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Preço do petróleo já caiu 17% este ano. Quando queda chega aos postos?

Gasolina não é reajustada desde 8 de julho, quando houve alta foi de R$ 0,20 (ou 7,11%) para as distribuidoras. - Divulgação
Gasolina não é reajustada desde 8 de julho, quando houve alta foi de R$ 0,20 (ou 7,11%) para as distribuidoras. Imagem: Divulgação

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL

15/04/2025 14h30

Desde o começo do ano, os preços internacionais do petróleo já chegaram a cair 17%. E podem baixar ainda mais.

A previsão do banco americano Goldman Sachs é a de que os preços do petróleo do tipo Brent (o da Petrobras) podem cair para a faixa de US$ 40 em 2026. Hoje, está em torno de US$ 64.

O que está acontecendo?

O maior problema é o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A implementação das tarifas deixa mais caras várias cadeias de produção de muitos artigos, de carros a medicamentos. Também afeta a exportação de países como Brasil. "Com a escalada das tarifas, os mercados estão prevendo recessão e uma desaceleração da economia global. O consumo cai e isso força os preços do petróleo para baixo", explica Ian Lopes, especialista da Valor Investimentos.

Juntos, o PIB (Produto Interno Bruto) chinês e o americano são 40% do PIB mundial. "Essas são as duas principais economias do mundo e também os dois principais consumidores de petróleo no mundo. Então, um embate direto econômico e comercial entre essas duas economias acaba resultando em uma expectativa de forte queda da demanda pelas refinarias", diz Bruno Cordeiro Santos, analista de inteligência de mercado da Stone X.

Quanto os preços já caíram?

As cotações do barril são uma previsão do preço no futuro, geralmente em 12 meses. Se a cotação de hoje, por exemplo, for de US$ 64, isso quer dizer que em um ano o barril estaria sendo vendido a esse valor.

Por isso as cotações de agora já precificam a recessão que o tarifaço pode provocar. Isso fica claro nos preços diários dos contratos futuros.

O barril do tipo Brent, o que é o exportado pela Petrobras (PETR3 e PETR4), começou o ano valendo US$ 75,93. Chegou a subir um pouco até a posse de Trump, em 20 de janeiro, para US$ 78,70.

Mas logo depois do anúncio do tarifaço, na noite do dia 2 de abril, os preços despencaram. Em 3 de abril, a cotação chegou a US$ 65,58.

O menor valor foi registrado em 7 de abril, a R$ 62,82 — uma queda de 17% em relação ao valor de 1º de janeiro. Hoje, o barril estava sendo negociado a US$ 64,67.

Por que não houve mudança nos postos ainda?

A política de preços de combustíveis da Petrobras não leva mais em conta apenas os preços internacionais do petróleo. Isso vigorou de 2016 a 2023. Mas a paridade internacional não levava em conta — como é agora, a produção nacional e a cotação do dólar frente ao real. Com isso, oscilações do preço internacional demoram mais para afetar o mercado nacional e só são aplicadas quando se tornam mais estáveis.

Atualmente, os preços da gasolina e do diesel da Petrobras estão entre 4% e 8%, respectivamente, acima do valor internacional. O cálculo é do Itaú BBA.

Mas já está na hora de uma queda acontecer. Foi o que disse à imprensa hoje a presidente da Petrobras, Magda Chambriard. A executiva ressaltou, no entanto, que é preciso calma, e que o assunto ainda está sendo discutido dentro da companhia.

O último reajuste foi só para o diesel e aconteceu em 1º de abril. A gasolina não é reajustada desde 8 de julho, quando houve alta foi de R$ 0,20 (ou 7,11%) para as distribuidoras.

Os preços internacionais devem cair mais?

Sim, segundo o Goldman Sachs. "Em um cenário de desaceleração econômica global ou de reversão completa dos cortes voluntários de 2,2 milhões de barris por dia (BPD) da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, denominados em conjunto Opep+, os preços do petróleo Brent provavelmente cairiam para a faixa de US$ 40 em 2026 e, potencialmente, para abaixo de US$ 40 em um cenário combinado extremo", afirmou o banco.

A Opep+ vinha segurando a produção até agora para forçar os preços para cima. Mas no começo do mês de abril, a organização tomou uma decisão inesperada, anunciando um aumento de 411 mil barris de petróleo por dia a partir de maio. Se isso acontecer, os preços devem despencar mais ainda. "Com a colocação das tarifas e a maior rapidez na recomposição da oferta por parte da Opep, vimos os preços acelerando o momento negativo", diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

Mas esta semana, entretanto, a organização cortou em 10% a previsão de crescimento da demanda por petróleo em 2025. A entidade reduziu de 1,45 milhão de barris por dia para 1,3 milhão. "A economia global mostrou uma tendência de crescimento constante no início do ano, mas a dinâmica recente do comércio introduziu maior incerteza para a perspectiva de crescimento econômico global de curto prazo", disse a Opep no relatório.

Qual o reflexo disso na Bolsa?

O preço de mercado das empresas petroleiras vem caindo. A Brava (BRAV3), que resultou da fusão entre a 3R Petroleum e a Enauta, tem a maior queda no ano, com baixa de 26,74%. PetroReconcavo desvalorizou 16,72%. As ações da Petrobras já cairam 13,75%, no caso de PETR3 e 12,32% para PETR4. Por fim, PetroRio (PRIO3) teve baixa de 15,77%. Os números são da Economatica e levam em conta o intervalo de 2 de janeiro a 14 de abril.

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