Zuckerberg sacrifica paz de usuário em briga que vê até sono como rival
(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: Meta de volta às origens; TikTok, o inimigo nº1; Zuckerberg e a briga contra o sono; O drible da China na IA)
Posts e vídeos sobre política deixam as pessoas irritadas na mesma intensidade em que geram curtidas, comentários e compartilhamentos. Mark Zuckerberg, o CEO da Meta, sabe disso.
Em anúncio no começo de janeiro, o executivo comunicou que Facebook, Instagram e Threads passarão a exibir mais conteúdos desse tipo, além de não contar mais com checadores de fatos —-ao menos nos Estados Unidos— e moderação automática para posts polêmicos que envolvam assuntos como gênero e imigração.
Para além de agradar progressistas ou conservadores, o executivo quer mesmo é ganhar uma batalha que vê até o sono dos usuários como rival. É a briga pelo engajamento.
Um mergulho na maneira como a Meta lida com posts políticos ajuda a entender o poder de engajamento desse tipo de conteúdo.
A empresa começou a frear de vez postagens desse tipo em 2021, pouco depois da eleição de Joe Biden. O embrião da iniciativa surgiu antes disso.
Em 2020 ela [Meta] tinha removido as recomendações de grupos que tratavam sobre política durante a eleição norte-americana, porque tinha percebido que o ambiente estava muito polarizado e esses grupos serviam para circular ainda mais informações que poderiam desestabilizar a corrida presidencial
Helton Simões Gomes
Para saber se cessar conteúdo político daria bons resultados, a empresa começou a fazer testes em ondas. O Brasil foi um dos pioneiros, junto de Canadá, Indonésia e EUA. Essa fase consistiu em pesquisas junto a usuários, que indicavam se gostavam ou não de determinada publicação. A partir das respostas, a empresa direcionava a eles posts que os deixavam mais confortáveis.
Os posts políticos nunca deixaram de engajar os usuários, só que a Meta tirou um pouco o peso desses critérios e passou a considerar o bem-estar das pessoas
Helton Simões Gomes
A mudança foi considerável. Naquele momento, 6% das postagens que circulavam nas redes nos EUA eram de cunho político. Em 2023, eram 3%.
A polarização era um problema tão sério que a Meta teve de atacar o engajamento, um critério crucial para sua sobrevivência.
A maior preocupação hoje de toda grande plataforma de rede social é o tempo de tela. Ou seja, elas querem o máximo de tempo das pessoas dentro dos seus domínios, porque ficando mais tempo lá, vão ver mais anúncios e, no fim do dia, as empresas ganham mais dinheiro
Diogo Cortiz
De maneira geral, todas as plataformas competem entre si e contra toda e qualquer atividade humana que possa tirar os olhos das pessoas das telas. Reed Hasting, cofundador da Netflix, já afirmou que a empresa competia até mesmo com o sono das pessoas.
Para compreender o poder de engajamento de sua plataforma, a Meta realizou estudou e divulgou os resultados.
Uma das pesquisas trouxe conclusões preocupantes. A empresa separou um grupo de usuários. Parte deles recebeu conteúdos distribuídos pelo algoritmo, enquanto o restante recebeu só postagens em ordem cronológica, como era no início das redes sociais.
O resultado mostrou que as pessoas não se polarizaram menos, mas passavam menos tempo nas plataformas e se engajavam menos também. Ou seja, a dinâmica da rede social já gera polarização, o que é amplificado pelo algoritmo, que tem poder para engajar as pessoas.
Por um olhar analítico e pensando no quanto o algoritmo prende as pessoas, não faz sentido a Meta desabilitar o algoritmo, porque as pessoas vão se desengajar muito mais e ter um tempo menor de tela
Diogo Cortiz
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Há dois nomes no primeiro escalão do governo Donald Trump, empossado nesta segunda (20), que terão papel decisivo na vida da Meta. O novo presidente chama os dois de "guerreiros da liberdade de expressão".
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DEU TILT
Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.