Rob Halford, do Judas Priest: 'As memórias do metal são intactas no Brasil'

Uma das maiores bandas de heavy metal de todos os tempos está de volta ao Brasil. Os ingleses do Judas Priest são uma das atrações mais aguardadas do Monsters of Rock 2025, que acontece em São Paulo no próximo dia 19 de abril, no Allianz Parque.
O TOCA conversou com o carismático Rob Halford, que não escondeu o carinho pelo país: "Quando voltamos ao Brasil, a sensação é que nunca fomos embora, porque há uma conexão constante", declarou, rasgando elogios ao público brasileiro. "É um amor muito puro."
Com mais de cinco décadas de carreira, o Judas desembarca desta vez com a elogiada turnê do disco "Invincible Shield". O álbum foi bem recebido por público e crítica, e garantiu à banda mais uma indicação ao Grammy — o grupo já soma seis indicações e uma vitória na premiação.
Além da apresentação no Monsters of Rock, o Judas Priest também fará outros dois shows no Brasil: no dia 16 de abril, em Brasília (Estádio Mané Garrincha), e no dia 20, em show solo em São Paulo (Vibra), com abertura do Queensrÿche.
Esta será a 9ª passagem dos autointitulados Deuses do Metal pelo país — desde 1991. O show no Monsters of Rock também marca o retorno da banda ao tradicional festival de metal, no qual tocaram duas noites memoráveis em 2015.
Aos 73 anos, Rob Halford segue com fôlego de garoto, atento ao cenário de metal atual -- e até comentou sobre uma possível reunião de outro projeto marcante que liderou: o Fight, que lançou dois álbuns nos anos 1990 após sua saída temporária do Judas Priest.
A entrevista foi realizada antes da notícia da morte do baterista original da banda, Les Binks, aos 73 anos. "A aclamada bateria que ele apresentou foi de primeira classe -- demonstrando suas técnicas únicas, talento, estilo e precisão", lamentou a banda em seu Instagram.
Veja os principais trechos da entrevista:
TOCA - Vamos falar sobre o Monsters of Rock. O Judas Priest será headliner desse line-up incrível, junto com o Scorpions. O que você pode nos contar sobre esse show? O que vocês estão preparando?
Rob Halford: Antes de tudo, estamos muito empolgados para voltar e reencontrar todos os nossos incríveis brasileiros maníacos por Heavy Metal. É uma alegria imensa voltar a um lugar onde a gente já sabe que a noite vai ser insana, selvagem.
Esse novo álbum foi muito importante pro Priest — e, eu diria, pro metal como um todo. Amigos de outras bandas de metal também estão fazendo trabalhos marcantes, grandes declarações de amor ao metal. E agora a gente tá levando essa declaração de peso ao Brasil pela primeira vez.
O foco é sim no álbum novo, mas também vamos honrar clássicos como "Breaking the Law", "Painkiller", "Living After Midnight"... todas essas músicas incríveis que a gente ama tocar — e que os fãs adoram ouvir.
Você sente que o metal está em uma posição melhor agora do que há alguns anos? Existem muitas bandas emergentes de metalcore, hardcore, metal extremo, deathcore...
A música é um organismo vivo, que respira. De geração em geração, músicos e fãs estão sempre em busca de uma nova experiência. A boa notícia é que os alicerces do heavy metal, os blocos de construção do gênero - bandas como Judas Priest, Iron Maiden, Metallica - continuam firmes.
O incrível sobre essas bandas que mencionei é que há algo muito puro nesse tipo de metal. São as raízes, as origens, o começo do som, do sentimento, da atitude, da vida, da comunidade. Esse estilo particular de metal continua tão forte como sempre foi. Somos como uma grande árvore do metal
O que me deixa muito feliz é que uma banda como o Priest ainda é relevante, mesmo depois de tantas décadas. Isso é inacreditável, é incrível. É um grande caleidoscópio, e você pode escolher o tipo de metal que mais te agrada.
Você escuta bandas mais novas? Talvez Lorna Shore?
Sim, Lorna Shore, esse cara é insano! Amo a voz dele. Adoro caras que fazem coisas extremas com a voz. Eu já fazia isso desde o primeiro dia, sabe? É interessante ver esse tipo de elemento vocal ressurgindo em diferentes estilos e formatos.
Eu escuto todo tipo de banda. Sempre senti que, como músico, é importante estar ciente do que está acontecendo ao seu redor.
Ultimamente, tenho me interessado por Sleep Token. Acho que eles estão fazendo algo meio que revolucionário. Algumas pessoas os comparam ao Tool, mas acho exagero. Eles são uma banda muito incomum, muito diferente, que está fazendo coisas que nunca ouvimos antes. Esses caras não tem barreiras, assim como o Priest.
Que legal! Você tem alguma lembrança divertida ou história interessante sobre os shows do Priest no Brasil?
Os fãs brasileiros são incrivelmente apaixonados! Às vezes, eu nem consigo dormir porque tem gente gritando na porta do hotel: 'Judas Priest! Judas Priest!', no meio da madrugada, quando estou tentando dormir, mas eu amo isso!
Já falei tantas vezes sobre a paixão, o comprometimento... Sempre digo que a comunidade do metal é como uma família.
Quando voltamos para um lugar como o Brasil, sentimos esse reforço de amor, apoio, crença e comprometimento com o poder do metal no seu nível mais alto. Os fãs são os que movem qualquer banda. Acho que posso falar por todas as bandas que não são do Brasil: quando têm a sorte de tocar aí, saem completamente impactadas.
O Lacuna Coil esteve recentemente aí e a Cristina (Scabbia) estava enlouquecida com a recepção do público.
Na América do Sul, especialmente no Brasil, as memórias do metal ficam sólidas e intactas. Quando voltamos, parece que nunca fomos embora, porque há uma conexão constante
Sempre vejo isso nos algoritmos das minhas redes sociais, especialmente no Instagram. O Brasil está sempre aparecendo, com fãs cantando músicas do Judas Priest, guitarristas tocando os nossos solos...
Isso mostra o comprometimento extraordinário que os fãs brasileiros têm com o Priest. Amamos vocês por isso e agradecemos de coração. Estamos ansiosos para reacender a fogueira do metal novamente.
Estamos vivendo uma época em que muitas bandas estão se juntando para turnês de reunião. Podemos esperar uma reunião do Fight em breve?
Um amigo meu, que é tour manager, estava recentemente no México com a Shakira - ele trabalha na segurança dela. Ele entrou em uma loja de discos e viu um cara olhando os vinis. E na cabeça do cara tinha uma enorme tatuagem da logo do Fight.
Meu amigo me mandou um Snapchat dizendo: "Olha isso, Metal God!"
O Fight tem muitos fãs por lá. Esse meu amigo cuidava de mim na época do Fight. Então, quando chegam os aniversários de álbuns como "War of Words" (1993) e "A Small Deadly Space" (1995), eu sempre penso sobre isso.
Recentemente, vi o Jay Jay [Brown, baixista] num show do Priest em Ohio [nos Estados Unidos] e conversamos sobre isso. O Brian [Tilse, guitarrista] é brilhante e está tocando, o Satchel [apelido do guitarrista Russ Parrish] também vi recentemente na Europa com o Steel Panther, e claro, o Scott [Travis, baterista]... Não vou falar nada do Scott, mas... (risos).Ou seja, a banda existe, sabe?
Eu tenho tantos sonhos que ainda quero realizar. Gostaria muito de tentar fazer algo com o Fight. Sei que, quando tocamos aí, as pessoas enlouqueceram pelo Fight. O som, as músicas... tudo era muito intenso. Se acontecer, eu pego um avião para o Brasil e trago a banda comigo!
Serviço:
Monsters of Rock 2025 - 30 anos
Local: Allianz Parque - Avenida Francisco Matarazzo, 1705 - Água Branca, São Paulo - SP
Data: Sábado, 19 de abril de 2025, às 10h; Início dos shows: 11h45
Atrações confirmadas:
Scorpions, Judas Priest, Europe, Savatage, Queensrÿche, Opeth e Stratovarius
Ingressos (valores sujeitos a alteração por lote e taxa de serviço):
Cadeira Superior: R$ 480 (inteira) / R$ 240 (meia)
Cadeira Inferior: R$ 780 (inteira) / R$ 390 (meia)
Pista: R$ 680 (inteira) / R$ 340 (meia)
Pista Premium: R$ 1.180 (inteira) / R$ 590 (meia)
Fanzone (Cadeira Inferior): R$ 2.000 (inteira) / R$ 1.610 (meia)
Fanzone (Pista Premium): R$ 2.400 (inteira) / R$ 1.810 (meia)
Backstage Mirante: R$ 2.800 (inteira) / R$ 2.210 (meia)
Vendas: Ingressos disponíveis no site oficial da Eventim: eventim.com.br/artist/monsters-of-rock