O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, jogou um verdadeiro balde de água fria nas expectativas de queda da taxa de juros no Brasil com suas declarações durante a exposição no Safra Macro Day 2025, afirmou a apresentadora Amanda Klein na edição de hoje do Mercado Aberto.
Se havia alguma esperança no governo, mesmo no Ministério da Fazenda, que a escalada da guerra comercial produziria um ambiente desinflacionário no Brasil, com a queda dos preços das commodities, que realmente está acontecendo um pouquinho, queda do dólar também, e isso abriria espaço para eventual queda da taxa de juros, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, jogou um balde de água fria nessas expectativas.
Ele disse que ainda há a necessidade de dar o devido tempo para que a política monetária tenha efeito. Nas palavras dele, fizemos um grande esforço para avançar no terreno contracionista e precisamos garantir agora que a política monetária esteja fazendo efeito desejado.
Amanda Klein
De acordo com o presidente do BC, há preocupação com a inflação nacional, que está "rodando acima da meta" e com as expectativas desancoradas.
Ele ressaltou que o Copom ainda está muito incomodado com a desancoragem das expectativas inflacionárias e que o comunicado da última reunião, que fala em pelo menos mais uma alta, de menor magnitude, ou seja, algo abaixo de 1%, um pouco percentual, está atual.
As declarações do diretor Diogo Guillen, semana passada no evento em Washington, falando em cautela e flexibilidade, foram interpretadas por parte do mercado como uma porta aberta para quem sabe uma alta mais moderada da Selic, talvez até uma queda daqui a alguns meses.
Mas, ontem, Galípolo tratou de esclarecer que não é nada disso. Ele corrigiu a rota dos juros futuros que estavam precificando taxas menores desde a fala de Guillen. Números são números e, para esse efeito, a inflação está rodando ainda em 5,49% em 12 meses, segundo o IPCA 15 da sexta passada, bem acima do teto da meta de 4,5%.
Amanda Klein
Para a apresentadora, enquanto o Banco Central continua cauteloso ao anunciar seus próximos movimentos, a expectativa do mercado é que a Selic ainda está longe do fim do ciclo de alta.
E a economia também continua bastante aquecida, com o mercado de trabalho em pleno emprego. Paulo Gala, que é economista-chefe do Master, afirma que a Selic deve ficar alta por um bom tempo. A ideia do Copom, segundo ele, é esperar para ver, até porque o PIB cresce a 2%. É bastante.
Álvaro Frasson, do BTG Pactual, vê a Selic chegar a até 15% ao ano, com mais uma alta de meio ponto na próxima reunião, seguida de mais outra, de 0,25%, e ainda pondera talvez devesse ser até maior.
Diante da incerteza, o BC se compromete com a cautela, sem anunciar os seus próximos movimentos. Não anuncia pelo menos mais um, mas sem se comprometer com nada além disso.
Amanda Klein
O Mercado Aberto vai ao ar de segunda a sexta-feira no UOL às 8h, com apresentação de Amanda Klein, antecipando os principais movimentos do mercado financeiro.
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