Três estrangeiras ganharam leilão para explorar petróleo na foz do Amazonas
Do leilão de novas áreas para exploração de petróleo na bacia da foz do rio Amazonas, realizado hoje, saíram como vencedoras a brasileira Petrobras e a americana ExxonMobil, parceiras em um consórcio que arrematou dez das 19 áreas concedidas, e a americana Chevron e a chinesa CNPC, sócias no consórcio que levou as outras nove.
Conheça a seguir essa nova fronteira de extração do combustível e as companhias estrangeiras que ganharam o direito de prospecção.
Áreas arrematadas
Setor SPZA-AP2
Onde fica: Em alto-mar, entre a Baía de Naday, em Oiapoque, e a Ilha de Maracá
Área arrematada: 8.662,79 km²
Quem ganhou: 6 blocos foram arrematados pelo consórcio Chevron e CNPC; outros três, pelo consórcio Petrobras e ExxonMobil
Bônus pago: R$ 529 milhões
Setor SPZA-AP3
Onde fica: Em alto-mar, entre a Ilha de Maracá e a foz do rio Amazonas
Área arrematada: 6.111,51 km²
Quem ganhou: 5 blocos foram arrematados por ExxonMobil e Petrobras; outros três, pelo consórcio Chevron e CNPC
Bônus pago: R$ 305,2 milhões
Setor SPZA-AP4
Onde fica: Em alto-mar, entre a foz do rio Amazonas e a baía de Marajó
Área arrematada: 1.583,03 km²
Quem ganhou: consórcio Petrobras e ExxonMobil
Bônus pago: R$ 10,5 milhões
Não houve lances para o setor SPZA-AP1.
ExxonMobil
No Brasil, já tem participação em 17 blocos. Essas áreas ficam nas bacias de Campos, Santos e Sergipe-Alagoas.
A ExxonMobil é a segunda maior companhia de petróleo do mundo e a maior dos Estados Unidos. Hoje, vale mais de US$ 490 bilhões na Bolsa de Valores de Nova York. Assim como outras empresas do setor, a ExxonMobil vive os desafios de um mercado de petróleo instável, com preços em queda. Em 2024, a empresa teve lucro de US$ 33,7 bilhões, uma queda de 6,4% em relação a 2023.
A empresa tem enfrentado questionamentos de investidores que criticam os seus poucos investimentos em energia renovável. No ano passado, a ExxonMobil chegou a processar investidores ativistas por apresentarem uma proposta que pedia à empresa que priorizasse a redução de emissões de carbono. Também no ano passado, o estado da Califórnia e vários grupos ambientalistas processaram a ExxonMobil, sob a acusação de que a empresa ajudou a alimentar a poluição global por resíduos plásticos, ao divulgar informações falsas sobre as limitações da reciclagem do plástico.
Enquanto lida com essas acusações em seu país de origem, a ExxonMobil briga por espaço na exploração de petróleo na América do Sul. A companhia vive uma disputa com a também americana Chevron. Ambas reivindicam o direito sobre uma fatia de um enorme campo de petróleo na Guiana, o Stabroek, que tem reservas estimadas em 11 bilhões de barris. A arbitragem sobre o tema corre em Londres.
Chevron
No Brasil, a Chevron tem um portfólio com 17 blocos exploratórios do pré-sal, nas bacias de Campos e Pelotas. Opera ainda uma fábrica de aditivos para lubrificantes.
A Chevron é a segunda maior companhia petrolífera dos Estados Unidos e a terceira maior do mundo. Tem receita na casa dos US$ 200 bilhões. Em 2024, a empresa teve lucro de US$ 18 bilhões, queda de 17% em relação a 2023. Em fevereiro deste ano, anunciou que faria um corte de até 9 mil funcionários até 2026. Pouco depois, foi obrigada pelo governo de Donald Trump a encerrar suas operações na Venezuela.
Para a americana, a possibilidade de exploração de petróleo na Amazônia abre um novo flanco de atuação em combustíveis fósseis. Assim como outras gigantes, a Chevron vem reduzindo seus investimentos em energia renovável e se volta novamente para o velho petróleo.
Não é a primeira vez que a companhia explora petróleo na região amazônica. A Chevron já atuou na Amazônia equatoriana, o que rendeu à companhia uma barulhenta briga na Justiça. Comunidades locais acusam a empresa de contaminar o solo e a água. A Justiça do Equador chegou a condenar a companhia. Mas a empresa disse que as provas apresentadas eram fraudulentas e levou o caso para a Justiça americana, onde foi absolvida.
CNPC
A expansão da presença no Brasil é estratégica para a chinesa CNPC (China National Petroleum Corp) neste momento. A CNPC atua no país desde 2013, quando venceu a licitação para a exploração e desenvolvimento do bloco de Libra, na Bacia de Santos.
A CNPC é uma das maiores empresas estatais chinesas. Tem atuação nos setores de petróleo e gás e é a maior produtora de petróleo da Ásia. É a controladora da PetroChina, seu braço com capital aberto em Bolsa, cujo valor de mercado está na casa dos US$ 200 bilhões.
A empresa tem buscado ampliar sua presença global, em especial na América do Sul. O movimento ocorre à medida que o setor volta seu foco para petróleo e gás em meio à desaceleração da transição energética. Há, porém, alguns desafios geopolíticos, que não estavam na mesa algumas décadas atrás, quando a companhia iniciou a expansão de sua presença global. A guerra entre Rússia e Ucrânia e a escalada nas tensões com os Estados Unidos estão entre as dificuldades a serem vencidas pela estatal chinesa.