Brasil levará 28 dias para acabar com gripe aviária, estima ministério

O Brasil precisará de aproximadamente 28 dias para acabar com a gripe aviária a contar do início do plano de contenção, informou hoje ao UOL o Ministério da Agricultura e Pecuária.
O que aconteceu
O foco de gripe aviária deve acabar em meados de junho. O ministério estima 28 dias para concluir todas as medidas do plano de contenção da gripe, iniciado já na última quinta-feira (15), quando o governo confirmou o primeiro caso brasileiro de gripe aviária em uma granja comercial, em Montenegro, Rio Grande do Sul.
Após a identificação do caso, a propriedade foi isolada. Depois abater os animais, o governo decretou emergência sanitária por 60 dias e acionou o plano de contingência.
Os 28 dias passam a contar após todas medidas do plano de contingência executadas e debelada a doença.
Ministério da Agricultura e Pecuária
Os 28 dias também correspondem ao clico do vírus causador da gripe, o H5N1. Só depois desse período, e sem o registro de novos casos, o país voltará a exportar frango.
Grandes consumidores internacionais suspenderam as importações do Brasil. Foi o caso de Argentina, Canadá, China, Coreia do Sul e União Europeia.
A retomada plena das exportações vai demorar um pouco mais. O ministério espera que, ao final do foco de gripe aviária, os países importadores retomarão as compras paulatinamente. As granjas em Montenegro, no entanto, devem esperar mais tempo para voltar a exportar.
Além do surto em Montenegro, a gripe aviária matou cisnes no zoológico de Sapucaia do Sul, no mesmo estado.
Casos em investigação
O ministério investiga outros casos suspeitos de gripe aviária. Duas são granjas comerciais: uma em Aguiarnópolis, no Tocantins, e outra em Ipumirim, em Santa Catarina. Outras quatro suspeitas ocorrem em produções familiares de subsistência no Ceará, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Sergipe.
Três dos seis casos suspeitos de infecção foram descartados: Nova Brasilândia (MT), Gracho Cardoso (SE) e Triunfo (RS), todas as criações são de subsistência. Já os casos ainda investigados são em granjas comerciais em Tocantins e Santa Catarina, além de outra suspeita em produção de subsistência no Ceará e Instância Velha, no Rio Grande do Sul.
Cerca de 5% das suspeitas se confirmaram. Desde a chegada do vírus no Brasil, em maio de 2023, o foram confirmados 168 casos das 3.945 suspeitas, segundo o ministério:
- 1 foco de gripe aviária em granja comercial;
- 3 casos em criação doméstica;
- 164 em aves silvestres.
17 países
Dos 165 países para quem o Brasil exporta carne de frango, 17 interromperam a compra em todo o Brasil. Sete países comunicaram o país recentemente:
- México
- Coreia do Sul
- Chile
- Canadá
- Uruguai
- Malásia
- Argentina
Outros nove países e a União Europeia (com 27 nações) deixaram de comercializar com o Brasil por questão contratual. Ao contrário dos sete países anteriores, estes têm uma cláusula em acordo comercial com o Brasil que interrompe imediatamente o fornecimento de carne de qualquer região do país em caso de crise sanitária. São eles:
- China
- União Europeia
- Africa do Sul
- Rússia
- Peru
- República Dominicana
- Bolívia
- Marrocos
- Paquistão
- Siri Lanka
Como alguns países restringiram a importação de aves apenas do RS, o ministro disse que deseja mais acordos assim. A ideia é que os novos tratados comerciais restrinjam as exportações apenas regionalmente. O Japão, por exemplo, manteve as importações de frango de outras regiões brasileiras. "Buscamos revisar os protocolos para regionalização [das restrições]", afirmou Fávaro. "Quando a gente conseguir mostrar a força do sistema brasileiro, que não sairá da região de foco, será um ativo para propor a regionalização aos países que ainda não regionalizaram."
Humanos em risco?
Essa gripe aviária não oferece risco aos humanos. O consumo de carnes e ovos pode ser feito normalmente. Também não há estudos que comprovem que os trabalhadores do ramo que tiveram contato com as aves contaminadas possam transmitir a doença para outras pessoas.
O caso de gripe aviária registrado agora é o primeiro na avicultura comercial no Brasil. A circulação do vírus ocorre desde 2006, principalmente na Ásia, na África e no norte da Europa, diz o ministério.