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OPINIÃO

Jagger é boneco de corda fora de controle em estreia de turnê dos Stones

Mick Jagger durante show de abertura da turnê americana Hackney Diamonds do Rolling Stones no NRG Stadium, em Houston, no Texas Imagem: Callaghan O'Hare/Reuters

Dean Goodman

Colaboração para Splash, em Houston (EUA)

29/04/2024 14h03

Parece injusto focar num número cronológico ao se discutir a carreira de Mick Jagger. O homem conseguiu, no fim de tudo, manter a vida toda um emprego de sucesso entretendo milhões de pessoas. Realmente importa quantos anos ele tem, ou quantos anos têm os veteranos da música ou do cinema?

Mas, por mais que se tente, é impossível evitar a realidade. O vocalista dos Rolling Stones é um incontrolável boneco de corda. Ele canta, dança, corre, brinca, grita, murmura. E ele também tem 80 anos.

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E, baseado na sua performance de 2 horas no show de abertura da nova turnê americana da banda, em Houston, no Texas, parece que as oito décadas serão um passeio no parque para Jagger, que é só 7 meses mais novo que Joe Biden.

Enquanto muitos dos seus colegas, aprendizes e provavelmente fãs estão mortos ou morrendo, Jagger continua se mexendo como, hmm, Jagger. O público da geração X/Millenial no NRG Stadium, muitos considerados menos atléticos que ele, fizeram exercício só de assistir ao exercício do líder dos Stones no palco.

Quanto aos companheiros de banda, o guitarrista Keith Richards, também com 80 anos, às vezes parecia um pouco instável e inseguro. Ele deve se animar à medida que a turnê avança. Já seu colega nas guitarras, Ronnie Wood, 76, quase igualou o carisma de Jagger enquanto ajudava a garantir que as músicas ficassem no caminho certo.

Os Rolling Stones estão promovendo seu novo álbum, "Hackney Diamonds", e lançaram três singles, o pop "Angry", a disco "Mess It Up" e a faixa gospel "Sweet Sounds of Heaven". Esta última, reservada para um lugar privilegiado no bis, certamente vai ganhar um destaque, mesmo com a versão um pouco exagerada. Foi apresentada como um dueto com a nova backing vocal Chanel Haynes. No álbum, essa parte cabe a Lady Gaga.

Houve poucas surpresas para os fãs que ouviram os ensaios nos últimos dias em Los Angeles. Talvez o único choque tenha sido que o momento de Richards nos vocais tenha sido reduzido de duas músicas para uma ("Little T&A"). E foram confirmadas especulações acaloradas na internet de que o número homicida de blues "Midnight Rambler" seria abandonado após décadas de serviço estridente. Mas ainda havia muitas favoritas da massa, como "Start Me Up", "Miss You" e "Honky Tonk Women".

Vestido de camisa e jaqueta justas prateadas cintilantes, Jagger tinha à sua disposição não só um enorme palco emoldurado por gigantescas telas de vídeo, mas também uma passarela que avançava para o meio da plateia. Isso permitiu que ele fizesse contato visual estreito com os fãs, incluindo uma argentina toda tatuada mostrando seu sutiã de tema Stones sentada no ombro de um homem. (Parecia que havia argentinos suficientes agitando bandeiras e cantando pela retomada das Malvinas.)

Problemas ocasionais aconteceram, como deixas perdidas e trabalhos de guitarras desleixados, que Jagger atribuiu ao drama da noite de estreia. "Você não pode esperar que tudo funcione como um relógio", disse alegremente.

Às 23h15, o show chegou a um final estrondoso com os últimos acordes de "(I Can't Get No) Satisfaction" ecoando no estádio. Nunca houve uma música que representasse tão mal as emoções de uma plateia. As pessoas acabaram de testemunhar o maior artista que já existiu. Elas estavam completamente saciadas.

*Dean Goodman é um jornalista e escritor de Los Angeles que já viu 298 shows do Rolling Stones desde 1989. Ele espera chegar a 300 em Las Vegas no mês que vem.

* Tradução Bruna Monteiro de Barros

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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