Topo
Entretenimento

OPINIÃO

Festa dos 60 anos da Globo serviu para provar que no meu tempo era melhor

Angélica  - Divulgação/TV Globo
Angélica Imagem: Divulgação/TV Globo
do UOL

Chico Barney

28/04/2025 14h16

Não me considero um sujeito saudosista, mas pelo visto até isso ficou no passado. Observando a retrospectiva que a Globo está fazendo em virtude dos seus 60 anos, cheguei à triste conclusão de que no meu tempo tudo era muito melhor.

Tento não colocar essa questão como um posicionamento amargurado de quem chora pelos dias que já passaram, mas pelo menos na perspectiva de que o futuro tem muito a aprender com o passado. Uma TV melhor é possível. Já foi, pelo menos.

Desde quinta-feira a Globo está promovendo uma sequência de homenagens à sua própria história. Uma egotrip mais do que merecida, já que é também a história de todos nós, especialmente aqueles nascidos no século XX.

Primeiro foi o Vídeo Show especial, um programa que teve uma morte lenta e dolorosa em 2019. As novidades do breve retorno, como o quadro em que humoristas refaziam personagens de antigamente e também o quadro em que influenciadores refaziam personagens de antigamente, mostraram que o programa ainda aguarda ideias melhores para merecer um retorno definitivo.

Mas quando apresentou suas atrações clássicas, como a gloriosa cobertura dos bastidores da Globo, assim como o espetacular Falha Nossa com Ed Gama e Marcos Mion, aí o Vídeo Show deu saudades a ponto de aquecer o coração. As novelas atuais se beneficiariam muito com esses quadros no ar.

Ainda melhor foi o Vídeo Game no sábado. O principal trunfo do programa apresentado pela Angélica foi fazer tudo igualzinho ao que era antes. Sem inovações, sem reinventar a roda. Apenas as dinâmicas de sempre com gente famosa e carismática envolvida -Xuxa e Porchat com seus cônjuges no caso.

Para não dizer que não reclamei de nada, acho que os influenciadores que estavam na plateia -Diva Depressão, Dantas e Muka, poderiam ter sido melhor explorados de alguma outra forma além da mera presença VIP.

Ao longo do dia, Marcos Mion ainda empreendeu uma boa homenagem aos anos 80 e também à Fátima Bernardes no Caldeirão, enquanto Serginho Groisman apresentou o funcionamento da Globo de São Paulo de um jeito muito interessante -a gente normalmente pensa só nos Estúdios Globo em Curicica.

Luciano Huck fez um Domingão de colecionador homenageando os programas de auditório de outrora. Silvio Santos, Chacrinha e principalmente o Faustão garantiram ótimos momentos. Rever o palco cheio de artistas participando do Sexolândia foi uma experiência quase lisérgica.

A simplicidade dos formatos de outrora, confiando no carisma e na desenvoltura de seus contratados, era um grande trunfo da Globo. Infelizmente as coisas ficaram mais engessadas, enquanto a internet vai justamente na maré contrária.

Espero que esse vislumbre em tempos mais simples inspire os próximos 60 anos da emissora e da TV aberta como um todo. Menos teleprompter e mais gente talentosa deixando o verbo delirar.

Hoje a festa continua com o grande evento especial de 60 anos após a estreia oficial de Odete Roitman na trama do remake de Vale Tudo. O passado já começou.

Voltamos a qualquer momento com novas informações.

Entretenimento