CPMI do INSS parece moeda de troca para o Congresso, avalia economista
A criação da CPMI (Comissão Mista Parlamentar de Inquérito) para investigar as fraudes no INSS pode atrapalhar os planos do governo para avançar com a agenda econômica no Congresso, afirmou o economista Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV, em entrevista ao programa Poder e Mercado, do Canal UOL.
Acho que pode atrapalhar sim, aliás, um de vários obstáculos. É muito difícil, principalmente nessa pauta fiscal algum tipo de avanço significativo na segunda metade de qualquer governo. Isso aí, a experiência histórica mostra muito claramente. Pior ainda é o fato de que nós estamos em um ambiente extremamente polarizado. Então, se na segunda metade já é difícil de um mandato, tipicamente os ajustes fiscais são feitos em início de mandato, agora fica mais complicado ainda e a criação dessa CPMI me parece uma moeda a mais de troca para o Congresso e aqui tudo me parece que converge para a liberação das emendas.
Lauro Gonzalez, economista
O economista destacou que ministro Fernando Haddad tem feito um esforço político para o avanço da regra fiscal apesar de algumas medidas "atabalhoadas" no ministério da Fazenda.
Historicamente é difícil você falar de ajuste fiscal e promover ajuste fiscal, sobretudo em caráter estrutural e numa segunda metade de governo, isso posto me parece que o ministro Haddad tem feito um esforço político relevante para o avanço da regra fiscal, cumprimento da regra fiscal, é claro que podem ser feitas uma séria de críticas, a atuação, as medidas muitas vezes atabalhoadas da própria equipe, mas essencialmente existe um compromisso político.
Havia uma certa luz no fim do túnel, por assim dizer, há poucos dias, quando o Congresso, naquela famosa reunião que foi realizada domingo, pretensamente endereçaria, trouxe à tona o interesse para a surpresa de muitos, de atacar as causas estruturais do programa fiscal, inclusive com medidas que visavam diminuir os gastos tributários, mas isso durou muito pouco, isso rapidamente foi se transformando nesse cabo de guerra.
Aqui não se trata nem de dizer quem vai vencer o cabo de guerra, quem vai perder certamente é o país, e a saída para isso me parece um entendimento político em relação às emendas, o que é a paradoxal, porquê, na verdade, as decisões tomadas e o que o ministro Flávio Dino tem decidido lá no Supremo me parece simplesmente na linha de solicitar mais transparência e rastreabilidade nas medidas, quer dizer, não há nada contra as medidas, mas, na verdade, se trata de dar um caráter mais forte de governança e transparência e rastreabilidade para as medidas.
Lauro Gonzalez, economista
O Poder e Mercado é exibido terças e quintas, às 20h, com apresentação de Raquel Landim e comentários de Mariana Barbosa e Graciliano Rocha. O programa de política e economia chega para conectar os grandes temas do Congresso Nacional a seus impactos no mercado financeiro e no dia a dia das pessoas.
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