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Haddad: 'Brasil tem tudo para crescer, mesmo com turbulências geopolíticas'

Mateus Bonami/AGIF/Estadão Conteúdo
Imagem: Mateus Bonami/AGIF/Estadão Conteúdo

Alexandre Novais Garcia

Do UOL, em São Paulo (SP)

28/04/2025 09h30

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo federal mantém as perspectivas positivas para o crescimento da economia, mesmo com as recentes "turbulências geopolíticas".

O que Haddad falou

Haddad prevê manutenção do avanço do PIB nacional. O ministro da Fazenda afirma estar otimista com o crescimento econômico do Brasil, mesmo diante das recentes adversidades globais. "Estamos falando de um cenário no qual o Brasil tem tudo para crescer, mesmo com as turbulências geopolíticas que estão acontecendo", disse em apresentação no Safra Macro Day 2025.

Ministro vê maior consumo das famílias e investimentos. Segundo Haddad, os dois componentes determinantes para o cálculo do PIB (Produto Interno Bruto) - soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país - serão determinantes para o avanço da economia. "Não precisamos de um impulso maior do que esse para crescer bem", afirmou.

Cenário idealizado representaria a redução dos gastos públicos. Para atingir o crescimento mais sustentável, Haddad defender a criação de instrumentos financeiros para baratear o crédito. "Nós podemos fazer um switch bom, com menos impulso fiscal em troca de mais investimento e mais consumo privado. Acho que esse é o caminho que está dado para a economia brasileira e a gente espera que continue assim", reforçou.

Tarifaço pode ser oportunidade para o Brasil

Ele aposta em oportunidades com o "tarifaço" de Trump. Na avaliação do ministro da Fazenda, as cobranças impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre as importações norte-americanas podem abrir espaço para o Brasil. "O que está acontecendo no mundo hoje representa uma oportunidade para o Brasil fazer valer a diplomacia comercial e obter vantagens importantes do ponto de vista de acordos bilaterais", disse Haddad.

O Brasil mantém canais de comunicação para acordos com a China, com a União Europeia e com os Estados Unidos. Isso não é de agora.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

Tarifas abrem espaço para "regionalização", diz Haddad. O ministro da Fazenda descarta a possibilidade de que as políticas defendidas por Trump resultem na proteção individualizada dos países. Ainda assim, ele avalia o avanço das políticas mais regionalizadas. "Se for essa tendência, eu penso que o Brasil poderia apoiar esse tipo de movimento, que pode nos favorecer pelo fato de representarmos metade da economia da América do Sul."

O grau de incerteza sobre qual vai ser o ponto de chegada dessa turbulência que foi causada ainda é grande. Você teve muitas idas e vindas até aqui num período de semanas. Então, nós temos que aguardar um pouquinho, ter prudência, eu diria.

O presidente tem muita autoridade junto aos Brics, muita autoridade junto ao G20, tem uma boa interlocução com líderes europeus. Enfim, nós felizmente temos uma pessoa na presidência que não tem portas fechadas e que não vai permitir que as portas se fechem para nós, porque entende o papel do Brasil no cenário global.

Responsabilidade fiscal depende dos três poderes

Haddad disse que os gastos do governo devem ser uma preocupação também do Legislativo e do Judiciário, não apenas do poder Executivo.

Acho ruim a responsabilidade fiscal ser uma atribuição exclusiva do Executivo, porque as medidas tomadas pelo Legislativo ou Judiciário podem ou não comprometer a agenda fiscal, muito mais do que o Executivo.

Ele também falou sobre transformar o equilíbrio fiscal em uma agenda perene para o país. "Nas conversas que mantemos com o presidente Barroso, do Supremo, (tentamos) mostrar como essa agenda depende de uma harmonia entre os poderes. O fato é, não pode depender de uma pessoa, não pode mais depender de um governo. Isso é o destino do país. Tem que se transformar numa agenda."

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