Tchau, cimento? Japoneses criam concreto sustentável com entulhos de obras

Pesquisadores japoneses desenvolveram um novo solidificador de solo que pode substituir o cimento em construções. Entenda como é o material.
O que aconteceu
Ele é feito com resíduos industriais, como vidro moído e poeira de obras. Além disso, tem força suficiente para ser usado sob estradas, prédios e pontes. O cimento tradicional, chamado Cimento Portland, é amplamente utilizado para estabilizar o solo, mas também é um dos maiores vilões do meio ambiente.
A fabricação de cimento é responsável por aproximadamente 7 a 8% das emissões globais de CO², principalmente devido à calcinação do calcário, um processo que libera grandes quantidades de CO² Estudo publicado no Science Direct
Toneladas de entulho e vidro vão parar em lixões todos os anos. Como alternativa sustentável, o novo material promete resolver os dois problemas: dispensa o uso de cimento e ainda reaproveita o lixo da construção civil.
Mistura passa por um aquecimento especial que ativa os resíduos e os transforma em um sólido resistente. Segundo os cientistas, nos testes, a resistência à compressão cumpriu os critérios exigidos para estabilização de solo sob estradas, edifícios e pontes.
Utilizando dois resíduos industriais, desenvolvemos um solidificante de solo que não apenas atende aos padrões da indústria, mas também ajuda a enfrentar os desafios duplos dos resíduos da construção e das emissões de carbono. Shinya Inazumi, responsável pelo estudo, ao portal Interesting Engineering.
Outro ponto positivo é a segurança ambiental. Os cientistas detectaram vazamento de arsênio nas primeiras tentativas, mas conseguiram resolver o problema ao incluir hidróxido de cálcio na fórmula.
Solidificador de solo japonês também apresenta outras vantagens. Endurecimento rápido, ótima trabalhabilidade e boa resistência a estresses ambientais, como ciclos de congelamento e descongelamento, além de ação de sulfatos e cloretos.
Essas características o tornam uma opção viável para a estabilização emergencial de solos em áreas de risco. No campo, pode até ser usado na produção de blocos de solo de baixo carbono.
Para Inazumi, a ideia vai além da construção civil. "Desenvolvendo um solidificante geopolimérico a partir de fluxos de resíduos prontamente disponíveis, não estamos apenas oferecendo uma solução de engenharia sustentável, mas redefinindo o valor dos subprodutos industriais em um mundo com recursos limitados", finaliza.