Crateras 'gigantes' na Rússia surgiram por explosão de gases, diz estudo
Um novo estudo indica que crateras "gigantes" que aparecem na Rússia desde 2014 seriam produto de explosões de gás subterrâneas, em combinação com fatores específicos do terreno e com o aquecimento global.
O que aconteceu
Crateras surgem "do nada" na Sibéria. Desde 2014, fenômeno tem confundido cientistas pela rapidez e tamanho das crateras que aparecem: algumas medem até 80 metros de diâmetro e 50 metros de profundidade. Até agora, mais de vinte crateras foram encontradas na Sibéria.
Aquecimento global estaria causando crateras, diz cientista. A pesquisadora Ana Morgado, responsável por um novo estudo publicado em setembro, aponta que, com o aumento da temperatura global, o gelo na camada mais superficial do solo derrete e se infiltra no permafrost (camada de solo formada de rochas, terra e sedimento, unidas por gelo).
Infiltração de água causa fraturas no solo. Conforme a água vai penetrando o solo, chega em uma camada inferior à permafrost, chamada criopeg, composta de água salgada em estado líquido. Como não há espaço para mais água nesta camada, ela incha e aumenta a pressão sobre o solo fraturado, rachando-o ainda mais. Isso faz com que as bolsas de metano abaixo dos criopegs se rompam e causem uma liberação explosiva de gás, formando as crateras.
Processo é "específico à região". Em entrevista à CNN, Morgado afirmou que acredita ter resolvido o mistério no Ártico, mas que se crateras surgirem em outros ambientes, pode ser por outras razões.
Comunidade não está certa de que essa é a resposta. Evgeny Chuvilin, cientista-chefe de pesquisa do Instituto Skolkovo de Ciência e Tecnologia em Moscou, acredita que as descobertas ainda são "muito gerais" e que pela região ter muito gelo e muito metano, seria difícil para a água penetrar o solo e alcançar os criopegs. Chuvilin acredita que há muito mais para ser estudado sobre a origem dessas crateras.
Entretanto, é consenso que mudanças climáticas estão relacionadas a crateras. Chuvilin aponta que o aquecimento global "afeta a resistência da rocha congelada sobre o gelo subterrâneo com cavidades saturadas de gás", enquanto Morgado aponta que crateras são evidência de desestabilização da Terra, de forma "rápida". "Já não demoram milênios. As mudanças acontecem em algumas décadas".