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'Tomei a decisão de não ficar deprimido', diz Dussek sobre doença

Eduardo Dussek participou do Altas Horas (TV Globo) em homenagem a Ney Matogrosso em maio - Reprodução/TV Globo
Eduardo Dussek participou do Altas Horas (TV Globo) em homenagem a Ney Matogrosso em maio Imagem: Reprodução/TV Globo
do UOL

De Splash, em São Paulo

15/06/2024 20h24

O ator e músico Eduardo Dussek, 66, detalhou o convívío com o Parkinson em um relato publicado na revista Veja. Ele já convive com a doença há uma década.

O tema chamou atenção do público no mês passado quando ele participou do "Altas Horas" e fez uma brincadeira com o diagnóstico, dizendo que facilitaria a masturbação.

Participação no Altas Horas. "Nunca escondi a doença do público mas nas últimas semanas, após ter feito uma participação especial no 'Altas Horas', da Globo, passei a receber uma enxurrada de afeto e mensagens positivas. Com o Serginho Groisman, eu senti o ímpeto de me abrir publicamente sobre a doença. Não quero que tenham pena de mim, porque não sou galinha. Cantei e dancei no programa sentado em uma cadeira de rodas, numa coreografia à la Charlie Chaplin, em homenagem ao meu grande amigo Ney Matogrosso. Foi um dia especial."

Sobre a descoberta do Parkinson. "No início dos anos 2000, estava muito estressado com a vida de cantor. Eram muitas viagens, shows e trabalhos com a produtora que havia acabado de montar. Eu era um workaholic. Os médicos haviam me alertado para reduzir o ritmo. Comecei a ter pesadelos constantes em que tinha de fazer uma gravação no alto de uma montanha e precisava levar o equipamento sozinho. O significado psicológico era evidente: estava sobrecarregado. Até que, há uns dez anos, comecei a sentir leves tremores nas mãos. Após me consultar com vários especialistas, veio o diagnóstico definitivo: tenho doença de Parkinson."

Tentou manter o bom humor após o diagnóstico. "Na época, tomei a decisão de não ficar deprimido com o resultado. Não há cura, mas há tratamento contra os sintomas e era possível diminuir as causas dos tremores reduzindo o ritmo de trabalho e, claro, me medicando. Você perde bastante os movimentos das mãos e das pernas. Hoje, a doença está controlada e eu consigo andar, malhar, nadar e até andar de bicicleta, mas tudo sem exageros. Não posso me cansar. Falar e cantar me cansa muito, e tudo que exige atenção e concentração pode desencadear algumas crises. Sempre que fico ansioso ou estou atrasado em cumprir algum prazo, os tremores retornam."

Ateliê do pai ajudou a lidar com a doença. "Descobri que eu deveria me preocupar menos e fazer coisas que me dessem alegria e contentamento, porque a dopamina ajuda a relaxar. Decidi optar pela pintura. Na juventude, estudei com meu pai, Milan Dusek, que era artista plástico. Depois, entrei na faculdade de arquitetura, que logo larguei para fazer música. Após a morte de papai, porém, eu assumi o estúdio dele, com os instrumentos, pincéis e tintas. E voltei a pintar."

Mudanças de vida. "A doença não pode ser encarada como algo ruim, e você não deve ficar se perguntando: 'Por que eu?'. Essa pergunta soa meio ridícula. São situações que nos fazem ter mais conhecimento de vida. A doença é uma ótima conselheira. É um fator de iluminação. Não me vejo como um coitado. Sou um romântico incurável. Estou feliz, não tenho estresse: tenho amor e trabalho. As dívidas estão controladas. Não me aborreço com os problemas, nem me entristeço. Mudei-me da loucura do Rio de Janeiro para Niterói, perto de uma praia tranquila."

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