Dólar sobe a R$ 5,50 e Bolsa cai com decisão do Fed e guerra Israel-Irã
O dólar subiu 0,04% e terminou esta quarta-feira (18) cotado a R$ 5,50, enquanto a Bolsa de Valores caiu 0,09%. O motivo, dizem analistas, foi a decisão do Banco Central dos Estados Unidos de manter a taxa de juros em patamar inalterado. Também influenciaram os desdobramentos da guerra Israel-Irã e a possível entrada dos EUA no conflito.
O que aconteceu
Dólar comercial variou pouco ao longo do dia. A máxima chegou a R$ 5,51, enquanto a mínima foi de R$ 5,47. No final do pregão, porém, a alta foi de apenas 0,04%, com a cotação em R$ 5,50 para venda.
Cotação do dólar para turistas recua. O valor da divisa destinada aos viajantes contrariou o movimento comercial da moeda. O dólar turismo fechou caindo 0,08%, comprado por R$ 5,528 e vendido por R$ 5,708.
Bolsa de Valores caiu. O Ibovespa mudou de sinal por diversas vezes desde a abertura do pregão, mas terminou o dia caindo 0,09%, aos 138.716,64 pontos. O volume financeiro da sessão foi de R$ 22,3 bilhões. Nas máximas do dia, o índice figurou acima dos 140 mil pontos.
Variações evidenciam cautela do mercado financeiro. Depois do fechamento do mercado financeiro, o Banco Central vai decidir a nova taxa de juros do país. Nos EUA, as taxas não mudaram. "A manutenção dos juros pelo Fed e o provável fim do ciclo de cortes pelo Copom deixam os investidores em compasso de espera", diz Jorge Kotz, CEO do Grupo X.
Guerra no Oriente Médio
Escalada de ataques entre Israel e Irã continua no radar. As ofensivas permanecem no sexto dia de guerra entre os países do Oriente Médio. Os temores são ampliados diante da cobrança de Israel pelo ingresso militar dos EUA no conflito. O apoio seria determinante para atingir a usina de enriquecimento nuclear iraniana em Fordow. "A oscilação dos mercados evidencia a sensibilidade do sistema financeiro global à tensão no Oriente Médio", afirma o especialista em finanças Bruno Medeiros Durão.
Eventual entrada dos EUA no conflito amplia tensão. "Nossa paciência está se esgotando", escreveu o presidente norte-americano, Donald Trump, em uma ameaça ao Irã. Ele afirma que o espaço aéreo do país está sob controle e cobra a "rendição incondicional" do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.
Preços futuros do barril de petróleo têm leve alta. Os bombardeios próximos a regiões essenciais para a produção do combustível ampliam os temores de redução da oferta global. Diante do cenário, o barril de 159 litros do Brent, referência internacional para o combustível, para agosto deste ano apresenta variação positiva e permanece acima de US$ 75. Desde o início do conflito, a cotação do Brent já saltou mais de 10%.
Novas taxas de juros
BC dos EUA mantém juros inalterados pela quinta vez seguida. O Fed (Federal Reserve) decidiu pela manutenção da taxa-alvo dos juros na faixa entre 4,25% e 4,5% ao ano. A definição atende às expectativas de 99,9% do mercado financeiro norte-americano. O grupo estima que a taxa também permanecerá inalterada na próxima reunião, em julho. A expectativa majoritária é de que uma redução seja anunciada apenas em setembro.
Federal Reserve defende inflação de 2% no longo prazo. No comunicado em que justifica a decisão pela manutenção dos juros, o BC dos EUA avalia que a expansão da atividade econômica persiste e o desemprego em baixo patamar. Ainda assim, a autoridade monetária diz que as incertezas econômicas permanecem elevadas. "A inflação recuou consideravelmente, mas está correndo um pouco acima do nosso objetivo", afirmou Jerome Powell, presidente do Fed, após a decisão. A inflação dos EUA acumulada nos 12 meses finalizados em maio é de 2,4%.
O comitê estará preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado, caso surjam riscos que possam impedir a consecução dos objetivos.
Comunicado do Fed
Políticas de Donald Trump ampliam os temores econômicos. Sem citar o nome do presidente, Powell afirmou que as ações anti-imigratórias e as tarifas sobre as importações abrem margem para um cenário desconhecido. "As mudanças para o comércio, a imigração, a fiscalização e as políticas regulatórias continuam evoluindo e os efeitos na economia seguem incertos", disse o presidente do BC dos EUA.
Os aumentos nas tarifas [de importação] são capazes de puxar os preços e afetar a atividade econômica. [...] Nosso objetivo é manter as expectativas de inflação a longo prazo bem ancoradas e nos prevenir de um movimento que resulte em um controle contínuo da inflação.
Jerome Powell, presidente do Fed
Juro dos Estados Unidos também é relevante para o Brasil. As eventuais quedas das taxas na economia norte-americana e em outros países desenvolvidos representam um cenário positivo para as economias emergentes, a exemplo do Brasil. O cenário tende a atrair maiores volumes de investimento às nações que oferecerem um maior retorno, apesar do risco mais elevado envolvido nas aplicações.
Decisão no Brasil sai após o fechamento do mercado. A sequência de seis avanços consecutivos levou a Selic a 14,75% ao ano, o maior patamar desde agosto de 2006. Para o veredito de hoje do Copom (Comitê de Política Monetária), o mercado está dividido entre as expectativas de manutenção ou nova alta dos juros básicos.
Inflação, emprego e atividade econômica motivam divergências. A discordância sobre a eventual necessidade de uma nova alta dos juros básicos no Brasil envolve a perda de força da inflação e da economia constatada por indicadores recentes. Por outro lado, a manutenção do mercado de trabalho aquecido e os estímulos fiscais do governo são vistos como estimulantes para o aumento da inflação.