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Ativista sofre ataque gordofóbico com fake news: 'Comemoraram minha morte'

O ativista Caio Revela foi alvo de fake news - divulgação/Bianca Barroca
O ativista Caio Revela foi alvo de fake news Imagem: divulgação/Bianca Barroca
do UOL

Ana Carolina Silva

Do UOL, em São Paulo

05/08/2020 14h27

Imagine como você se sentiria ao acordar e descobrir que alguém que te odeia espalhou notícias falsas sobre sua morte; seus familiares provavelmente entrariam em estado de choque. Foi o que aconteceu hoje com o ativista Caio Revela.

Ele está vivo, mas foi alvo de um ataque gordofóbico.

Caio é ativista na luta contra a gordofobia e defende que pessoas gordas tenham direito de amar o próprio corpo —um conceito básico e de grande importância para a saúde mental de todos os humanos. Mas as fake news de que ele teria morrido por causa da "obesidade" surgiram no Facebook enquanto ele dormia e se espalharam por Twitter e Instagram.

"Eu fiquei muito mal de ver pessoas comemorando minha morte. E gordofobia não é piada", desabafou Caio ao UOL. "Eu tô bastante triste, cansado e incrédulo com o ser humano. A gente está em uma pandemia, só no nosso país já foram mais de 96 mil mortes [causadas por coronavírus], e a pessoa inventa uma fake news dizendo que eu tinha morrido. E é uma fake news gordofóbica, né, porque a causa da minha 'morte' foi obesidade."

"Eu estou muito triste. Acordei com a minha mãe mandando mensagem, com meus familiares me mandando mensagem, amigos, pessoas queridas, seguidores preocupados comigo. Até eles entenderem que foi um ataque de ódio... Eu acordei recebendo muitas mensagens de pessoas preocupadas comigo. Por que o corpo gordo incomoda tanto? Por que sentem tanto ódio de pessoas gordas? Por que a minha existência incomoda tanto?", questionou.

'Até quando o Facebook vai permitir?', perguntou

Caio atribuiu parte da responsabilidade ao próprio Facebook, rede social que, na opinião dele, não deveria permitir a existência do que chama de "grupos de ódio"; ele deu a entender que esta não foi a primeira vez que se tornou vítima de um ataque na plataforma: "Eu nunca falei sobre ódio, sempre falei sobre amor próprio e sobre ter mais empatia com você mesmo".

Fui vítima mais uma vez de um ataque de ódio em um grupo do Facebook. Acabei de acordar e levar essa enxurrada em cima da minha cabeça. Está tudo bem. É só ódio ao corpo gordo, é só crueldade. Gordofobia com requintes de crueldade. Até quando o Facebook vai permitir grupos de ódio, esgotos de ódio? É um sentimento de impotência muito grande.

'É horrível estar nesse lugar', disse ele.

Por que o corpo gordo incomoda tanto ao ponto de as pessoas acharem que está tudo bem inventar que alguém morreu sem se preocupar com tudo que isso gera? A pergunta que não sai da minha cabeça é essa, por que o corpo gordo gera tanto ódio e incomoda tanto? Por que as pessoas sentem tanta raiva de uma pessoa gorda que simplesmente está existindo, tentando se amar e entender que não tem nada de errado com o corpo dela?

"É gordofobia intrínseca. Você fala qualquer coisa, e a pessoa gorda não pode nem reclamar... Porque ela é gorda. Então ela não tem o direito de ficar mal, porque é gorda e tomara que isso a incentive a emagrecer. É gordofobia do começo ao fim e é muito triste. É horrível estar nesse lugar", disse.

Caio ressaltou que não está sozinho nesta luta.

"A gordofobia machuca e mata. A gente se sente desamparado. Honestamente, só o que bate mesmo é uma tristeza muito grande de perceber o quanto as pessoas acham que está tudo bem humilhar uma pessoa gorda. Eu sigo firme aqui, com apoio das pessoas que estão comigo. Essa não é uma luta só minha, é uma luta de muitas, muitas, muitas pessoas", completou.

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