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Dificuldade para engravidar pode ser culpa de 'apocalipse de esperma'

O último relatório publicado pela OMS revela que uma em cada seis pessoas em todo o mundo (homens ou mulheres) sofre de infertilidade - GettyImages
O último relatório publicado pela OMS revela que uma em cada seis pessoas em todo o mundo (homens ou mulheres) sofre de infertilidade Imagem: GettyImages
do UOL

Beatriz Zogaib

11/11/2024 05h30

Quando aparecem dificuldades para o casal engravidar, é comum que os dedos apontem para a mulher. Mas é bem claro que os homens também precisam passar por exames para garantir a fertilidade. Apesar de não acontecer com homens o que ocorre com mulheres, que têm um estoque limitado de óvulos, a dificuldade deles também pode ser explicada pela matemática.

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Mesmo que produzam espermatozoides até o fim da vida, homens podem ter baixa contagem, condição que recebeu apelidos como "Spermpocalypse" ou "Spermageddon".

É uma das questões mais comuns que casais enfrentam ao tentar engravidar. Cerca de 50% dos problemas de infertilidade podem ser atribuídos a um fator masculino único ou associado ao feminino. Mas é bem verdade que a contagem de espermatozoides vem caindo durante as últimas décadas, principalmente por conta da mudança do estilo de vida. É preocupante.Fernando Prado, especialista em reprodução humana, membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva e diretor clínico da Neo Vita.

Importante lembrar que a infertilidade é a incapacidade do sistema reprodutor, masculino ou feminino, de conceber a gravidez após 12 meses de relações sexuais regulares desprotegidas. O que pode causar sofrimento significativo e desafios financeiros, afetando o bem-estar mental e psicossocial do casal.

Há alguns anos, estudos já denunciavam a queda de 51% na quantidade de espermatozoides por mililitro de sêmen em homens adultos com mais de 35 anos (entre 1973 e 2018). E o último relatório publicado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) revela que uma em cada seis pessoas em todo o mundo (homens ou mulheres) sofre de infertilidade, cerca de 17,5% da população adulta.

Tem mais: além de não acometer apenas um gênero, a prevalência da infertilidade varia pouco de região para região ou até de país para país. É uma questão de saúde pública, em todas as partes do planeta, sem discriminação.

O que é preciso saber sobre o esperma?

As análises compreendem três fatores principais para determinar a saúde do esperma: quantidade, movimento e estrutura. - iStock - iStock
As análises compreendem três fatores principais para determinar a saúde do esperma: quantidade, movimento e estrutura.
Imagem: iStock

Em primeiro lugar, nada de pânico: mesmo que se usem termos correlatos, não estamos vivendo como em um filme apocalíptico, não é o fim da aventura humana na Terra, existem tratamentos. "Há reprodução assistida, por exemplo, e dependendo do caso, mudanças no estilo de vida já podem ajudar. É preciso consultar um médico", diz Fernando Prado.

A baixa contagem de espermatozoides, ou oligospermia, é uma condição na qual a concentração de espermatozoides no sêmen ejaculado é pequena para promover a fertilização natural de um óvulo. "Geralmente é definido como uma contagem de espermatozoides abaixo de 16 milhões/ml de sêmen, segundo estudos da OMS", explica Fernando.

E não é só a concentração que importa, é preciso que sejam saudáveis e móveis também. Existem casos em que os espermatozoides nadam em pequenos círculos e não vão a lugar nenhum. "Espermatozoides saudáveis são aqueles que estão se movendo para frente ou pelo menos nadando em círculos maiores", explica o médico.

Há ainda a estrutura do esperma a considerar, o que é chamado também de morfologia, ou seja, fatores que influenciam na capacidade do esperma de penetrar um óvulo e fertilizá-lo. O esperma ideal é liso, com uma cabeça oval e cauda longa. Mesmo em amostras de esperma saudável, muitos espermatozoides terão formas diferentes, mas é melhor se pelo menos 4% tiver uma estrutura ótima. Menos que isso? É a chamada teratozoospermia ou teratospermia.

Somente sob o microscópio o quadro completo surgirá. É fundamental que o paciente fale com o médico especialista se estiver tentando engravidar por mais de um ano. As análises compreendem três fatores principais para determinar a saúde do esperma: quantidade, movimento e estrutura. Fernando Prado, especialista em reprodução humana, membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva e diretor clínico da Neo Vita.

Como ter uma boa produção de espermatozoides?

As análises para determinar a saúde do esperma e tentar a gravidez abraçam a quantidade, movimento e estrutura  - GettyImagens - GettyImagens
As análises para determinar a saúde do esperma e tentar a gravidez abraçam a quantidade, movimento e estrutura
Imagem: GettyImagens

Manter um estilo de vida saudável é um pilar essencial para boa produção de espermatozoides. "É bem sabido que exercícios regulares mantêm nossos corpos e mentes em melhor forma. Estudos também indicaram que treinos regulares resultam em níveis mais altos de testosterona e maior qualidade do sêmen. Mas também é importante notar que exercícios excessivos podem reduzir os níveis de testosterona", pondera Fernando.

Outro ponto é a dieta equilibrada. É importante ingerir bastante fruta e vegetais, proteínas e fibras. Além disso, é importante beber água e evitar alimentos com altos níveis de sal, açúcar e gordura saturada. Na alimentação, vale a pena ainda obter zinco o suficiente, caso seu médico diga que é necessário.

Pesquisas mostram uma correlação entre os níveis de zinco no sêmen e a qualidade do esperma, com homens que sofrem de infertilidade exibindo concentrações mais baixas de zinco no sêmen. "O corpo humano não pode armazenar zinco, o que torna ainda mais importante que sua dieta inclua o suficiente desse mineral. Você pode encontrá-lo em: cereais matinais fortificados, lentilhas, sementes de abóbora, ostras, caranguejo, camarão, carne bovina, carne de porco e peru", completa Fernando.

Quanto ao que não fazer, o médico diz que hábitos como uso de esteroides anabolizantes, aumento da temperatura local dos testículos, abuso de álcool ou drogas e cigarro devem sair da rotina. Controlar o estresse também é fundamental, pois isso pode diminuir a função sexual e os hormônios que criam o esperma. "Tente diminuir seus níveis de estresse se exercitando, passando tempo ao ar livre e reservando um tempo para fazer as coisas que gosta. E, mais uma vez, se está tentando engravidar e não consegue, consulte um médico especialista em fertilidade para diagnosticar e tratar a condição."

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