Por que Trump briga por chip nos EUA, enquanto Brasil mina empresa local?
(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: O paradoxo elétrico da IA; Chips 'made in USA'; Os maus negócios de Musk; Black Mirror)
Quando o assunto é chip, o mundo vai em uma direção, e o Brasil segue pelo caminho inverso. Na corrida pela soberania da inteligência artificial, os Estados Unidos têm brigado para produzir em seu território os poderosos semicondutores necessários à tecnologia, enquanto o Brasil dá à Ceitec, principal empresa de chips do Brasil e única fábrica da América Latina, um destino para lá de incerto.
O mundo todo está querendo fazer chips e aqui tem gente que está querendo jogar a única empresa que faz do começo ao fim o chip fora
Helton Simões Gomes
Diferentemente do Brasil, o governo dos Estados Unidos segue uma cruzada para voltar a ter uma produção nacional de chips.
Antes mesmo de Trump iniciar seu segundo mandato, Joe Biden instituiu ações para limitar o acesso de alguns países aos chips produzidos por empresas norte-americanas.
O ex-presidente criou três faixas de acesso para os países: uma delas mais liberal que permite a compra de chips de maneira livre; a segunda - onde está o Brasil - com restrição à compra de chips a partir de um certo volume; e uma terceira faixa, que proíbe a compra. Nesta última estão países como Coreia do Norte, Irã e China.
Está muito claro que os EUA têm uma vantagem que é ter acesso a esses chips. Se isso ficar inviabilizado, a única vantagem que ele tem sobre a china desaparece
Diogo Cortiz
O esforço dos EUA para repatriar a fabricação de chips e limitar seu fornecimento a rivais tecnológicos, como a China, e a ameaças bélicas, como Irã e Coreia do Norte, também é do interesse das Big Techs.
Com o lema "Make America Great Again" (Fazer a América Grande de Novo, em tradução literal), Trump quer forçar o maior número de empresas possível a se instalar nos EUA.
Obteve uma vitória quando a Nvidia, principal fabricante de chips do mundo, anunciou que vai investir US$ 500 bilhões nos EUA para fabricar supercomputadores de IA e passará a produzir chips de IA em solo americano na planta da TSMC.
Já no Brasil, a história é outra. A estatal Ceitec, uma das poucas desenvolvedoras de semicondutores da América Latina, quase foi encerrada durante o governo de Jair Bolsonaro, mas passou por uma recente revitalização Isso não significou sua segurança total.
Em novo episódio de Deu Tilt, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, o jornalista ressalta, contudo, que há ainda algumas movimentações sendo feitas no governo para impulsionar a empresa.
É certo que ela nunca deu lucro e sempre consumiu muita grana do Tesouro, mas uma iniciativa de chips vai isso mesmo até deslanchar. Quando deslancha traz uma capacidade produtiva gigantesca para o país
Helton Simões Gomes
Para Diogo Cortiz, o investimento não deve ser encarado apenas sob a ótica do retorno financeiro, mas também do ponto de vista da soberania nacional. Não se trata de ultrapassar empresas como a Nvidia, mas de iniciar algo que pode ser bom para o país a longo prazo.
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Daqui a 5 anos, ao atingir esses 3% de consumo, a IA vai se igualar a aviação civil, que é usada por muito mais pessoas do que quem usa IA
Helton Simões Gomes
Para alguns países, os pesquisadores da agência conseguiram mensurar a tendência de consumo da IA em relação a outros segmentos econômicos que consomem eletricidade intensamente. Nos cálculos da agência, a previsão é que os Estados Unidos gastem mais energia com IA do que na fabricação de bens de consumo e itens como alumínio, aço e produtos químicos.
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DEU TILT
Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo às 15h.