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'O Maníaco do Parque' muda o foco da história dos crimes, diz pesquisadora

do UOL

De Splash, em São Paulo

20/10/2024 05h30

"O Maníaco do Parque" já está disponível no Prime Vídeo e, ao longo dos 98 minutos de filme, somos apresentados à história de um dos assassinos em séries mais famosos do Brasil. No entanto, a intenção da produção é mostrar uma versão que, segundo os produtores, seria diferente da conhecida até então.

A importância desse filme é trazer, após tantos anos, o foco dessa narrativa para onde ela nunca esteve e para onde precisa estar: a visão das mulheres que tiveram a vida atravessada pelo Francisco [de Assis, o Maníaco do Parque]. Thaís Nunes, pesquisadora do caso, em entrevista a Splash

Por se tratar de um dos crimes mais midiáticos do Brasil, a versão do assassino —aqui vivido por Silvero Pereira— sempre foi a que esteve no centro da narrativa. "Ele foi um assassino em série que teve horas de televisão aberta para contar a versão dele dos crimes, apesar de a principal característica do transtorno que ele possui, sendo o transtorno antissocial com níveis de psicopatia, sendo de ser um grande mentiroso, e ainda assim, a história dele foi tomada como verdade", disse Nunes.

A consequência disso para a vida dessas mulheres foi terrível: elas se sentiram, esses anos todos, como vítimas novamente, foram culpabilizadas pelos atores da Justiça, pela mídia e pela sociedade. Essa é a primeira vez em que essa história será contada sem ser a narrativa do Francisco no centro. Thaís Nunes

Segundo a pesquisadora, que ajudou no roteiro de "O Maníaco do Parque", o longa tem como objetivo promover uma reflexão sobre o porquê de Francisco ter agido impunemente por tantos anos. "E também quero provocar uma reflexão sobre como a gente deve agir em casos de violência nos quais as mulheres são vítimas", explica.

Este olhar feminino é dado por meio da jornalista Helena (Giovanna Grigio), uma personagem criada para o filme. "A gente escolheu uma protagonista mulher que não existiu, que talvez seja a coisa mais ficção desse filme. A Helena representa uma jornalista que vive numa redação tóxica, machista, e ela, buscando seu lugar ao sol, está ali lutando contra esses homens", contou o diretor Maurício Eça.

Ela tem uma transformação nessa história. No momento que ela descobre que essa história não é sobre o maníaco, que a história é sobre essas mulheres, sobre essas vítimas. Maurício Eça

"O Maníaco do Parque" já está disponível no Prime Video. Além dele, o documentário "Maníaco do Parque: A História Não Contada", com a produção de Thaís Nunes, chega ao streaming no dia 1º de novembro.

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