Idols 'gringos': os sucessos do k-pop que nasceram fora da Coreia do Sul
Idols não coreanos em grupos de k-pop de sucesso não são necessariamente uma novidade. Desde que a indústria teve seu início lá nos anos 90, alguns nomes estrangeiros já faziam sucesso aqui e ali, mas de forma geral a presença de artistas de fora era bastante segmentada; as empresas criavam units internacionais e as promoviam para um público específico.
A SM fez isso diversas vezes e com muito sucesso, primeiro com Superjunior, depois com EXO, até resolver misturar tudo numa grande confusão - que amamos, inclusive -, que é NCT/WayV. Han Geng, um dos primeiros chineses a fazer sucesso no Superjunior, é um nome bastante conhecido na China, assim como Henry Lau, canadense/chinês, também dos Suju e conhecido ator/cantor/jurado de programas de variedades.
Henry é um bom exemplo de como os idols internacionais costumam ter um background interessante de familiares provenientes de países diferentes e uma vida de imigrante que abraça diversas culturas e referências. O pai é de Hong Kong, a mãe taiwanesa e ele cresceu em Toronto, no Canadá. Esse mix traz uma visão diferente em vários aspectos socioculturais, desde a cor da pele até interações com o sexo oposto.
Qual a razão para o crescimento do número de idols estrangeiros debutando no k-pop nos últimos anos? Em 2023, mais de 30 idols não coreanos debutaram, e uma das explicações é o crescimento e tamanho das indústrias no Japão, Estados Unidos e China. O Japão é um dos maiores mercados fonográficos do mundo, junto com os Estados Unidos, e a presença de idols dos países nos grupos ajuda consideravelmente nas vendas.
A questão com a China vai além do mercado, onde existem regras e censuras geopolíticas bem específicas, com uma reabertura recente de grupos coreanos podendo fazer turnês e participações em programas do país. Embora haja um controle maior da indústria por lá, os fandoms chineses são gigantescos e muito ricos. É lá que geralmente começam grandes projetos de aniversários, homenagens e uma espécie de "fundo monetário" para apoiar os grupos em comebacks, votações e turnês.
Os idols chineses costumam ter muito apoio dos seus "China bar" e alavancam vendas de discos e merchandising (revistas, produtos de beleza, etc). Recentemente, o China Bar de Zhang Hao, do grupo Zerobaseone, chamou atenção por bater recordes de vendas e ajudar em mais de 65% dos números conquistados pelo grupo. É sabido que idols que possuem base de fãs grande na China se destacam entre marcas e publicidades (o dinheiro fala bem alto). Já no Japão, a base de fãs de Sakura, das Lesserafim, também se destaca em impulsionar as vendas do grupo, o que é bastante importante num mercado tão essencial para as empresas.
Pela proximidade com a Coreia do Sul, temos outro país que nos deu muitos idols que amamos: a Austrália. Por ser o país mais próximo cuja língua inglesa é predominante, é um local de muito intercâmbio entre estudantes e recentemente vem se tornando também um novo nicho de shows do gênero. Atualmente, temos vários "aussie" idols que fazem muito sucesso: Rosé das BLACKPINK, Bangchan e Felix dos Stray Kids Jake da ENHYPEN, Hanni e Dani das New Jeans e Lily das NMIXX.
Embora existam idols estrangeiros de vários países diferentes, existem 5 principais "lines": a australiana, chinesa, canadense, japonesa e a tailandesa.
A China line é muito bem representada por idols como Jackson Wang, Minghao e Jun do SEVENTEEN, Lay da EXO, Renjun e Chenle da NCT DREAM, quase toda Wayv (Kun, Xiaojun, Winwin, Hendery e Yangyang), Zhang Hao e Ricky dos ZB1, Ningning das aespa, WJSN (infelizmente as chinesas saíram), Yuqi das (G)-IDLE, Xiaoting das Kep1er, etc.
Já a Canadian line conta com Mark Lee da NCT (todas as units, o homem não para), Keeho dos P1harmony, Kevin e Jacob dos The Boyz, Jeon Somi e mais recentemente Matthew dos ZB1.
Na japanese line temos um trio de gigantes com Momo, Mina, e Sana representando as TWICE, Sakura e Kazuha das LESSERAFIM, Yuta da NCT127, Giselle das aespa, Niki da ENHYPEN, Rei das IVE, Mashiro e Hikaru das Kep1er, Yoshi, Haruto e Asahi dos Treasure, etc.
E finalmente a Thai line, que conta com Lisa das BLACKPINK, Bambam, Ten da WayV/NCT U, Minnie das (G)-IDLE, Sorn ex-CLC e Nickhyun, um dos primeiros thai-americanos que fazia parte da icônica 2PM.
Outros destaques de idols gringos que amamos são: Tzuyu das TWICE (taiwanesa), Joshua e Vernon do SEVENTEEN, Hueningkai e Huening Bahiyyih (TXT e Kep1er respectivamente), Johnny da NCT 127, Peniel dos BTOB, BM do KARD, Eric dos The Boyz, Mark Tuan, Tiffany Young ex-SNSD (todos americanos-coreanos), Hanbin da Tempest (vietnamita) e Chanti das Lapillus (argentina)
É muito legal ver como os idols de fora se ajudam, principalmente os mais velhos (os hyungs) com os que recém debutaram. Kevin Moon dos The Boyz recentemente comentou que entrou em contato com Matthew dos ZB1, colocou ele no grupo que eles têm no Kakao (WhatsApp coreano) só com os canadenses. Isso é super comum em todas as lines (Chenle fez o mesmo com Zhang Hao, Lisa com Ten, Mark com Keeho) e mostra um senso de comunidade e acolhimento muito interessante e importante, principalmente em um país cuja cultura é bastante fechada e por muitas vezes difícil de administrar. Adoramos ver esse crescimento de idols de todos os cantos no K-pop e como isso impulsiona o mercado mundialmente.
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