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Suspensão do STJD não vale nada para diretor cruzeirense. Ele está na ativa

Alexandre Mattos foi suspenso por 120 dias devido a ofensas a bandeirinha  - Washington Alves/Vipcomm
Alexandre Mattos foi suspenso por 120 dias devido a ofensas a bandeirinha Imagem: Washington Alves/Vipcomm
do UOL

Dionizio Oliveira

Do UOL, em Belo Horizonte

26/09/2014 06h00

A suspensão de 120 dias imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) ao diretor de futebol do Cruzeiro, Alexandre Mattos, por ofensas à bandeira Fernanda Colombo, acabou na última quinta-feira (25). Porém, na prática, a punição pouco afetou a rotina do dirigente celeste, que se viu impedido de dar entrevistas, participar de eventos oficiais, assinar documentos e frequentar o vestiário.

Embora estivesse privado dessas atividades, Alexandre Mattos manteve a sua rotina quase que normalmente durante os 120 dias. Ele participou de negociações, acompanhou os treinamentos quase diariamente e fez viagens pelo Cruzeiro.

Condenado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) no dia 28 de maio pelas críticas severas à assistente de arbitragem Fernanda Colombo, o dirigente participou de cinco contratações do Cruzeiro. Na negociação envolvendo o zagueiro Manoel, por exemplo, ele recebeu o empresário do jogador, Neco Cirne, em Belo Horizonte, e depois foi a Curitiba fechar a contratação e buscar o atleta, no dia 2 de junho.

Também encabeçou as negociações para o acerto com Marquinhos, que pertence a Traffic e foi colocado no clube pela empresa, e de Neilton, depois de longas tratativas com Hamilton Bernard, empresário do atleta. Os dois foram anunciados no dia 5 junho.

A apresentação dos três atletas ocorreu no dia 16 do mesmo mês e foi feita pelo presidente Gilvan de Pinho Tavares, já que Alexandre estava impedido de ir a eventos oficiais. No mesmo dia a assessoria de imprensa informou a provável saída de Wallace, que viria a se concretizar um pouco depois, em negociação que também contou com a participação do dirigente.

As conversas para a permanência do atacante Willian na Toca da Raposa, que foi adquirido do Metalist por 3,5 milhões de euros, também tiveram atuação do cartola cruzeirense junto ao empresário do camisa 25, Eduardo Uram, responsável por intermediar o negócio com os ucranianos.

Mattos também esteve envolvido na negociação para a chegada de Breno Lopes à Toca da Raposa. O acerto com o atleta do Paraná foi anunciado no dia 16 e a apresentação cinco dias depois, pelo gerente de futebol Valdir Barbosa, que assumiu esse papel de aparecer nos compromissos oficiais.

Valdir também passou a ser mais requisitado para dar entrevistas e responder publicamente pelos assuntos envolvendo o departamento de futebol. Contudo, ele garante que as tarefas não aumentaram em razão disso e seguiu dividindo muitas tarefas com o diretor de futebol.

“Não aumentou nada (o trabalho). As coisas caminham de forma natural. Ele não pode comparecer ao vestiário, participar de situações oficiais do clube, mas nada que o impede de trabalhar normalmente na área administrativa como um funcionário comum”, disse Valdir.

Procurado pela reportagem, Alexandre Mattos disse que não poderia dar entrevistas por causa da suspensão, mas confirmou que seguiu trabalhando normalmente dentro das restrições em função da pena, sem afetar significativamente o seu dia a dia.

Embora não tenha permissão para frequentar o vestiário nos dias dos jogos, ele manteve o contato com os atletas no dia a dia. Também pôde acompanhar as partidas como um espectador comum, como fez no clássico entre Atlético-MG e Cruzeiro, do último domingo.

O dirigente também atuou em algumas questões de bastidores, como para agilizar os retornos de Ricardo Goulart e Everton Ribeiro da seleção brasileira, após os amistosos contra Colômbia e Equador. Ele viajou aos Estados Unidos para conseguir a liberação para os atletas voltarem em um voo à parte e poderem enfrentar o Bahia.  

Apesar de na prática os efeitos parecem pequenos, o presidente do STJD, Caio César Rocha, entende que a punição é adequada para os cartolas em geral. “Na verdade o dirigente não pode trabalhar normalmente, não. Não pode representar o clube, não pode assinar nada pelo clube, ele fica afastado”, afirmou.

“Se eventualmente um dirigente não estiver cumprindo dessa forma, aí é o caso de a Procuradoria investigar, pois não pode. Se ele fizer isso é outra questão, é o descumprimento da decisão. Ele está suspenso”, acrescentou Rocha.

Fernanda Colombo

A polêmica em torno de Alexandre Mattos e a auxiliar Fernanda Colombo ocorreu depois do clássico entre Atlético-MG e Cruzeiro, em 11 de maio, pelo primeiro turno do Brasileirão, em que o time celeste perdeu por 2 a 1 com atuação considerada desastrosa do trio de arbitragem.

Nervoso com um impedimento mal marcado pela assistente, o dirigente chegou a insinuar que ela estava sendo favorecida pela beleza e sugeriu que posasse para uma revista masculina. Depois se retratou, mas o pedido de desculpas não fez efeito para o STJD, que também aplicou multa de R$ 500.

Após a confusão, Fernanda Colombo passou por um período de reciclagem e desde então não participou mais de jogos da Série A. Ela voltou a trabalhar em competições da CBF depois de dois meses, no duelo entre Juventude e Guaratinguetá pela Série C, no dia 20 de julho. Ainda atuou em outros três jogos da Série C e um da Série D.

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