Adiado duas vezes e refeito: 'Elio' estreia bem diferente da ideia original

Depois de dois adiamentos, "Elio" estreia hoje nos cinemas. O novo filme da Pixar e da Disney conta a história de Elio Solaris, um menino de 11 anos que é abduzido e confundido com o "embaixador do planeta Terra".
Sob nova direção
A greve dos roteiristas de 2023 e a troca dos diretores da produção impactou o lançamento do filme. "Elio" tinha a primeira previsão de estreia em março de 2024, que depois passou a ser fevereiro de 2025, até estrear agora.
A produção originalmente era um projeto pessoal de Adrian Molina, codiretor de "Viva - A Vida é uma Festa" —que levou o Oscar de melhor animação em 2017. Em 2024, o cineasta foi substituído por Domee Shi e Madeline Sharafian, diretoras de "Red: Crescer é Uma Fera" (2022), por "conflito de agenda".
Boa parte da história do filme foi refeita: heróis e vilões trocaram de papéis e o tom inicialmente mais sombrio foi amenizado. Compare as diferenças entre o primeiro e o último trailer:
Principais mudanças
Abdução passou a ser desejada. Enquanto na ideia original Elio era abduzido por acidente, no filme que chega aos cinemas o protagonista é obcecado pela chance de vida extraterrestre e sonha ser levado embora da Terra.
A mãe passou a ser tia. Na primeira versão, Elio era filho de Olga Solaris. Agora, ele é órfão de pai e mãe e tem Olga como tia, o que explica sua sensação de "não se encaixar".
Alívio cômico se tornou principal antagonista. O Lord Grigon, que parecia apenas um personagem engraçado no primeiro trailer, se torna um vilão conquistador de planetas. Glorgon, filho de Grigon, é quem fica com a parte cômica.
Enquanto a primeira versão trazia um toque de terror e ficção científica, a segunda busca um tom mais familiar e até mesmo infantil. Para Brad Garret, dublador de Lord Grigon, as crianças vão se identificar com o protagonista. "Acho que, quando passamos pela infância, muitos de nós sentimos que não nos encaixamos. Eu certamente senti. Na verdade, acho que não me encaixo agora", disse rindo em entrevista a Splash.
É algo com que todas as crianças podem se identificar, porque ser jovem é muito difícil. Eu me identifiquei muito com o Elio, mas eles disseram na Pixar: 'Brad, nós não nos importamos com quem você se identifica. Você está bancando o gigante'. E eu simplesmente disse, tudo bem, eu preciso do pagamento, sabe. Brad Garret
Todas as mudanças, de fato, foram realizadas com o intuito de fazer o público se conectar com Elio. Pete Docter, diretor criativo da Pixar, ressaltou em entrevista ao site The Wrap que esse foi um papel importante das novas diretoras.
Se em "Divertida Mente 2", por exemplo, a discussão é sobre ansiedade, em "Elio" falamos sobre se sentir sozinho em um mundo cheio de gente. "E essa é realmente a essência do filme, e é isso que me deixa realmente animado, porque acho que o filme tem o potencial de realmente falar com o público que esteja passando por disso, como muitos de nós está agora", diz Docter.