Estrelas de premiado filme egípcio descrevem desafio às normas sociais
Por Ahmed Fahmy
CAIRO (Reuters) - As estrelas femininas de uma trupe de teatro de rua egípcia, que é o tema de um documentário premiado, disseram que se propuseram a desafiar as atitudes em relação ao papel da mulher na sociedade quando começaram a se apresentar em seu remoto vilarejo rural.
"The Brink of Dreams" tornou-se o primeiro documentário egípcio a ganhar o prêmio Golden Eye no festival de cinema de Cannes em maio. Dirigido por Nada Riyadh e produzido por Ayman El Amir, ele conta a história do "Panorama El Barsha", uma trupe de teatro de rua criada na região de Minya, ao sul do Cairo, em 2014.
El Amir disse que os criadores do filme se depararam com a trupe durante suas viagens.
"O espetáculo foi muito inspirador para nós porque elas sempre abordavam assuntos relevantes para elas, como a importância da educação, a violência familiar e o casamento precoce, de uma forma muito pessoal", disse o produtor em uma entrevista em Giza.
"Elas sempre se envolveram fortemente com o público. O feedback nem sempre foi positivo, mas, apesar disso, elas continuaram."
Filmado ao longo de quatro anos, o documentário mostra as meninas, que são cristãs coptas, projetando sua mensagem por meio de apresentações públicas em um vilarejo onde os homens são tradicionalmente os que têm poder, oportunidades e liberdade.
"Mesmo quando meus irmãos me viam do lado de fora de casa, eles costumavam me mandar entrar, dizendo que era imoral ou que eu não deveria falar ou rir", disse Magda Masoud, integrante da trupe.
"Senti que não tínhamos nascido para isso. Então começamos a nos apresentar, discutindo o que rejeitamos em nosso vilarejo."
"Uma garota tem liberdade, tem uma opinião, tem o direito de falar, sonhar, viajar e aprender", afirmou Haidi Sameh, outra integrante da trupe.
"The Brink of Dreams" estreou em Cannes em maio e deve ser exibido em breve nos cinemas do Egito, onde também recebeu algum reconhecimento.
"As meninas do sul do Egito são fortes, têm opiniões, caráter e um desejo real de superar grandes desafios", disse a diretora Riyadh.
"Queríamos enviar uma mensagem de que o fato de sermos meninas não deve limitar nossas vozes ou escolhas."
(Reportagem adicional de Sameh Elkhatib, Dina Sakr)