A apresentação de Anitta no Rock The Mountain no domingo (10) era não apenas o momento mais esperado do festival, mas um dos shows mais aguardados do Brasil em 2024.
Afinal, seria o primeiro show em terras brasileiras da turnê Baile Funk Generation, que até então só tinha sido apresentado para plateias nos EUA.
E o show promove o excelente sexto álbum da artista, "Funk Generation". Lançado em 2024, foi aclamado pela maneira criativa como reciclou sonoridades mais antigas do funk.
O amplo gramado do festival estava compactado de gente quando as primeiras imagens piscaram. Referências a candomblé e ancestralidade indígena aparecem no telão. "Não vim para confundir, vim para misturar", ecoa a voz de uma narradora.
Em seguida, Anitta aterrissa sem deixar ninguém com tempo para pensar muito. Usando top vermelho com harness, ela abre o show com "Funk Rave", hit de 2023 com letra trilingue e percussão que serpenteia.
Dois andares de gaiolas preenchem o palco de ponta a ponta, por onde circula um exército de dançarinos homens e mulheres. A iluminação é acachapante, com a estrobo acionada sem piedade.
É tanta coisa acontecendo, que em alguns momentos é difícil saber para onde olhar.
"Vocês estão preparados, eu quero sentir essa energia aqui e agora", comanda a cantora, depois de lembrar que "Funk Generation" foi indicado ao Grammy 2025 (na categoria Melhor Álbum Pop Latino). É uma das vezes que Anitta fala com a plateia durante a primeira hora do show.
O primeiro "Boa noite, Brasil" vem só aos 40 minutos, seguido de uma fala onde ela recomenda a bebida que lançou em parceria com uma grande marca (vamos torcer para que não vingue essa ideia de fazer publi no meio do show).
Entram faixas do último álbum, como "Grip", "Savage Funk" e "Lose Ya Breath", e hits mais antigos em arranjos diferentes, como "Vai Malandra", "Bang" e "Sua Cara" (lançada com Pabllo Vittar e Major Lazer). Os graves reverberam em uma equalização limpa e potente.
É uma sequência que impressiona tanto pelo impacto visual e sonoro como pela grandeza da produção, coisa que esse show precisa ser para chamar a atenção na terra de Beyoncé e Madonna. Esse baile funk pirotécnico, onde há muito espaço para músicas cantadas em inglês e trechos rítmicos instrumentais que destacam as coreografias, compõe a primeira hora do show.
O segundo ato do show troca a avalanche nos sentidos por uma conexão mais direta com o público, que responde à altura. Saem as gaiolas e desce um tecido vermelho para Anitta cantar músicas como a colaboração recente com The Weeknd, "São Paulo", "Envolver" e "Pilantra", música de Jão em que Anitta gravou um feat.
Para o terceiro e último ato do show, a artista surpreende ao incorporar uma skin meio roqueira. A cor da roupa mudou de vermelho para preto. Um baterista aparece e sons de guitarra entram em cena (embora seja difícil ver se há um guitarrista).
É quando surge a única música inédita do show, um rock inspirado em Cansei de Ser Sexy e uma letra em que Anitta xinga uma rival: "Tu é chata, chata pra caralho. Minha cópia barata, sou MC Cabral a primeira da parada". A julgar pelos comentários de fãs nas redes sociais, a recepção da nova música não foi unânime.
Todo mundo admira Anitta pelos seus superpoderes. Jogar em casa sempre será um desafio e uma pressão enorme graças a seu fandom atento e obcecado, a um país que está sempre a examinando com lupa. Seu show é um marco estético e técnico em uma carreira onde os parâmetros são muito exigentes.