'A Viagem' teve relato 'sobrenatural' acontecendo em cena de cremação
Lucinha Lins e Christiane Torloni viveram as inseparáveis irmãs Estela e Dinah na novela "A Viagem". Na história, as duas eram muito ligadas e tinham uma relação até mesmo telepática, quando uma sentia algo, a outra sentia também.
O que aconteceu:
Durante a pandemia de covid-19, as atrizes participaram de uma live no Instagram, assistida por mais de quatro mil pessoas antes da reprise do último capítulo apresentado pelo Canal Viva. Elas relembraram momentos especiais e, até mesmo, sobrenatural que viveram durante a gravação da trama de Ivani Ribeiro, entre 1994 e 1995.
A própria participação de Cristiane na novela tem um quê de sobrenatural. A atriz estava morando em Portugal, após a trágica morte de um de seus filhos, em 1991, quando recebeu o convite e voltou ao Brasil pelo projeto.
Eu estava vivendo fora do país, numa espécie de retiro, porque meu filho tinha morrido há muito pouco tempo. Fui apresentada à doutrina espírita, nessa época, pelo cantor Roberto Leal, que me deu um livro de Alan Kardec. Então, 'A Viagem' começou para mim antes. Eu voltei para o Brasil pelo caminho do espiritismo, pois foi a novela que me trouxe. Essas coisas foram fazendo sentido para mim ao longo do tempo. No começo, na primeira fase, foi muito difícil. Todos na novela estavam vivos e eram muito amorosos. Quando o personagem do Guilherme morre, e ele é quase um filho dela, e tem a cena da cremação, aquilo foi muito difícil para mim, Christiane Torloni.
Lucinha ainda lembrou que ligou para o diretor da novela ao ler o roteiro e disse que aquilo não poderia ser feito, já que Torloni tinha vivido aquele momento muito recentemente em sua vida. No entanto, durante a gravação algo aconteceu...
Todos nós estávamos extremamente preocupados com a Christiane e aconteceu uma coisa linda naquela cena. Apareceu uma borboleta. Isso me marcou muito. Estávamos em um estúdio, um lugar muito frio e fechado. Uma borboleta muito pequenina e amarelinha pousou no caixão, exatamente em frente à Dinah e teve que parar a cena. A borboleta voltou umas duas ou três vezes e vinha para ela. Emocionou a todos. Era como uma luz, uma proteção para Cristiane naquela cena. Isso, eu jamais esquecerei. Foi muito bonito, Lucinha Lins.
Lembro que eu senti como se todos vocês estivessem me abraçando em uma rede. Existia uma grande tensão amorosa naquela cena. Estávamos emprestando um sentimento absolutamente real. Me lembro com muita gratidão disso. Christiane Torloni.
Telepatia
"Nessas cenas em que elas se comunicavam telepaticamente, corríamos o risco de ficar caricato. Afinal, que cara um ator faz quando vai abrir uma porta, porque sabe que a outra pessoa está chegando, antes de tocar a campainha? Apenas um olhar era suficiente. O Wolf (Maia, diretor da novela), foi muito carinhoso com a gente, nos deixando muito livres para ver como ia acontecer essa sensibilidade entre as irmãs", lembrou Lucinha durante a live. "As cenas que a gente tinha que ficar mudas, olhando uma para a outra e alguém dando o texto para gente saber em que momento estávamos? Aquilo era um absurdo de se fazer. E saiu de forma muito tranquila", completa.
Christiane também observou durante o encontro das duas que sempre que a novela foi reprisada, o país estava passando por um momento de reflexão, ou nas palavras dela: alguma crise ou perrengue. "Talvez por isso que 'A Viagem' é tão reprisada. Parece um antídoto cármico. Quando as pessoas estão precisando de um consolo, vem a novela", brinca. Ironicamente, bem na hora que ela começa a fazer essa reflexão, o áudio dela desaparece, apenas Lucinha consegue ouvi-la.
No momento que você cria algum tipo de certeza de que o outro está bem, diante de tantas perdas. Quando você embarca em toda a doutrina que a novela mostra, você também participa da abertura de uma porta mais bonita na vida de todos nós. A Viagem trouxe conforto e abraço para muita gente, Lucinha Lins.
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