Marion Cotillard compara sua imagem pública a efeito distorcido da câmera em filme que promove em Berlim
BERLIM (Reuters) - A atriz francesa Marion Cotillard disse que sua própria imagem pública é como os reflexos distorcidos capturados pela câmera amaldiçoada em seu último filme "A Torre de Gelo" -- separados da realidade.
Promovendo o filme, baseado em um conto de fadas de Hans Christian Andersen, no Festival de Cinema de Berlim no domingo, Cotillard disse que sua verdadeira persona difere da percepção do público.
"O público em geral, o público sempre inventou a vida de atores que nunca conheceu", o que está muito longe da realidade, disse ela a jornalistas na capital alemã.
"Às vezes você sente que conseguiu viver consigo mesmo, amar a si mesmo. E então há recaídas, porque algo acontece em sua vida que faz você se olhar novamente com julgamento e dureza."
Cotillard, que ganhou um Oscar em 2008 por "La Vie En Rose", disse que, embora tente se proteger o máximo possível dessa percepção, às vezes isso ainda a afeta.
"Seja um feedback positivo ou negativo, é sempre... um espelho, um espelho totalmente distorcido", disse ela.
"A Torre de Gelo", da diretora francesa Lucile Hadzihalilovic, é um dos 19 filmes que competem pelo prêmio máximo do Urso de Ouro.
Ele é baseado no conto de fadas "A Rainha da Neve", de Andersen, que também serviu de inspiração para o popular filme da Disney "Frozen"
No conto, a rainha da neve tem um espelho amaldiçoado que distorce a aparência de tudo o que reflete para mostrar apenas os piores aspectos.
Na versão de Hadzihalilovic, ambientada na Paris dos anos 1970, o espelho é substituído por uma lente de câmera que está sendo usada para filmar A Rainha da Neve, protagonizado por Cotillard no papel da bela mas indiferente Cristina.
A fugitiva Jeanne, interpretada pela novata Clara Pacini, abriga-se no estúdio de filmagem e rapidamente fica encantada por Cristina, que retribui o afeto -- mas, eventualmente, a um custo.
Cotillard chamou a decisão de substituir o espelho de "realmente profunda" e disse que "ela diz muito sobre o mundo em que vivemos hoje em dia".
A atriz acrescentou que só se deparou com a fábula original de Andersen bem mais tarde na vida.
"Demorei um pouco para perceber que o filme da Disney estava muito, muito distante da narrativa original", disse ela.
(Reportagem de Miranda Murray e Swantje Stein)