O show de Orochi, Oruam e Chefin no Rock in Rio 2024 foi como uma comemoração do projeto vitorioso de traduzir o trap dos EUA para um "carioquês" fluente e cativante. O trio da gravadora Mainstreet, maior referência do chamado "trap de cria", estava em casa diante de uma plateia abarrotada de novinhos no Palco Sunset, nesta sexta-feira (13). Os fãs se emocionavam com todos os sons, de dedilhados delicados de violão a rajadas de tiro.
LINGUAGEM DA RUA
Orochi, o chefão do Chefin, foi o comandante. Ele é fundador e dono da Mainstreet, e ajudou a puxar a fila de uma geração carioca que, em vez de imitar os maneirismos do trap do sul dos EUA, incorporou o funk e a linguagem da rua local. Um exemplo de hino de herói da quebrada carioca é "Balão", primeiro hit de Orochi e abertura do show.
DEDO DO MEIO
O peculiar Oruam mostrou um magnetismo especial. Tinha o público na mão -- e aproveitou o tal poder manual para comandar uma massa de dedos do meio para cima em "Invejoso". No festival Lollapalooza, no início do ano, ele fez barulho ao usar uma camisa pedindo a liberdade do seu pai, Marcinho VP, preso por tráfico de drogas e homicídios. Desta vez, foi mais comportado e formal: usou um uniforme do Flamengo.
MOSH
As cenas na plateia eram de show de metal. Um desavisado que olhasse para o público sem ouvir poderia achar que o rock voltou a ser popular entre os jovens. Não era o caso, claro. Havia camisas pretas e caras de mau em rodas enormes de mosh, mas o som pesado e os versos violentos ("Meus crias 'te pega' / É um tiro na testa') eram do trap "10 Carros", de Chefin, música de maior impacto do show.
GRANDE BAILE FUNK
Orochi terminou a apresentação nos braços do povo novinho, distribuindo toalhas brancas na plateia ao som de funk ousadia. Os fãs levantaram os óculos escuros, desarmaram as caras de mau e a plateia virou um grande baile funk. Geração cabeça aberta é outra coisa.
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