O Journey, escalado para o segundo show do palco Mundo no domingo (15), integra uma arcaica e esquecida tradição: o hard farofa. Pense em um Roupa Nova com distorção na guitarra. Um anacronismo ambulante. Ainda assim, ao vivo justificou sua presença, unindo um mínimo de peso e performances competentes, sem espalhafato. Se essa é sua noção de "bem feito", foi um showzaço. Encaixou no gabarito do "dia rock" de um festival que tem rock no nome, e um pouco mais.
KARAOKÊ
Apesar de o Journey ter acumulado uma lista de hits no século passado, o grande motivo pelo qual as pessoas ainda pagam para vê-los é ouvir "Don't Stop Believin'" ao vivo. A banda sabe disso e sonega o megahit até o fim. Ou quase: depois, ainda tem a mais animadinha "Any Way You Want It".
MÚSICA DE RECLAME
Quem viveu os anos 1980 lembra dos comerciais televisivos de uma marca de cigarro, que sempre trazia bandas como o Journey na trilha. "Separate Ways (Worlds Apart)", hit de 1983, transportou jovens e idosos de volta àqueles dias mais simples.
COVERBOY
O vocalista Arnel Pineda, membro da banda desde 2007, sua a camisa para substituir Steve Perry, o cantor da fase áurea. Engana bem em hits antigos como "Open Arms" e "Wheel in the Sky". Porém, quando chega a hora de "Lovin', Touchin', Squeezin'", o timbre agudo já ultrapassa o limite do irritante.
RESERVA DO RESERVA
Em "Lights" (outra balada), quem canta é o baterista Deen Castronovo. Surpreendentemente, ele soa ainda mais parecido com Steve Perry do que o cantor oficial, Pineda.
RETAGUARDA
Quem segura a peteca do instrumental, sempre sorridente, é o guitarrista Neal Schon. Único membro original, também empurra a banda através de intermináveis trocas de membros, brigas físicas e verbais e disputas jurídico-financeiras. O outro sobrevivente da fase áurea é o tecladista Jonathan Cain, que já foi e voltou várias vezes desde 1980. Ele tem participação proeminente nas açucaradas "Faithfully" e "Open Arms".
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