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Salman Rushdie ficará frente a frente com agressor em julgamento por tentativa de assassinato

10/02/2025 12h21

Por Jonathan Allen

MAYVILLE, Estados Unidos (Reuters) - Um júri ouvirá nesta segunda-feira as declarações iniciais dos advogados no julgamento de Hadi Matar, acusado de tentar assassinar o escritor Salman Rushdie durante uma palestra em Nova York.

Rushdie deverá estar entre as primeiras testemunhas a depor no Tribunal do Condado de Chautauqua em Mayville, Nova York, a poucos minutos ao norte da Chautauqua Institution, um refúgio artístico rural onde o escritor foi esfaqueado em agosto de 2022.

Matar, 26 anos, pode ser visto em vídeos correndo para o palco da instituição quando Rushdie estava sendo apresentado ao público para uma palestra sobre como manter os escritores a salvo de danos. Rushdie, 77 anos, foi esfaqueado várias vezes na cabeça, no pescoço, no tronco e na mão esquerda, cegando seu olho direito e danificando seu fígado e intestinos.

Matar se declarou inocente das acusações de tentativa de homicídio em segundo grau e agressão em segundo grau apresentadas pelo promotor público do condado de Chautauqua. Rushdie tem sofrido ameaças de morte desde a publicação de seu romance "Os Versos Satânicos", em 1988.

Rushdie publicou um livro de memórias sobre o ataque e sua longa recuperação, no qual ele imagina uma conversa com seu agressor. Ele disse que acreditava que iria morrer no palco da Chautauqua Institution.

Rushdie, que foi criado em uma família muçulmana da Caxemira, escondeu-se sob a proteção da polícia britânica em 1989, depois que o aiatolá Ruhollah Khomeini, então líder supremo do Irã, declarou que "Os Versos Satânicos" era uma blasfêmia. A fatwa (decreto religioso muçulmano) de Khomeini, conclamou os muçulmanos a matar o escritor e qualquer pessoa envolvida na publicação do livro, o que levou a uma recompensa multimilionária e ao assassinato do tradutor japonês de Rushdie, Hitoshi Igarashi, em 1991.

Em 1998, o governo iraniano disse que não apoiaria mais a fatwa, e Rushdie encerrou seus anos de reclusão, tornando-se um frequentador assíduo de reuniões literárias na cidade de Nova York, onde mora.

Após o ataque, Matar disse ao New York Post que viajou de sua casa em Nova Jersey depois de ver o anúncio do evento de Rushdie porque não gostava do escritor, dizendo que Rushdie havia atacado o Islã. Matar, que tem dupla nacionalidade, norte-americana e libanesa, disse na entrevista que ficou surpreso com o fato de Rushdie ter sobrevivido, informou o Post.

O julgamento de Matar foi adiado duas vezes, mais recentemente depois que seu advogado de defesa tentou, sem sucesso, transferi-lo para um local diferente, dizendo que Matar não conseguiria um julgamento justo em Chautauqua. O julgamento está sendo realizado em Mayville, uma cidade à beira do lago com cerca de 1.500 habitantes, perto da fronteira com o Canadá.

Se for condenado por tentativa de homicídio, Matar poderá pegar uma pena máxima de 25 anos de prisão.

Matar também enfrenta acusações federais apresentadas por promotores do escritório do procurador dos EUA no oeste de Nova York, acusando-o de tentar assassinar Rushdie como um ato de terrorismo e de fornecer apoio material ao grupo armado Hezbollah no Líbano, que os EUA designaram como uma organização terrorista. Matar deve enfrentar essas acusações em um julgamento separado em Buffalo.

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