Após polêmicas envolvendo a atriz Karla Sofía Gascón, protagonista do filme "Emilia Pérez", a Netflix agiu rapidamente e passou a se concentrar onde ainda mantém chances de ganhar o Oscar, opinou o colunista Roberto Sadovski no UOL News, do Canal UOL, nesta terça-feira (4).
A Netflix foi muito ligeira e tirou a Karla Sofía Gascón da campanha do Oscar deles, pelo menos hoje, nesse momento de visibilidade, porque eles vão se concentrar onde o filme pode ganhar, que é, de fato, em filme internacional. Roberto Sadovski, colunista do UOL
Na semana passada, usuários das redes sociais resgataram mensagens antigas de Gascón, publicadas entre 2017 e 2014, com opiniões polêmicas e preconceituosas. Nos conteúdos divulgados, a atriz chama o segurança George Floyd —vítima de violência policial nos EUA— de "vigarista viciado em drogas" e ironiza uma família muçulmana, apontando-os como "asco mais profundo para a humanidade". Nos posts, ela também questiona a diversidade do Oscar. Gascón admitiu a publicação das mensagens e, aos prantos, pediu desculpas durante entrevista à TV.
Após a repercussão negativa, Gascón foi afastada da campanha do filme ao Oscar, conforme informou o site de notícias especializado "The Hollywood Reporter". Ela estava prevista para divulgação ao lado do diretor Jacques Audiard e das colegas de elenco, Selena Gomez e Zoe Saldaña, mas ficou de fora.
Ao Canal UOL, Sadovski também culpou a Netflix —que detém os direitos de distribuição do longa nos Estados Unidos— por não preparar melhor a sua atriz para as entrevistas.
Eu estou achando todo esse movimento da Karla Sofia Gascón, assim, a maior implosão pública de uma artista. Eu nunca vi uma artista agir contra a própria imagem. Então, em vez de ser comedida e de tentar entender o que está acontecendo, ela continua adicionando camadas horrorosas em cima da própria imagem. É péssimo para ela, para uma pessoa trans, péssima para a campanha do filme.
[A produção do filme] deve estar em modo desespero agora, porque o último material que eu vi do 'Emilia Pérez' simplesmente ignora a existência da Gascón, o que é um absurdo. Ela está indicada na categoria de Melhor Atriz, e ela está fora. Mas eu acho também que existe uma falta de tato da própria Netflix, que é a dona do filme, nos Estados Unidos, em preparar a atriz, em fazer um media training [preparo de um profissional para falar com a imprensa] um pouco melhor.
Então, a impressão que fico é que ela [Gascón] foi meio que largada aos lobos, porque eu não entendo como que um estúdio faz uma campanha cara para o Oscar de um filme e não dá uma geral nas publicações em redes sociais. Roberto Sadovski, crítico de cinema e colunista do UOL
A nova controvérsia veio logo após Gascón sugerir, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que a equipe de Fernanda Torres e de "Ainda Estou Aqui" teria articulado ataques contra ela. Gascón e Fernanda disputam a categoria de Melhor Atriz, e Emília Perez é o principal concorrente de Ainda Estou Aqui ao prêmio de Melhor Filme Internacional. Ambos também disputam a estatueta de Melhor Filme.
A 97ª edição do Oscar vai acontecer no dia 2 de março em 2025, domingo de Carnaval, a partir de 21h (de Brasília).
Líder do PT: boné azul é contraponto ao bolsonarismo
No UOL News, o senador Rogério Carvalho (PT-SE), líder do PT no Senado, admitiu a dificuldade do governo Lula (PT) e citou a necessidade de mudar o jeito de falar com povo para não perder a guerra da comunicação que trava com bolsonaristas.
Ou a gente aprende a dialogar com o senso comum, de forma direta, objetiva, tocando em questões que faz parte do sentimento do povo brasileiro e instiga as reações, ou a gente vai perder essa guerra da comunicação.
A esquerda tem um vício que é sempre fazer análises mais complexas, não se baseia nos fatos. Isso cria uma forma de diálogo com a sociedade muito mais fechado.
Então, eu acho que é preciso entender que este momento é o momento de dialogar com o senso comum, mas sem perder aquilo que é essência. Então, de fato, a esquerda tem uma dificuldade na sua própria forma de pensar e de se comunicar, muito menos factual, muito mais histórico, e isso é uma desvantagem em tempos de estímulo-reflexo, em tempos de algoritmo. Rogério Carvalho, líder do PT no Senado
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Josias: 'governo adere à macaquice do bolsonarismo'
Ainda durante o UOL News, o colunista Josias de Souza afirmou que o Governo Lula aderiu à macaquice importada pelos bolsonaristas em ação dos bonés, mas o efeito político é pequeno.
O Donald Trump utilizou o boné agora. Ele já utilizava antes, que é uma característica daquele Movimento MAGA, (America Make America Great Again, ou faça os Estados Unidos, a América grande novamente), e já tinha sido incorporado ao bolsonarismo, isso no primeiro mandato do Donald Trump.
O Eduardo Bolsonaro foi quem mais utilizou esse boné, depois ele fez até uma versão nacional (Make Brazil Great Again). O Bolsonaro também usou. O próprio Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, adornou a sua cabeça com um boné com essa mensagem.
Então, o petismo, o governo está aderindo a essa macaquice. O ministro Ricardo Padilha diz ter ouvido a sugestão, trouxe para o Sidônio [Palmeiras], elaborou o slogan 'O Brasil é dos brasileiros'. É um slogan meio fraco. E aí inspirou o deputado bolsonarista, que disse que 'sempre que eles nos imitarem, nós revidaremos e com mais tenacidade'. Veio a oposição e fez um circo ontem na sessão inaugural do Congresso.
Colocaram ali sobre as orelhas esse boné, uma mensagem provocativa, pedindo comida barata novamente, Bolsonaro 2026. Ele está inelegível, é improvável que recupere a elegibilidade. E comida barata, novamente, é algo que o bolsonarismo não tem autoridade para pedir. Quem não se lembra na gestão Bolsonaro da fila do osso? Josias de Souza, colunista do UOL
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