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Caco Barcellos: 'Medo é essencial pra ter cuidado e consciência dos riscos'

do UOL

De Splash, em São Paulo

04/02/2025 05h30

Caco Barcellos, 74, comanda a estreia da 19ª temporada do Profissão Repórter nesta terça-feira (4). Com mais de 40 anos de carreira, o jornalista celebra ter uma atração na Globo em que pode viver o lado romântico da profissão e ressalta que o frio na barriga e o medo são o que o movem em busca de uma boa história.

Claro que existe frio na barriga. Ele sempre arrepia. Eu não gosto do medo, [mas] temos que conviver com ele. Aliás, o medo é essencial para termos mais cuidado na vida, mais juízo, mais consciência dos riscos em volta.
Caco Barcellos, em entrevista exclusiva para Splash

"Não me sinto professor"

A nova temporada do Profissão Repórter estreia com a missão de mostrar os bastidores da notícia e traz o projeto chamado "Mochilão". A atração irá a lugares de difícil acesso para revelar como é a vida das pessoas que moram em pontos mais distantes das capitais.

Achamos maravilhosa a possibilidade de ir atrás da boa história, onde a boa história estiver, sobretudo se a história tem relevância pública. A expectativa é continuar merecendo a confiança das pessoas que nos assistem e uma maneira de tentar conquistar a confiança é estando perto. Por isso, a gente pratica desde sempre o jornalismo de rua mais radical, que é um gênero romântico, apaixonante, sobretudo porque é a oportunidade de estar perto das pessoas.

O jornalista diz acreditar que o Profissão Repórter conquistou seu espaço na TV por trazer boas e novas histórias a cada temporada. "Como somos contadores de história real, basta a gente pensar: 'vamos atrás de novas histórias' e sempre há possibilidade de novidade. A essência da notícia também é aquilo que chama atenção e que é, geralmente, desconhecido".

Há também histórias que se repetem, mas aí tem o contexto daquela história e não deixa de ter relevância algo que se repete todo dia, como a violência, por exemplo. Se tem situações de morte diariamente, não tem como dizer: 'não vou falar porque todo dia acontece'. É mais grave ainda o que está acontecendo e tem que se repetir e buscar a possibilidade de ficar perto dos acontecimentos relevantes. Para nós é muito fácil, não usamos o termo inovar, mas contar novas histórias sempre.

Profissão Repórter revelou nomes para o jornalismo brasileiro em seus quase 20 anos no ar. Indagado sobre ser um professor para uma geração de novos jornalistas, Caco rejeita o posto e diz que a troca de experiência com os jovens enriqueceu sua carreira.

"Não me acho professor. Sinceramente, nessa troca com as novas gerações a gente aprende acho que mutuamente. Não vou também ser aqui falso modesto dizendo que não tenho uma experiência para mostrar, a gente tem, mas os jovens também têm uma belíssima experiência e sobretudo a inquietude da juventude, a inquietude que dá grande importância ao saber, tem muito a trocar. Essa troca eu acho maravilhosa."

Barcellos garante que a nova temporada do Profissão Repórter trará histórias que vão prender a atenção do público. "Já temos uma coleção de boas histórias para contar. Queria muito ter a atenção de vocês e, por favor, também troque conosco, dentro do possível. Adoro que as pessoas se aproximem da gente, de mil maneiras possíveis. Mas, sobretudo, eu gostaria de ter atenção às histórias que contamos."

"Estou em paz"

Caco Barcellos é dono de uma vida discreta. O jornalista não está no hall dos apresentadores de TV cuja vida pessoal conflita ou ganha mais destaque que seu próprio trabalho.

Estou em paz com muitas coisas que me causavam ansiedade e tentando me envolver também com o lado mais pessoal, que às vezes deixava não em segundo plano, mas ia adiando. Tento equilibrar, digamos, depois de uma reportagem que envolva um alto risco e muito tempo de produção, buscar na sequência horas de lazer e de radical envolvimento com coisas mais prazerosas.

Aos 74, ele diz estar feliz em ter encontrado um meio-termo para aproveitar a vida em meio às obrigações do trabalho. "Busco coisas que sejam lúdicas também para a minha vida, a vida dos meus filhos, estar presente na vida deles. Sempre me dediquei muito às viagens, nunca deixei de correr atrás de uma história importante porque tinha algo de lazer. Agora, esse cuidado está me fazendo muito bem. Jogar futebol continuou uma prioridade e leitura, lendo muito, uma maneira também compensando os períodos que eu acho que eu tive pouca leitura. Nunca é demais leitura. Eu estou sempre carente delas."

Jornalista confidencia que, atualmente, tem sonhado ter tempo para realizar a leitura de nomes que personagens que marcaram sua vida. "Aqueles escritores que eu admiro demais, colocar livro lado a lado e passar a exercitar a leitura como a primeira coisa do dia e da vida."

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