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"Fui por muito tempo porta-voz das pessoas invisíveis", diz Regina Casé  

Regina Casé no "Conversa com Bial" - Reprodução/Globo
Regina Casé no "Conversa com Bial" Imagem: Reprodução/Globo
do UOL

Jonathan Pereira

Colaboração para o UOL

26/04/2019 07h30

Regina Casé reviu momentos de sua carreira e falou de sua volta às novelas após 18 anos sem fazê-las no "Conversa com Bial" de ontem (25). A atriz, cujo último trabalho com uma personagem fixa em folhetins foi em "As Filhas da Mãe" (2001), explica por que aceitou voltar ao gênero no qual se consagrou como Tina Pepper em "Cambalacho" (1986).

Ela estará de volta em "Amor de Mãe", novela que substituirá "A Dona do Pedaço" às 21h no fim do ano. "Todos os meus projetos eu invento, carrego pedra, junto equipe, nunca ninguém me tira para dançar. A [autora] Manuela Dias, está dentro da televisão e não está acomodada, está querendo inventar. O [diretor José Luiz] Villamarim também. Os dois me chamaram para jantar e disseram: 'tem que ser você, se não for, não vai ter'".

Regina diz que é reconhecida até hoje por ter vivido Tina há mais de 30 anos. "Era uma personagem muito popular, da periferia de São Paulo. Essas meninas todas que queriam ser famosas e tinham esse vocabulário, esse repertório, não se viam na TV", analisa.

No cinema, foi bastante elogiado por interpretar a empregada doméstica Val no filme "Que Horas Ela Volta?" (2015). "Acho que acumulei a Val a vida toda viajando o Brasil, e dá uma tristeza e angustia não ter como botar para fora. Aquilo tudo que eu via ia ficando em mim e não tinha onde usar aquele gestual, o amor todo", recorda a apresentadora de programas como "Brasil Legal" (1995/98) e "Central da Periferia" (2006), nos quais rodava o país.

De volta aos palcos com a peça "O Recital da Onça", em curta temporada no Rio, a atriz tem consciência de que é na TV que fala com a maioria. "Eu amo fazer teatro, mas vivemos num país com desigualdade social. Cinema e teatro infelizmente só uma parcela da população consegue ver, então vou ser atriz [na TV] por uns dois anos".

O momento de polarização política não ficou de fora do papo. "Se você reparar eu não me oponho, eu não bato de frente, não xingo, não agrido. Não é que estou fofinha e boazinha, estou procurando o que tenho em comum com aquele cara para fazer ele parar por um minuto e olhar para a minha cara. Acho que teve um momento que tinha de construir muros, demarcar as diferenças. Acho que agora tem que demolir esses muros e fazer pontes", filosofa.

Regina se diz feliz com sua carreira. "Tenho muito orgulho que eu, na ficção, estou a serviço das mesmas pessoas e das mesmas ideias. Fui durante muito tempo porta-voz de todas essas pessoas estavam invisíveis".

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