Do true crime à 'ficção de cura': 5 livros para começar a semana
Procurando um bom livro para começar a semana? Oferecemos cinco dicas do colunista Rodrigo Casarin e das repórteres Fernanda Talarico e Luiza Stevanatto, de Splash.
As sugestões vão da "ficção de cura", gênero de sucesso recente, ao "true crime", para quem adora uma história verdadeira de arrepiar. Há também crônica, ficção e um clássico de Gabriel García Márquez. Confira:
"Relato de um Náufrago", de Gabriel García Márquez (Record, tradução de Remy Gorga Filho)
Rodrigo Casarin - O título completo do livro é um resumo de sua história: "Relato de um náufrago que esteve dez dias à deriva numa balsa, sem comer nem beber, que foi proclamado herói da pátria, beijado pelas rainhas da beleza, enriquecido pela publicidade, e logo abandonado pelo governo e esquecido para sempre".
Publicado em 1955 no jornal El Espectador, numa série de 14 capítulos, "Relato de um Náufrago" virou livro apenas em 1970. É um exemplo do talento para as narrativas de não-ficção de Gabo e de como o jornalismo, quando bem feito, pode alcançar o valor estético da literatura. Aqui já temos um escritor com grande capacidade de buscar no real histórias que soam fantásticas.
O autor recria a história de Luís Alexandre Velasco, único sobrevivente de um acidente com um barco da marinha colombiana abarrotado de produtos contrabandeados que perdeu oito de seus tripulantes pouco antes de chegar a Cartagena das Índias. Durante mais de uma semana, Luís sobreviveu no mar, à deriva, até que conseguiu chegar semimorto em terra firme.
"Mindhunter: o Primeiro Caçador de Serial Killers Americano", de John Douglas e Mark Olshaker (Intrínseca, tradução de Lucas Peterson)
Fernanda Talarico - Se você está com saudade de "Mindhunter" (Netflix), uma boa opção é ler o livro que inspirou a série. A obra é escrita por John Douglas, ex-agente especial do FBI, o "caçador de serial killers" que entrevistou e estudou dezenas de assassinos, incluindo Charles Manson e Ted Bundy. O autor fala de sua trajetória enquanto reconta as histórias por trás de grandes (e terríveis) crimes reais.
"Erva Brava", de Paulliny Tort (Fósforo)
Rodrigo Casarin - Um pedaço de país feito de muitas motos, algumas camionetes e armas de diferentes calibres. Um pedaço de país onde jovens se afundam no crack ou fingem interesse pelas tradições apenas para tirar um trocado dos mais velhos. Também é um pedaço de país onde a soja é a rainha e um silo de grãos parece ter mais valor do que certas vidas humanas.
Assim é Buriti Pequeno, cidade fictícia localizada em algum canto de Goiás, onde se passam os 12 contos de "Erva Brava", um dos melhores livros do gênero lançados nos últimos anos no Brasil. Paulliny nos apresenta um interior rural marcado por desgraças comumente associadas às cidades grandes e que reproduz, em escala local, os problemas caros ao país. Relações truncadas e hostis, a religiosidade e a maneira fantástica de compreender o mundo fazem parte desse universo.
"Bem-vindos à Livraria Hyunam-dong", de Hwang Bo-Reum (tradução de Jae Hyung Woo)
Luiza Stevanatto - No melhor estilo "faxina mental", esse livro, parte do gênero "ficção de cura", te transporta para uma pequena livraria em um bairro em Seul, na Coreia do Sul. Enquanto Yeongju descobre como administrar a loja, acompanhamos o vaivém de clientes, que trazem consigo também seus dilemas e reflexões. Um livro aconchegante e leve, para desanuviar.
"Cinematógrafo", de João do Rio (Editacuja)
Rodrigo Casarin - Homenageado da Flip deste ano, João do Rio é um dos principais cronistas de nossa história. O jornalista e escritor nasceu em 1881, morreu em 1921 e viveu num Rio de Janeiro que passava por enormes transformações. Retratou as mudanças sociais, urbanísticas e culturais da cidade nos textos que escrevia para jornais da época.
"Cinematógrafo" é uma boa coletânea desses artigos. Tivesse que destacar um, citaria "Os Esnobes e a Exposição", onde lemos: "O esnobe é um animal com todos os ridículos e todas as vulgaridades pretensiosas. O nosso tem mais uma: acha feio ser brasileiro".
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