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Tailandês da F-1 teve mãe presa por pirâmide e quase abandonou carreira

Alexander Albon, da Toro Rosso - Divulgação Toro Rosso
Alexander Albon, da Toro Rosso Imagem: Divulgação Toro Rosso
do UOL

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

20/01/2019 04h00

Uma novidade que certamente vai chamar a atenção quando os pilotos alinharem no grid para a primeira etapa da Fórmula 1, em meados de março, será a bandeira da Tailândia ao lado de um dos estreantes da temporada, Alexander Albon, da Toro Rosso. Mas essa não é a única curiosidade que cerca o piloto, que viveu um drama familiar quando teve a mãe presa e tinha contrato com outra categoria para o ano que vem antes de ser chamado justamente por seu ex-chefe para estrear na F-1.

Apesar de correr pela Tailândia, Alexander Albon nasceu e foi criado na Inglaterra e tem dupla nacionalidade, já que sua mãe vem do país asiático. Quando é perguntado do porquê optou pelo país da mãe, ele simplesmente diz que tinha "as duas opções e tinha que escolher uma". Mas, durante sua carreira nas categorias de base, ele aproveitou para angariar apoio de empresas tailandesas, estratégia que acabou dando certo e sendo fundamental para ele chegar à F-1.

Isso porque Albon sempre foi tido como piloto talentoso, mas sem muito apoio. Sua contratação para o programa de jovens pilotos da Red Bull permitiu que ele desse o salto do kart para os carros de fórmula em 2012, mas a demissão após apenas um ano quase encerrou sua carreira.

"Foi um ano muito difícil para mim e eu estive muito perto de desistir. Desde então, eu sabia que tinha de impressionar toda vez que eu subisse no carro, e mesmo assim seria muito difícil chegar à F-1 porque meu orçamento era muito pequeno."

Mas a chance chegou e, curiosamente, pelas mãos de Helmut Marko, consultor da Red Bull e o homem que o demitiu em 2012. "Fico feliz que ele tenha me dado uma segunda chance."

Albon fez boa campanha na Fórmula 2 ano passado, terminando o campeonato em terceiro, atrás de Lando Norris e George Russell, que também subiram para a F-1 em 2019. O desempenho, porém, não foi suficiente para impedi-lo de deixar o sonho de chegar à principal categoria do automobilismo de lado e assinar com a Fórmula E para correr com a Nissan - ao lado de Sebatien Buemi, em temporada que começaria em dezembro.

No entanto, em outubro, o tailandês foi abordado por Marko, passando a trabalhar para desfazer o contrato com a Nissan e deixar a porta livre na Toro Rosso. Mas teve de esperar até o fim de novembro para saber qual seria seu futuro.

"Estava experimentando um tênis numa loja em Abu Dhabi quando vi a ligação do sr. Marko. Mal podia acreditar. Logo liguei para minha mãe, porque é o tipo de coisa que você conta primeiro para sua mãe", comentou

Kankamol Albon, mãe de Alexander, foi outra fonte de preocupação para o piloto nos últimos anos. Ela saiu da cadeia recentemente, depois de cumprir seis anos na Inglaterra por comandar um esquema de pirâmide em que cobrava milhões de libras por carros de luxo que nunca apareciam nas mãos dos clientes. O julgamento foi justamente em 2012, ano em que Albon estava no programa da Red Bull.

Já seu pai chegou a correr em categorias do turismo da Inglaterra. Nigel Albon acabou sendo o responsável pelo filho começar a correr. "Ele me deu um kart quando eu tinha uns seis anos. Mas desde muito pequeno meu quarto era forrado de fotos de Schumacher e eu só usava camisetas vermelhas. Eu era muito fã mesmo".

Para fechar a sequência de curiosidades, engana-se quem pensa que será a primeira vez que a Fórmula 1 terá um piloto tailandês no grid. O primeiro foi Prince Bira, nascido em Bangkok mas que começou no automobilismo quando foi estudar em Cambridge, na Inglaterra, e participou de 19 corridas entre 1950 e 1954.

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