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Gripe aviária: frango pode ficar mais barato com embargos às exportações

Fernando Moraes/UOL
Imagem: Fernando Moraes/UOL

Alexandre Novais Garcia

Do UOL, em São Paulo (SP)

16/05/2025 16h06

Proteína com presença garantida na refeição dos brasileiros, o frango pode chegar mais barato até a mesa das famílias nos próximos meses. O movimento tende a ser originado pelo aumento da disponibilidade interna da proteína com os embargos às exportações impostos pela China e pela União Europeia, principais consumidores do frango nacional.

O que aconteceu

Gripe aviária restringe exportações de frango brasileiro. A detecção em uma granja no Rio Grande do Sul resultou no banimento das compras da proteína nacional pela China e a União Europeia. Outros países impuseram restrições pontuais. Apesar de se tratar de um caso isolado, o decreto chinês é válido por 60 dias para todas as vendas de frango destinadas ao país asiático.

China é o principal destino da carne de frango brasileira. Somente no mês de abril, as exportações da proteína para Pequim totalizaram 51,9 mil toneladas, mostra relatório da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal). O valor corresponde a 10,9% da comercialização de 475,9 mil toneladas de frango para o exterior no mês passado. A Europa aparece em seguida, com 5,63% do consumo (28,6 mil toneladas).

Preços

Embargos abrem espaço para alívio dos preços no Brasil. Com a maior disponibilidade de frango em território nacional, os produtos e derivados tendem a chegar com um valor menos salgado até a mesa das famílias brasileiras nos próximos meses. "A produção de frango estava programada para uma demanda maior, o que vai, repentinamente, diminuir e contribuir para a redução de preços devido ao excesso de oferta no curto prazo", diz José Ronaldo Castro, professor de economia do Ibmec.

Se esse caso realmente permanecer isolado e não houver disseminação para outras granjas, a oferta interna de frango no mercado brasileiro deve aumentar, o que pode beneficiar o consumidor com a redução dos preços nas prateleiras.
Adenauer Rockenmeyer, delegado do Corecon-SP

Efeito cascata sobre o preço de proteínas substitutas. Diante do aumento da oferta e a eventual queda de preço do frango, outras carnes também podem ter os preços ajustados ao consumidor final. "Com a redução do preço do frango, tende a haver uma redução da demanda dos substitutos mais baratos, como a carne de porco, que pode acompanhar a queda de preço com a preferência maior pelo frango", diz Castro. No caso da carne bovina, o efeito vale para os cortes mais baratos, com preços mais próximos ao do frango.

Gripe aviária

Emergência sanitária é decretada pelo prazo de 60 dias. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirma que o governo atua para inibir novos contágios. "Toda a região está em alerta, para a gente poder, o mais rápido possível, voltar ao estado normal e reestabelecer a comercialização [de frango] com todos os países do mundo", disse, em entrevista à CNN.

Alastramento dos casos de gripe é ponto de preocupação. Adenauer Rockenmeyer, delegado do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia de São Paulo), afirma que a disseminação do contágio tem potencial para um efeito adverso sobre a inflação devido à necessidade do abatimento das aves. "Nesse cenário, os preços podem se manter estáveis ou até aumentar, dependendo da gravidade da situação", explica ele.

Inflação da proteína supera o índice oficial de preços. As altas do frango inteiro (+9,16%) e do frango em pedaços (+12,21%) no acumulado dos últimos 12 meses são superiores à variação de 5,53% do IPCA (Índice Oficial de Preços ao Consumidor Amplo) no período. Nos quatro primeiros meses de 2025, os produtos ficaram 3,26% e 5,59% mais caros, respectivamente.

Consumo doméstico

Gripe aviária não é transmitida a partir do consumo. "Não há risco no consumo, o risco é para quem manuseia essas aves", garantiu o ministro Fávaro. Ele orienta, no entanto, que a população não consuma ovos e frangos sem cozimento. "É recomendável não consumir carne de frango e ovos crus, até por outras doenças, como, por exemplo, Salmonella", disse.

Em nota, ministério também tranquiliza a população. No documento que confirma a detecção do vírus da influenza aviária, a Agricultura garante que não será restrito o consumo de produtos já inspecionados. "O risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas", afirma o texto.

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