'The Last of Us': saiba se o fungo zumbi da série existe na vida real

A segunda temporada de "The Last of Us" chegou ao HBO e à Max com o desenrolar da história de Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey) após massacre no hospital dos vagalumes. A volta da série após três anos tem movimentado as redes sociais com curiosidades da trama originada de jogo de videogame homônimo de Playstation e levantou, mais uma vez, o questionamento: existe o fungo zumbi?
Existe o fungo zumbi de 'The Last Of Us'?
"The Last of Us" apresenta os fungos Cordyceps e Ophiocordyceps como causadores de uma terrível pandemia que transforma humanos em zumbis num cenário apocalíptico. Os dois fungos existem, sim, na vida real e são conhecidos como "zumbis", porque têm a capacidade de invadir corpos de animais invertebrados e assumir o sistema nervoso deles.
Segundo o Instituto Butantan, existem cerca de 400 espécies somente do gênero Cordyceps na natureza, mas não há estudo que comprove a sobrevivência do fungo da série em humanos. "Este fungo realmente transforma a formiga em um zumbi porque secreta neurotoxinas dentro do animal, que então comprometem o funcionamento dos músculos do inseto, alterando o seu comportamento no formigueiro. Após ser infectada, a formiga fica desnorteada e começa a procurar por locais mais iluminados, e acaba saindo do formigueiro. Nesse processo, ela espalha os esporos do fungo que já tomam o seu corpo", explica a biotecnologista Tainah Colombo Gomes, do Laboratório de Desenvolvimento e Inovação do Instituto Butantan.
A infecção pelo fungo - com duração de 2 a 5 dias - torna o corpo da formiga todo esbranquiçado, com aspecto semelhante ao mofo. Em resumo, os insetos ficam cheios de esporos microscópicos por dentro e por fora, os membros da formiga começam a ser paralisados por ação das neurotoxinas. Incapaz de se mover, a formiga morre e os resíduos de seu corpo inerte continuam sendo úteis como alimento para o fungo.
"Este fungo faz com que a formiga tenha um comportamento muito específico: ao sair do formigueiro, ela se agarra a uma planta próxima e, já fixada, cresce em sua cabeça o corpo frutífero, que é o órgão reprodutor do fungo. É por onde o Cordyceps libera seus esporos, que podem infectar outras formigas ali mesmo, serem depositados no solo, ou serem levados pelo vento ou insetos para outros locais", descreve técnico sênior do Laboratório de Desenvolvimento e Inovação (LDI) Rafael Conrado.
Os criadores de "The Last of Us", Bruce Straley e Neil Druckmann, criaram um cenário em que o fungo evolui para afetar humanos. Na série, o fungo fictício passa por mutações que permitem sua transmissão via alimentos contaminados, levando a uma rápida disseminação global.
Com o sucesso da série e o jogo de videogame, surgiram questionamentos sobre a possibilidade de um evento semelhante ocorrer na vida real. No documentário Planet Earth (BBC), os cientistas afirmam que embora infecções fúngicas possam afetar o sistema nervoso humano, a ideia de um fungo agir em mentes humanas não passa de pura ficção. Fungos como o Cryptococcus podem causar doenças graves, mas geralmente afetam apenas indivíduos com sistemas imunológicos comprometidos.