novo. Quando ele nasceu, já sabia que Levistone era flamenguista, mas decidiu seguir o caminho do pai e ser torcedor do Fluminense - contrariando a tentativa dos avós maternos que queriam que fosse flamenguista. Segundo o próprio, foi "escolhido" e decidiu ser Tricolor quando passou a entender futebol.
Entre as histórias curiosas entre Alex e Fluminense está a final da Copa do Brasil de 2007, onde quase perdeu o emprego. Ele quis adiantar as férias para acompanhar a decisão em Santa Catarina. Como não foi liberado, faltou ao trabalho. Curiosamente, prometeu à época que, se o Tricolor fosse campeão, daria ao seu filho o nome do autor do gol do título. Em 2016, nasceu Roger.
- Meu chefe era flamenguista, daqueles que não aceitava se você não fosse flamenguista. Eu assisti a final em um bar. Sempre ouvi que nunca viria meu time ser campeão, falaram pra mudar do time. Prometi colocar o nome do meu filho no autor do gol do título. Não fui trabalhar na quinta pós-final, só fui na sexta e o patrão não quis papo. Depois, chamou para conversar e falou que ficou chateado. No final, ele entendeu.
Apesar de ir ao Maracanã com frequência, é difícil estar em clássico junto ao seu irmão devido as responsabilidade trabalhistas de ambos. O último foi em 2008, quando o Fluminense venceu o Flamengo por 2 a 0, pelo Campeonato Brasileiro, com dois gols de Somália. Devido a seu retrospecto positivo, o próprio Alex provoca:
- Hoje, sempre que possível, a gente a gente se junta p ver pela TV agora. Ele tem medinho (risos) - brincou, antes de completar:
- O Maracanã estava em obra, a torcida do Flamengo foi liberada primeiro e esperou ainda nos corredores a torcida do Fluminense. Na confusão tomei uma latada na testa e quase apaguei, fui socorrido por uma policia militar que viu que eu não participava da briga que só estava tentando ir embora.
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