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Isenção do IR pode render um 14º a quem ganha até R$ 5 mil, diz Haddad

Arquivo - Ministro da Fazenda, Fernando Haddad  - Reprodução/BandNews TV
Arquivo - Ministro da Fazenda, Fernando Haddad Imagem: Reprodução/BandNews TV

Do UOL, em São Paulo

16/04/2025 17h56

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou hoje em entrevista ao programa "Sem Censura", da TV Brasil, que os trabalhadores que ganham até R$ 5 mil podem economizar anualmente o equivalente a um 14º salário se o Congresso aprovar o projeto de lei de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até essa faixa de renda.

O que aconteceu

Haddad afirmou que o texto tem o objetivo de distribuir renda. "Esse projeto tem o único fundamento: justiça social. Não queremos arrecadar um centavo a mais ou a menos", disse.

Para compensar a perda de cerca de R$ 30 bilhões, o governo quer cobrar mais IR de quem ganha R$ 1 milhão por ano. "Ele [que ganha mais de R$ 1 mi] não paga nem 10% de imposto de renda, contra um policial, uma professora, uma enfermeira que paga isso", comparou. Com a isenção, disse, algumas categorias profissionais poderiam economizar até um salário por ano.

Deixar de cobrar de uma professora primária, de escola pública, imposto de renda significará pra ela um 14º salário. É como se tivesse dando para essas pessoas um 14º salário.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda.

O ministro estima que 15 milhões serão beneficiados com a mudança na lei. Dez milhões, que ganham até R$ 5 mil, ficarão isentos, enquanto cinco milhões, que ganham entre R$ 5 mil e R$ 7 mil, pagarão menos imposto. "Estamos beneficiando 15 milhões de brasileiros e brasileiras diretamente (...) Indiretamente, é o Brasil inteiro que ganha porque justiça social melhora a sociedade inteira."

Poucos brasileiros seriam afetados pelo aumento da cobrança no IR. "Descobrimos 141 mil brasileiros (...) que têm uma renda superior a R$ 600 mil, mas estamos pegando quem tem R$ 1 milhão de renda anual e não paga nem 10% de imposto de renda, uma alíquota que um professor, um policial paga."

Ele esclareceu, no entanto, que a cobrança dos "superricos" será proporcional. "Se ele [o milionário] já pagar 2% [de IR], vai pagar 8% a mais. Ele vai completar o que já paga [até atingir 10%]. O cara que paga 11%, a lei não afeta", disse. "É o que faltar para 10%."

A tabela de IR não muda para quem ganha mais de R$ 7 mil. "Vamos arrecadar menos de quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil e não vamos arrecadar de quem ganha até R$ 5 mil. Dali pra frente não muda a tabela atual", disse.

Só que tenho de compensar essa renúncia, e aí entra os 10% de mínimo para quem ganha R$ 1 milhão.
Fernando Haddad, ministro

Congresso vai aprovar?

O ministro disse que o projeto criou "um constrangimento moral no país". "O que está errado nesse projeto? Dá pra melhorar? Tem ideia melhor? Até agora não apareceu. O Ministério da Fazenda é zero arrogante. Se tiver ideia melhor, somos o primeiro a bancar", afirmou. "Nem fake News [sobre o projeto] eles [oposição] estão conseguindo fazer."

Haddad espera que a discussão do texto ganhe força no Legislativo depois do feriado de Páscoa. "Acho que vai ser difícil [o Congresso] não aprovar", afirmou.

Apesar do otimismo do ministro, nem todos concordam com ele. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), já disse em entrevistas que não há clima para elevar tributação sobre quem quer que seja. A bancada do PL, a maior da Câmara, já avisou que será contrária à taxação de milionários.

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