Topo
Entretenimento

Dira Paes diz que 'Manas' denuncia abuso sexual e silêncio imposto à mulher

do UOL

Colaboração para Splash, em São Paulo

14/05/2025 05h30

Impactante, "pesado" e esperançoso. É assim que os jornalistas Vitor Búrigo e Flavia Guerra avaliam "Manas", filme de Mariana Brennand protagonizado por Jamilli Correa e Dira Paes que chega aos cinemas amanhã.

Ao narra a história fictícia de uma menina de 13 anos que vive em uma comunidade ribeirinha, o longa expõe um ciclo de violência contra mulheres na Ilha de Marajó (Pará) e como funcionam suas redes de apoio. "A violência sexual é universal", diz a diretora. "E o filme representa essa ineficiência do estado [brasileiro], que não acolhe e não protege. Mas também a humanidade das pessoas que lutam com a própria vida para salvar essas mulheres e meninas".

É uma produção que "emociona e arrebata" mulheres universalmente, continua a cineasta. "É um despertar para encorajar mulheres a quebrarem seu silêncio", afirma. "Mulheres francesas, brasileiras, italianas, americanas, africanas, japonesas? A violência perpassa a vida de todas as mulheres. Só por acaso o filme se passa no Brasil", pontua Flavia Guerra no Plano Geral desta quarta-feira.

Todo mundo tem uma história para contar, e 'Manas' quebra esse ciclo de silêncio. Sobretudo, é um filme que deixa o espectador grudado à tela e faz com que você não fique passivo.
Dira Paes

Flavia Guerra diz que "Manas" tem feito uma boa carreira internacional e seguirá forte fora das telas. Já premiado no Festival de Cinema de Veneza, o filme receberá o Women In Motion Emerging Talent Award do Festival de Cannes, que começou ontem. "É um filme que não esgota sua carreira na tela comercial —pelo contrário, ele só começa. Foi exibido em várias comunidades, e muitas pessoas o pedem para debater em centros culturais", diz.

Brasil tem 3 filmes concorrendo em Cannes

O 78º Festival de Cannes começou ontem com três representantes do Brasil, que é o país de honra da edição. A escolha faz parte da celebração dos 200 anos das relações diplomáticas entre Brasil e França.

Em mostras paralelas, o curta-metragem "Samba Infinito" e o documentário "Para Vigo me Voy!" estão em competição —o primeiro na Semana da Crítica e o segundo no Cannes Classics. O curta de Leonardo Martinelli acompanha o luto de um gari durante um Carnaval carioca, tendo Gilberto Gil e Camila Pitanga no elenco; já "Para Vigo me Voy!", o mais recente representante brasileiro anunciado no festival, é uma homenagem a Cacá Diegues, cineasta de prestígio em Cannes que faleceu em fevereiro. "Dos 17 longas que Cacá dirigiu, 8 passaram em Cannes", lembra o jornalista Vitor Búrigo.

O grande destaque, no entanto, é do filme "O Agente Secreto" (Kleber Mendonça Filho), que concorre ao principal prêmio do festival: a Palma de Ouro. O longa, que será exibido no próximo domingo, acompanha um professor (Wagner Moura) que, em 1977, decide fugir de seu passado violento e misterioso. Ele se muda para Recife com a intenção de recomeçar —mas começa a ser espionado por seus vizinhos.

É um ano importante para o cinema brasileiro, ainda que a seleção não traga tantos filmes nossos. Já tivemos outros anos com mais filmes na disputa e nas mostrara paralelas, mas é um ano muito bonito por ser o país de honra.
Vitor Búrigo

Segundo Flavia Guerra, que está em Cannes para a cobertura do evento, nunca houve tantos brasileiros presentes para acompanhar o festival. Além da exibição e disputa dos filmes, o Festival Cannes pretende receber nos próximos dias painéis voltados para o cinema brasileiro e com representantes nacionais.

Apresentado por Flavia Guerra e Vitor Búrigo, Plano Geral é exibido às quartas-feiras, às 11h, no canal de Splash no YouTube e na home do UOL, com as principais notícias sobre cinema e streaming. Você pode ainda ouvi-lo no Spotify, Apple Podcasts e Google Podcasts.

Entretenimento