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Três estrangeiras ganharam leilão para explorar petróleo na foz do Amazonas

Do UOL, em São Paulo (SP)

17/06/2025 19h07

Do leilão de novas áreas para exploração de petróleo na bacia da foz do rio Amazonas, realizado hoje, saíram como vencedoras a brasileira Petrobras e a americana ExxonMobil, parceiras em um consórcio que arrematou dez das 19 áreas concedidas, e a americana Chevron e a chinesa CNPC, sócias no consórcio que levou as outras nove.

Conheça a seguir essa nova fronteira de extração do combustível e as companhias estrangeiras que ganharam o direito de prospecção.

Áreas arrematadas

Área leiloada pela ANP da Foz do Amazonas - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Setor SPZA-AP2

Onde fica: Em alto-mar, entre a Baía de Naday, em Oiapoque, e a Ilha de Maracá
Área arrematada: 8.662,79 km²
Quem ganhou: 6 blocos foram arrematados pelo consórcio Chevron e CNPC; outros três, pelo consórcio Petrobras e ExxonMobil
Bônus pago: R$ 529 milhões

Setor SPZA-AP3
Onde fica: Em alto-mar, entre a Ilha de Maracá e a foz do rio Amazonas
Área arrematada: 6.111,51 km²
Quem ganhou: 5 blocos foram arrematados por ExxonMobil e Petrobras; outros três, pelo consórcio Chevron e CNPC
Bônus pago: R$ 305,2 milhões

Setor SPZA-AP4
Onde fica: Em alto-mar, entre a foz do rio Amazonas e a baía de Marajó
Área arrematada: 1.583,03 km²
Quem ganhou: consórcio Petrobras e ExxonMobil
Bônus pago: R$ 10,5 milhões

Não houve lances para o setor SPZA-AP1.

ExxonMobil

No Brasil, já tem participação em 17 blocos. Essas áreas ficam nas bacias de Campos, Santos e Sergipe-Alagoas.

A ExxonMobil é a segunda maior companhia de petróleo do mundo e a maior dos Estados Unidos. Hoje, vale mais de US$ 490 bilhões na Bolsa de Valores de Nova York. Assim como outras empresas do setor, a ExxonMobil vive os desafios de um mercado de petróleo instável, com preços em queda. Em 2024, a empresa teve lucro de US$ 33,7 bilhões, uma queda de 6,4% em relação a 2023.

A empresa tem enfrentado questionamentos de investidores que criticam os seus poucos investimentos em energia renovável. No ano passado, a ExxonMobil chegou a processar investidores ativistas por apresentarem uma proposta que pedia à empresa que priorizasse a redução de emissões de carbono. Também no ano passado, o estado da Califórnia e vários grupos ambientalistas processaram a ExxonMobil, sob a acusação de que a empresa ajudou a alimentar a poluição global por resíduos plásticos, ao divulgar informações falsas sobre as limitações da reciclagem do plástico.

Enquanto lida com essas acusações em seu país de origem, a ExxonMobil briga por espaço na exploração de petróleo na América do Sul. A companhia vive uma disputa com a também americana Chevron. Ambas reivindicam o direito sobre uma fatia de um enorme campo de petróleo na Guiana, o Stabroek, que tem reservas estimadas em 11 bilhões de barris. A arbitragem sobre o tema corre em Londres.

Chevron

No Brasil, a Chevron tem um portfólio com 17 blocos exploratórios do pré-sal, nas bacias de Campos e Pelotas. Opera ainda uma fábrica de aditivos para lubrificantes.

A Chevron é a segunda maior companhia petrolífera dos Estados Unidos e a terceira maior do mundo. Tem receita na casa dos US$ 200 bilhões. Em 2024, a empresa teve lucro de US$ 18 bilhões, queda de 17% em relação a 2023. Em fevereiro deste ano, anunciou que faria um corte de até 9 mil funcionários até 2026. Pouco depois, foi obrigada pelo governo de Donald Trump a encerrar suas operações na Venezuela.

Para a americana, a possibilidade de exploração de petróleo na Amazônia abre um novo flanco de atuação em combustíveis fósseis. Assim como outras gigantes, a Chevron vem reduzindo seus investimentos em energia renovável e se volta novamente para o velho petróleo.

Não é a primeira vez que a companhia explora petróleo na região amazônica. A Chevron já atuou na Amazônia equatoriana, o que rendeu à companhia uma barulhenta briga na Justiça. Comunidades locais acusam a empresa de contaminar o solo e a água. A Justiça do Equador chegou a condenar a companhia. Mas a empresa disse que as provas apresentadas eram fraudulentas e levou o caso para a Justiça americana, onde foi absolvida.

CNPC

A expansão da presença no Brasil é estratégica para a chinesa CNPC (China National Petroleum Corp) neste momento. A CNPC atua no país desde 2013, quando venceu a licitação para a exploração e desenvolvimento do bloco de Libra, na Bacia de Santos.

A CNPC é uma das maiores empresas estatais chinesas. Tem atuação nos setores de petróleo e gás e é a maior produtora de petróleo da Ásia. É a controladora da PetroChina, seu braço com capital aberto em Bolsa, cujo valor de mercado está na casa dos US$ 200 bilhões.

A empresa tem buscado ampliar sua presença global, em especial na América do Sul. O movimento ocorre à medida que o setor volta seu foco para petróleo e gás em meio à desaceleração da transição energética. Há, porém, alguns desafios geopolíticos, que não estavam na mesa algumas décadas atrás, quando a companhia iniciou a expansão de sua presença global. A guerra entre Rússia e Ucrânia e a escalada nas tensões com os Estados Unidos estão entre as dificuldades a serem vencidas pela estatal chinesa.