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'Peixes é escravo astral de Libra'? Existe isso? Entenda a casa 6 no mapa

BBB 23: Gabriel Santana  - Reprodução/Globoplay
BBB 23: Gabriel Santana Imagem: Reprodução/Globoplay
do UOL

Camila Eiroa

Colaboração para Universa

02/02/2023 04h00

Durante a tarde desta terça-feira, 31 de janeiro, o brother Gabriel Santana disse que o signo de Peixes era escravo astral de Libra ao conversar com Bruna Griphao no BBB 23. Mas será que realmente existe escravo astral? O astrólogo Rafael Fontenelle (@bixabruxa) é enfático ao dizer que não, mas ajuda a entender de onde vem o termo e o que ele realmente quer dizer.

"O termo escravo astral vem do nome de um dos significados relacionado à sexta casa astrológica. Dentro do nosso mapa astral, podemos dividir os planetas em 12 casas, onde os signos também se posicionam. Dentre essas divisões, temos uma casa específica para falar sobre a relação de cada indivíduo com o ato de servir", conta Rafael.

A casa 6 no mapa astral

Para começar a entender essa história, é importante lembrar que, diferentemente do que dita o senso comum, os signos não são protagonistas da astrologia. Os planetas, sim, protagonizam as movimentações e as leituras astrológicas. Além disso, os signos se dividem em 12 casas astrológicas que regem algumas áreas da vida. É onde os planetas ficam posicionados, criando aspectos que ajudam a compreender a natureza de cada ser.

A sexta casa do mapa astral fala sobre o ato de servir, sem necessariamente ser algo exploratório. Ela pode ajudar a entender como lidamos com relações de trabalho, com a disciplina em relação à execução de tarefas e também com a rotina. "Ela é remetida como a servos e escravos porque eles existiam na época em que a astrologia começou a ser estudada, mas hoje se remete a serviço em geral", explica Rafael.

Derivação astrológica

Para dizer que um signo seria escravo do outro, é preciso se basear em um método secundário da astrologia: a derivação. Já para utilizar a derivação, o astrólogo toma uma posição específica do mapa como se fosse a primeira casa (ou o signo ascendente), e conta as casas e signos seguintes até chegar num segundo ponto.

Inclusive, é assim que os horóscopos são feitos: a partir de uma derivação do posicionamento do Sol no mapa astral da pessoa, assumindo que ele ocupa o ascendente e interpretando as influências a partir disso.

Portanto, a teoria de escravidão astral viria da ideia de que o signo que seria "escravo astral" do outro estaria na sexta casa a partir da casa em que o Sol estivesse posicionado, justamente uma casa de servidão. Isso pode ser levado em consideração, mas não ao pé da letra. Segundo Rafael, não é como se o signo da sexta casa servisse ao signo da primeira, mas sim sobre como a vida de serviço impacta e influencia o primeiro signo.

"O signo que está na sexta casa em relação à primeira não assume uma relação de escravidão, mas sim de desafios principalmente no que diz respeito aos comportamentos que são estabelecidos na relação entre eles. Na astrologia, a gente fala que eles são signos estranhos, que não se enxergam, porque para existir visibilidade é necessário haver algum tipo de semelhança. São signos que não têm sensibilidade o suficiente para criar algum tipo de identificação."

Cada um de nós é um universo

Segundo o astrólogo, o termo "escravo astral", assim como o termo "inferno astral" é pouquíssimo difundido em outros países, sendo totalmente associado à cultura brasileira e usado muitas vezes de forma sensacionalista para criar uma relação de dependência da astrologia. Para ele, seria necessário forçar muito a barra dizer que existe uma dominação entre signos.

"Para mim, difundir esse tipo de informação tem dois perigos. O primeiro deles é: existe uma problemática social ao usar o termo 'escravo' para designar algo negativo. É um termo agressivo do ponto de vista histórico e que não ecoa dentro da disciplina astrológica. Afinal, a astrologia não dissemina nada que imponha uma relação de aprisionamento entre dois indivíduos. Podemos falar sobre as debilidades dos signos, mas não seria algo tão violento como a escravidão", defende.

O outro ponto levantado por Rafael é que esse termo reforça o estereótipo de que somos apenas o nosso signo solar, algo que não é verídico. Segundo ele, o signo solar faz parte do mapa astral e é um verificador importante de personalidade, mas por si só não define ninguém. Caso contrário, toda a humanidade seria dividida em 12 caixas iguais por fazer aniversário no mesmo dia e no mesmo mês.

"Acreditar que somos nosso signo solar e que podemos ser escravos ou escravizar outro signo só difunde uma mística cosmológica que não faz parte da astrologia. A astrologia é um espelho da gente e a gente um espelho dos astros, cujos movimentos são símbolos das nossas reflexões e comportamentos. Temos que estudar a astrologia para melhorar nossa jornada, não para ficarmos 'escravos' dela — com o perdão da palavra. Ela não tem essa influência, mas permite equilibrar as relações humanas sem servidão", conclui.

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