Técnico novo, ideias novas, pesadelo antigo: São Paulo sofre nos clássicos
As boas vitórias sobre Mirassol e Novorizontino e o jogo propositivo buscado por André Jardine fizeram o torcedor do São Paulo acreditar que o time poderia fazer um grande clássico diante do Santos, cujo técnico, Jorge Sampaoli, também é adepto da ofensividade. No fim das contas, o que se viu foi algo bem comum em clássicos nos últimos anos: um Tricolor impotente e amplamente dominado.
O São Paulo patina em clássicos há vários anos, mas fiquemos com um recorte mais curto: a última vitória fora de casa contra um dos três rivais aconteceu em 15 de fevereiro de 2017, com Rogério Ceni no comando: 3 a 1 sobre o Santos na Vila Belmiro, com show de Cueva e Luiz Araújo. Depois disso, o time fez 12 clássicos como visitante e nunca mais conseguiu se impor. Veja a lista:
2017: Palmeiras 3 x 0 São Paulo
2017: Corinthians 1 x 1 São Paulo
2017: Corinthians 3 x 2 São Paulo
2017: Santos 3 x 2 São Paulo
2017: Palmeiras 4 x 2 São Paulo
2018: Corinthians 2 x 1 São Paulo
2018: Palmeiras 2 x 0 São Paulo
2018: Corinthians 1 x 0 São Paulo
2018: Palmeiras 3 x 1 São Paulo
2018: Santos 0 x 0 São Paulo
2018: Corinthians 1 x 1 São Paulo
2019: Santos 2 x 0 São Paulo
O fato de apenas torcedores da equipe mandante terem acesso ao estádio nos clássicos em São Paulo certamente pesa, mas está longe de explicar tamanha fragilidade.
Ao longo dos jogos listados acima, o Tricolor teve cinco técnicos: Rogério Ceni (três jogos), Pintado (um jogo, interino), Dorival Júnior (três jogos), Diego Aguirre (quatro jogos) e André Jardine (um jogo). Seja com treinadores que priorizam o ataque, como Ceni, seja com treinadores mais reativos, como Aguirre, a postura da equipe tem sido sempre a mesma nesse tipo de jogo.
O São Paulo de André Jardine, por exemplo, não conseguiu propor o jogo diante do Santos. Passou todo o primeiro tempo retraído, à procura de um contra-ataque bem encaixado que nunca veio, e foi para o intervalo perdendo por 1 a 0 com justiça, embora o gol tenha saído na bola parada.
O Peixe teve superioridade absurda em todos os setores, mas principalmente no meio de campo. Formar a dupla de volantes com Jucilei e Hudson, mesmo soltando este último para colaborar com a armação, não parece ser a melhor opção. A atuação de Hudson, aliás, foi das piores notícias do domingo. Ele não conseguiu armar e nem marcar.
Helinho, que errou sempre que teve a chance de levar o São Paulo à frente, foi substituído por Diego Souza no intervalo. A boa alternativa de jogar com dois centroavantes, dessa vez, não passou perto de funcionar. Tanto Diego quanto Pablo até conseguiam segurar a bola e fazer o pivô, mas os companheiros estiveram quase sempre distantes, sem dar boas opções de passe.
Na etapa final, a superioridade do Santos - e do trabalho de Sampaoli - ficou ainda mais evidente. O São Paulo sofreu o segundo gol em um lance que começou com uma falta a seu favor, perto da área do rival. Além disso, perdeu praticamente todas as divididas e disputas individuais, aumentando a cada minuto a sensação de impotência do torcedor.
Os jogos mais importantes da temporada, contra o Talleres (ARG), pela Libertadores, estão batendo à porta. O São Paulo tem muito a melhorar - e certamente vai melhorar quando Hernanes começar a jogar. Alterar a escalação, principalmente no meio de campo, parece urgente. Ao trabalho, Jardine!
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