Filme de diretor israelense aborda horror do ataque do Hamas em 2023

Para Tom Shoval, fazer o filme "A Letter to David" ("Uma carta para David") foi uma forma de garantir que seu amigo David Cunio não fosse apenas um rosto em um pôster sequestrado após o ataque liderado pelo Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, durante o qual mais de 250 reféns foram levados para Gaza por militantes.
O material de imagens chegando no dia do ataque, que deixou pelo menos 1.200 pessoas mortas, era "sem censura, sem filtro, sem dignidade, sem nenhuma maneira de olhar para a perspectiva e entender algo — apenas horror, horror, horror", disse Shoval à Reuters.
Foi "essa explosão de imagens, de carnificina e violência, violência gráfica, que quase nos deixa cegos", disse ele. "Você não consegue realmente ver a pessoa. Você só vê o horror".
No filme, que estreou no Festival de Cinema de Berlim na sexta-feira, Shoval queria mostrar que Cunio, que continua refém, era alguém com motivações, sonhos e pesadelos.
"Eu queria mostrar isso e libertar a pessoa desse horror que estava cegando a todos nós", disse ele.
O resultado foi "A Letter to David", uma mensagem cinematográfica profundamente pessoal de Shoval para Cunio, que estrelou, junto com seu irmão gêmeo, o primeiro longa-metragem do diretor, "Youth" (Juventude), de 2013.
O filme usa imagens de "Youth", além de vídeos caseiros gravados pelos Cunios durante a produção do filme.
Isso é contrastado com as filmagens feitas por Shoval no kibutz dos Cunios nas semanas e meses após o ataque, mostrando como a comunidade unida foi transformada por ele.
"Senti que tinha que falar com ele de alguma forma", disse Shoval. "Sou cineasta e essa é a única maneira de abordar o assunto."
No vídeo caseiro íntimo, os gêmeos Cunio filmam seu dia a dia no Kibbutz Nir Oz: passeando por um laranjal, pregando peças no telhado, flertando com garotas.
"Assistir a essas filmagens antigas foi de arrepiar", disse Shoval.