Golpe, vícios: o que mostram vídeos da 'família mais incestuosa do mundo'

A família Whittaker, de West Virginia, nos EUA, é considerada "a mais incestuosa do mundo". Uma série de relações sexuais consanguíneas fez com que vários descendentes nascessem com graves problemas cognitivos e motores, mais perceptíveis nas dificuldades de fala e raciocínio —alguns deles se comunicam por grunhidos e "latidos".
O fotógrafo Mark Laita expôs os Whittaker ao mundo em 2004 em uma fotografia do livro "Created Equal" e passou a publicar vídeos documentais sobre eles no YouTube a partir de 2020. Essas gravações dão mais detalhes do cotidiano da família, que tem uma árvore genealógica bastante complexa.
Em um dos vídeos, Laita revela que levou um golpe de um dos membros da família. Ele doou mil dólares para BJ, filha de Larry Whittaker, após ela mentir que o pai havia morrido e que precisava de dinheiro para o funeral. Depois, Laita viajou até o estado para confrontá-la, e BJ admitiu que precisava do dinheiro para comprar drogas.
Em outro vídeo, netos de Larry Whittaker contam que a família foi gravemente afetada pelo vício em drogas. Brandon e Luis, irmãos de 19 e 21 anos, foram abandonados pela mãe na casa da família com meses de idade e chegaram a ser levados por assistentes sociais quando tinham seis anos após um caso de violência doméstica na residência. A mãe dele começou com um vício em remédios que progrediu para metanfetamina, heroína e, por fim, o crack.
Os dois esperam deixar a região, que veem como um lugar problemático para crescer. Luis, de 19 anos, já tem três filhos, enquanto Brandon não tem nenhum e trabalha em uma pizzaria. Apesar da dificuldade na fala, os dois conseguem se expressar melhor que o avô e os outros parentes.
Tenho medo [da onda de vício em drogas] todos os dias. Não quero me ver fazendo isso. Eu já vi minha mãe fazendo isso demais e é algo que não quero fazer. Luis
Jason Whittaker, um dos primos da família, também era viciado em drogas e passou oito anos preso por um crime sexual. Ele abusou sexualmente de uma adolescente em 2001.
Em outros vídeos, Laita acompanha os Whittaker em algumas atividades, como uma ida ao supermercado ou ao barbeiro. No vídeo que mostra a ida ao barbeiro, alguns irmãos têm dificuldades para se ajustar à situação: uma não consegue sentar direito na cadeira enquanto outro fica agitado enquanto o profissional faz a barba com uma lâmina.
Laita segue publicando atualizações sobre a família Whittaker em seu canal no YouTube, e o mais recente foi postado há dois meses. Os 19 vídeos divulgados por Laita somam mais de dez milhões de visualizações e centenas de milhares de comentários que discutem a situação da família.
Quem são os Whittaker?
Os Whittakers residem na cidade de Odd, no estado de Virgínia Ocidental, que fica perto da costa leste nos Estados Unidos. Eles moram em casas e trailers sujos e mal conservados, com vários cachorros de estimação. Segundo os dados mais recentes disponíveis, de 2023, Odd tem uma população de 779 pessoas.
Os irmãos Betty, Lorraine, Larry e Ray vivem com outros membros da família. Alguns filhos, netos e primos moram na casa, enquanto outros já se mudaram e vivem em outros lugares.
O pai e a mãe, já mortos, eram primos de primeiro grau duplos. Ou seja, têm em comum os mesmos pares de avós. Com o passar das gerações, os descendentes foram desenvolvendo transtornos mentais e físicos por conta de doenças autossômicas dominantes.
Apesar da situação inusitada, os Whittakers são respeitados pela vizinhança. Durante uma das visitas, o documentarista foi abordado por um vizinho armado, que ameaçou usá-la se a equipe de produção não os deixasse em paz. "Eles não gostam que as pessoas venham ridicularizar essas pessoas", disse Laita ao jornal New York Post, em 2023.